NO
QUE VAI DAR ISSO AÍ?
*Percival
Puggina
Não
sou nenhuma
celebridade, nem
gostaria de
ser. Mas
volta e
meia alguém
me pára
na rua.
Felizmente não
querem autógrafos.
Querem saber
no que
vai dar
isso aí.
A pergunta
se refere
a essa
coisa em
que transformaram
o Brasil.
Minha resposta
acaba sendo
comprida. Então,
doravante, para
simplificar as
coisas, passarei
a responder
por escrito.
Andarei com
a resposta
no bolso.
O
Brasil está
no olho
de um
furacão e
não toma
conhecimento. Como
nunca antes
neste país
os problemas
são graves
e têm
efeitos cumulativos.
Mencionarei apenas
os principais,
relacionando-os à
nossa posição
no contexto
mundial: a)
estamos em
88º lugar
no ranking
da educação
básica e
no 66º
da educação
superior; b)
este ano,
pela primeira
vez, entramos
na lista
das 50
economias mais
competitivas, com
um modestíssimo
48º lugar;
c) nossas
péssimas instituições
nos deixam
no 79º
lugar em
relação ao
quesito qualidade
das instituições
nacionais; d)
ocupamos o
99º lugar
no ranking
da liberdade
de imprensa;
e) somos
o país
lanterna do
BRIC quanto
ao número
de registro
de patentes
nos Estados
Unidos (apenas
7% do
total obtido
pela China
no ano
passado); f)
ocupamos o
84º posto
entre 187
países no
ranking do
desenvolvimento humano
(IDH); g)
somos o
69º país
mais corrupto,
com uma
vergonhosa nota
pouco superior
a três.
Junto com
a proverbial
impunidade, os
sucessivos casos
de corrupção,
na novilíngua
oficial, viraram
"malfeitos" -
assim como
se fossem
travessuras de
gente grande.
Não
bastasse isso,
2012 foi
um ano
perdido. Nossa
economia cresceu
uma ninharia,
pouco mais
de um
por cento,
índice que
nos coloca
em penúltimo
lugar entre
os 20
países ibero-americanos.
Como consolação,
ganhamos do
Paraguai. As
tarefas centrais
de qualquer
governo -
Educação, Saúde,
Segurança e
Infraestrutura -
vão de
mal a
pior. Um
governo desses
só pode
ser bem
pontuado distribuindo
dinheiro para
os pobres
e para
os ricos,
e mandando
a conta
para a
classe média.
Dos primeiros
vêm os
votos; dos
segundos a
grana.
A
alegria dos
criminosos brasileiros
é a
falta de
policiais e
presídios. Milhares
de condenados
operam livremente,
ora por
falta de
quem os
capture, ora porque não tem onde ficar detidos. Assim, convivemos com tenebrosa
sensação de
insegurança. E
o governo
aplicou, até
o mês
de novembro
de 2012,
apenas um
por cento
do que
estava previsto
no orçamento
federal para
construção de
estabelecimentos penais.
Aliás, em
relação ao
orçado para
investimentos neste
ano, o
governo da
União, em
todos seus
setores de
atuação, só
conseguiu usar
34%. Quanto
ao ano
de 2013,
é visível
que o
governo esgotou
os truques
para fazer
a economia
crescer à
base do
consumo interno:
baixou juros,
ampliou prazos
de financiamento,
concedeu substanciais
reduções de
IPI e
chamou à
sociedade ao
endividamento. Haverá
algo mais,
na cartola
das demagogias
oficiais, além
do nunca
feito dever
de casa?
Não
obstante tudo
isso e
muito mais,
o governo
e a
população não
têm tal
percepção. E
ninguém está
mais longe
de resolver
um problema
do que
quem sequer
sabe que
ele existe.
Os sucessivos
escândalos que
enxovalham o
momento histórico
e atingem
danosamente nossa
imagem internacional
parecem não
afetar as
figuras centrais
da república.
Os patifes
vivem à
vida regalada,
convictos da
perenidade do
regabofe em
que se
lambuzam.
Então,
as pessoas
me perguntam:
no que
vai dar
isso aí?
Minha resposta
é política.
Quem está
no poder
só sabe
fazer mais
do mesmo.
As expectativas
relacionadas a
uma possível
implosão do
núcleo duro
desse poder
dependem exclusivamente
da combinação
de dois
fatores: o
que vier
a acontecer
com a
imagem de
Lula junto
à opinião
pública e
dos rumos
que forem
tomados pela
economia. Se,
contrariando todas
as probabilidades,
a galinha
que voou
em meados
da década
passada, sair
por aí
planando como
um falcão,
continuaremos
com mais
do mesmo.
O brasileiro,
com dinheiro
no bolso,
pouco quer
saber de
democracia e
de princípios
morais. Mas
nem a
economia, como
fator isolado,
será suficiente
para desconstruir
a imagem
do governo
se a
imagem de
Lula não
desabar.
E
Dilma? É
preciso compreender
que Dilma,
assim como
precisou de
Lula para
subir, precisará
de Lula
para descer.
Se e
quando a
imagem de
Lula desabar,
Dilma cai
junto. Fora
disso não
há salvação.
______________
*
Percival
Puggina
(67)
é
arquiteto,
empresário,
escritor,
titular
do
site
www.puggina.org,
articulista
de
Zero
Hora
e
de
dezenas
de
jornais
e
sites
no
país,
autor
de
Crônicas
contra
o
totalitarismo;
Cuba,
a
tragédia
da
utopia
e
Pombas
e
Gaviões.
Recebido por e-mail.
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