quarta-feira, 29 de janeiro de 2014




O Papel do Clube Militar na Vida Política Nacional

Cel José Gobbo Ferreira – Janeiro de 2014



No período entre 24 e 26 de julho de 1995, o Secretário da Defesa dos EEUU , William J. Perry 
recebeu em  Williamsburg, os Ministros de Defesa dos países das Américas. Essa reunião, 
chamada “Consenso de Williamsburg”, modificou dramaticamente a distribuição de poder 
entre as FFAA brasileiras e o sistema político civil.

Entre os resultados da reunião, denominados “Os Princípios de Williamsburg” havia a seguinte 
resolução:


      •   Affirm the commitments of our countries in Miami and Managua that 
          our Armed Forces should be subordinate to democratically controlled authority, 
          act within the bounds of national Constitutions, and respect human rights through 
          training and practice.  



Seu resultado imediato foi a criação das figuras do Ministro da Defesa (civil) e do Chefe do 
Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA). Isso implicou em que dois escalões 
de comando foram interpostos entre os Comandantes das Forças Singulares e o Presidente 
da República, Comandante-em-Chefe das FFAA. 


O esvaziamento do prestígio e da autoridade desses Chefes foi muito grande. Hoje, suas decisões 
passam antes por aqueles dois crivos. Sua postura ante qualquer decisão vinda dos escalões 
superiores enfrenta a ascendência hierárquica daquelas autoridades. As aspirações da tropa 
devem ser submetidas ao julgamento daqueles dois comandantes antes de chegar ao 
Comandante-em-Chefe. Para se ter uma ideia, concreta e chocante, do que isso significa, 
se a Força fosse representada por um Batalhão, seu Comandante ocuparia o comando de 
uma Subunidade!
Acresça-se a isso que os militares não tem o direito de se sindicalizar, de fazer greves ou 
qualquer outro movimento reivindicatório. Somente o Clube Militar reúne as condições de 
representa-los em suas demandas.


O Clube Militar, fundado no Rio de Janeiro em 26 de junho de 1887, representou um papel 
determinante nos movimentos da Abolição da Escravatura e da Proclamação da República. 
Com todos os méritos, constituiu-se na Casa da República e vem desempenhando esse papel 
e o de representante da Classe Militar desde aqueles tempos, com altos e baixos em sua atuação.


De 1907 a 1915 destacou-se, com Olavo Bilac, na luta pela instituição do Serviço Militar 
Obrigatório. Em 1935 esteve decididamente ao lado do Governo no combate aos covardes 
comunistas fratricidas.

Durante a década de 50 e até a contrarrevolução de 1964, transformou-se no palco das mais 
acirradas disputas e de decididas tomadas de posição com relação à situação política do país, 
sempre alerta na defesa de sua preciosa pupila, a República.

Naquele tempo seu Presidente era sempre um Oficial-General da Ativa, o que lhe conferia 
um enorme poder de fogo nas decisões políticas nacionais.

Passado o 31 de março de 1964, uma das providências do novo regime foi esvaziar o poder do 
Clube Militar, não somente para evitar possíveis dissensões internas quanto ao rumo político 
que deveria tomar o país, mas também porque, com uma visão extremamente otimista, 
acreditavam os Chefes de então que uma ação política por parte do Clube se tornara desnecessária, 
uma vez que a Nação havia sido posta nos eixos e deles não deveria mais se afastar. Ledo engano!

Em consequência, o Clube foi pouco a pouco se transformando em uma agremiação de lazer 
para militares e civis na sede da Lagoa e promotor de exposições recreativas e bailes de gala 
como aquele da Ilha Fiscal, na sede Central, manifestando-se apenas tímida e esporadicamente 
sobre a conjuntura política nacional.

Enquanto isso, o foro de São Paulo inoculava sua peçonha em todo o tecido político nacional, 
já apodrecido pelo PT.

