A
DIGNIDADE
DA
PESSOA
HUMANA
*Percival
Puggina
Recentemente
tive oportunidade
de reapresentar
meu velho
repto. Estávamos
num programa
de debates.
Meus dois
interlocutores eram
materialistas. Não
apenas materialistas.
Adversários militantes
do Cristianismo
em geral
e da
Igreja Católica
em particular.
Embora o
tema do
programa não
fosse esse,
a conversa
acabou enveredando
por aí.
Lá pelas
tantas, surgiu-me
a oportunidade.
Falaram em
dignidade da
pessoa humana.
Perguntei, então,
a ambos,
lançando a
questão como
desafio: qual
o fundamento
da dignidade
da pessoa
humana?
É
uma questão
que coloca
o materialismo
e seus
adeptos num
beco sem
saída. Para
respondê-la, o
microfone correu
a mesa.
Falaram, falaram
e nem
de longe
trataram do
tema. Quando
retornou a
mim, chamei
a atenção
para o
fato de
que não
haviam me
dado qualquer
resposta. Mencionada
por materialistas,
a dignidade
da pessoa
humana é
mera retórica.
Ante
a provocação
que fiz,
um deles
saiu-se com
esta: "O
fundamento da
dignidade da
pessoa humana
é a
reciprocidade nas
relações". Ora,
salta aos
olhos que
a reciprocidade,
vale dizer,
a equidade
nas relações
e trocas
interpessoais e
sociais, pode
ser, em
alguns casos,
fundamento da
justiça, mas
nem de
longe serve
como alicerce
para a
dignidade do
ser humano.
Em determinadas
situações talvez
seja consequência
e, como
tal, não
pode ser
fundamento. Todos
aqueles que,
do nascimento
à morte,
vivem de
modo vegetativo,
têm, como
pessoas, dignidade
igual à
da mais
eminente celebridade
e à
da mais
justa e
generosa das
criaturas. E
em nada
podem, os
desvalidos em
si mesmos,
contribuir para
a tal
reciprocidade. Ademais,
exigir reciprocidade
pode ser,
em certos
casos, puro
egoísmo. Por
vezes, contudo,
a reciprocidade
(como critério
de justiça),
se fundamenta,
sim, na
dignidade da
pessoa humana.
E aquilo
que nela
se fundamenta
não lhe
pode servir,
também, como
fundamento.
Enfim,
a questão
que propus
é irrespondível
pelo materialismo.
Se tudo
é matéria,
instinto e
razão, o
ser humano
é apenas
o mais
complexo dos
animais. E
somente isso.
Resulta, assim,
meramente retórica
toda menção
que façam
à dignidade
humana. A
prova provada
me veio
logo após,
quando, tendo eu comentado a animalização conceitual da pessoa, quando vista apenas como ser material, meu intelocutor da ocasião afirmou que "os animais também
têm dignidade".
É ou
não é
uma rendição?
Homem e
bicho é
tudo a
mesma coisa?
Animais merecem
respeito, mas
a eminente
dignidade, fundamento
das melhores
constituições, que
a tem
é o
ser humano.
Há
muitos anos
proponho essa
questão em
debates e
ainda não
encontrei um
materialista que
fizesse a
respeito dela
qualquer afirmação
consistente. Falam
sobre direitos
humanos como
parte de
uma agenda
muito mais
ideológica do
que efetivamente
humana. O
humanismo sem
Deus é
um humanismo
desumano, reafirmou
recentemente Bento
XVI na
encíclica Caritas
in Veritate.
Com efeito,
somente o
revelado à
tradição judaico-cristã
satisfaz como
resposta à
questão contida
no primeiro
parágrafo deste
artigo. É
por isso
que nela
se fundamenta
toda uma
civilização e
o que
há de
melhor em
sua cultura:
o homem
é imagem
e semelhança
de Deus,
e objeto
de Seu
amor.
______________
*
Percival
Puggina
(68)
é
arquiteto,
empresário,
escritor,
titular
do
site
www.puggina.org,
articulista
de
Zero
Hora
e
de
dezenas
de
jornais
e
sites
no
país,
autor
de
Crônicas
contra
o
totalitarismo;
Cuba,
a
tragédia
da
utopia
e
Pombas
e
Gaviões.
Recebido por e-mail.
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