A MÁFIA
CUBANA DESVENDADA
Percival
Puggina*
Durante os Jogos Pan-Americanos de 2007, os boxeadores Erislandy Lara e
Guillermo Rigondeaux abandonaram a delegação cubana com o intuito de se tornarem
profissionais na Alemanha. Não foi uma fuga qualquer, dessas que acontecem quase
sempre que um grupo de atletas ou artistas daquele país viaja ao exterior. A
dupla era a joia da coroa cubana no Pan e o boxe divide com o baseball a
condição de esporte mais popular da Ilha. Por lá, ser bom boxeador significa
estar livre das aflições alimentares do comunismo. A notícia da fuga levou Fidel
a escrever um artigo no Granma declarando que "nos nocautearam com um golpe direto no queixo,
faturado com notas americanas". Duas
semanas após, os dois foram capturados numa praia de Araruama. Dado que atletas
cubanos no exterior têm seus passaportes retidos pelos comandos das delegações,
a dupla estava sem documentos e foi levada presa para a Polícia Federal em
Niterói.
Se fosse você a decidir, o que faria com ambos, nesse caso? O governo
brasileiro fez o contrário. Deportou-os imediatamente para Havana onde, nos
meses seguintes, comeram, em pequeníssimas porções, o pão que o diabo amassou. E
foi tudo que comeram. Tendo feito o oposto do que você e eu faríamos, nossas
autoridades, por eminentes porta-vozes, asseveraram que ambos estavam
arrependidos e que pediram para voltar aos afagos de Fidel. Era uma afirmação
tão verdadeira e tão sincera quanto qualquer "Me traíram!" de Lula. Tanto assim
que, meses após, ambos tornaram a escapar da Ilha. Hoje exercem sua atividade,
como cidadãos livres, nos grandes centros mundiais desse
esporte.
No mesmo ano de 2007, o criminoso italiano Cesare Battisti, comunista e
terrorista, ladrão e assassino, condenado em seu país por várias mortes, fugiu
da França onde estava refugiado. Havia risco de revogação do benefício, o que
determinaria sua extradição. Com documentos falsos, Battisti acertou na mosca
vindo para o Brasil petista, onde recebeu tratamento de companheiro. Iniciou-se
aqui uma longa discussão sobre seu destino. O que faria você, diante do pedido
de extradição formulado por país amigo em relação a um criminoso condenado em
várias instâncias? Principalmente se você fosse a autoridade que antes enviara
dois inocentes de volta para Cuba? Pois é, o governo brasileiro, enrolou,
enrolou e fez o oposto, contrariando, inclusive, a posição recomendada pelo
Conselho Nacional de Refugiados e a decisão do STF. Concedeu-lhe refúgio e criou
uma encrenca com a Itália. Battisti, hoje, trabalha na
CUT.
Temos, agora, o caso da cubana que abandonou o programa Mais Médicos e
está sob proteção da bancada federal do DEM. O que faria você? Acolheria o
pedido de uma mulher que rompeu o silêncio da omertá e revelou a máfia cubana
exportadora de médicos? Até quem conhece, como eu, a realidade daquele país e
sabe que é pura balela a "generosa solidariedade cubana", se surpreende com a
revelação da doutora Ramona. Ela provou ser contratada não pela Organização
Pan-Americana de Saúde (como se contava por aqui) mas por uma empresa, uma
Sociedade Anônima, criada em Cuba no ano de 2011, que abocanha 76% do valor pago
pelo Brasil. Quem são os sócios dessa tão lucrativa empresa? Nada foi
dito.
Por enquanto, tudo indica que o governo brasileiro, mais uma vez, fará o
contrário do que você e eu faríamos. O ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, já antecipou que fora do programa Mais Médicos ela terá seu visto de
permanência revogado, presumindo-se que o avião no qual deixará o Brasil terá
seu nariz apontado para o Caribe.
A mais insensível das criaturas humanas reconhecerá na situação dos
médicos cubanos atuando no Programa Mais Médicos uma condição de escravidão.
Quem se recusa a admiti-lo sonha com uma sociedade onde, em vez de o Estado
existir para as pessoas, as pessoas existem para o Estado. Por isso, num regime
comunista, um atleta é um atleta do Estado. Um médico é um médico do Estado. E
ambos têm que fazer o que o Estado lhes determine. Bom, isso a gente sabia. A
novidade é a máfia.
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* Percival Puggina (69) é arquiteto,
empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de
jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo
Pensar+.
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