É absolutamente indispensável que, no campo político, o Clube Militar reconsidere sua posição 
e se consagre decididamente à luta contra esse estado de coisas.

A Diretoria que deve ser eleita neste ano tem que estar completamente consciente dessa necessidade, 
inteiramente ciente das responsabilidades e dos esforços implicados nessa decisão e perfeitamente 
preparada e competente para assumi-los.

Os Comandantes das Forças Singulares estão exilados do poder. Cabe ao Clube Militar preencher 
esse vácuo e, no que estiver ao seu alcance, fazer aquilo que está fora do alcance deles. Deve 
submeter ao ridículo os esforços para desprestigiar as FFAA, como a comissão da calúnia, o acordo 
de solução amistosa, a revirada dos mortos em seus túmulos, a troca de nomes honrados e veneráveis 
por outros salpicados da lama da traição à Pátria, e esmagar essas manobras sempre que possível.

Fazer tudo isso e muito mais, tendo como princípio pétreo a certeza que a harmonia entre os 
companheiros militares, da Reserva e da Ativa, e o segmento civil da sociedade, é a fonte e o 
sustento de sua força.

É esse o ponto de vista da Chapa Monte Castelo e é essa a responsabilidade que chamaremos a nós 
se o Colégio Eleitoral do Clube nos escolher para fazê-lo.

Visite nosso site: www.monte-castelo.org




 Confirmar os compromissos de nossos países em Miami e Manágua 
de que nossas Forças Armadas devam estar subordinadas à autoridade 
democraticamente controlada, agir dentro dos limites das Constituições 
nacionais, e respeitar direitos humanos por meio de treinamento e prática.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014




        ROLEZINHO E PRECONCEITO

Percival Puggina*


          Honestamente, devo reconhecer: tenho um preconceito. Os rolezinhos me ajudaram a percebê-lo. Para ampla maioria, a moda de invadir shoppings é mais uma das tantas perturbações da ordem mediante ações coletivas que ocorrem no Brasil. Viés oposto, para ampla minoria, tais perturbações são veneráveis expressões de honoráveis movimentos sociais. Voto com a maioria, mas isso não é preconceito. É simples constatação. O meu preconceito aparecerá adiante.

          A massa dos rolezinhos está nessa para zoar. Não passa pela cabeça dos jovens a ideia de estarem decapitando Maria Antonieta ou restaurando a República nestes tempos nada republicanos. No entanto, como em todas as mobilizações desse tipo, há alguém mexendo cordéis para que elas aconteçam. Diariamente, jovens entram e saem dos shoppings, Brasil afora, sem qualquer restrição de circulação. E não chegam às centenas, numa determinada hora, em determinado lugar, sem prévia e bem concebida articulação. Existem peritos nessas coisas. Perguntem ao ministro Gilberto Carvalho que ele explica como é que se faz.

          Meu recém descoberto preconceito aparece ante o que vem depois da invasão. Ele se ouriça com aqueles que, tão logo os fatos ocorrem, deitam falação sobre apartheid social, racismo, segregação, consumismo, desalmado capitalismo e, claro, preconceito. Com sua vigarice intelectual, essas pessoas despertam em mim, como diria Roberto Jefferson, sentimentos primitivos. Constroem ódios para fazerem política. Entram em dispneia numa atmosfera sem conflito. Então, para produzir luta de classe onde não há, concebem analogias idiotas como esta, que ouvi: "Aconteceria a mesma coisa se fossem centenas de senhoras com bolsas Louis Vuitton?".  Ou ainda: "Ah! Se fossem músicos de orquestra para surpreender com um recital seriam recebidos sob aplausos". É claro que seriam recebidos sob aplausos! As pessoas distinguem, sem canseira mental, um espetáculo de uma invasão. Ora bolas! Meu preconceito vai contra os que têm esse delírio de ver preconceito na mais límpida normalidade. Explicam a reprovação aos rolezinhos com frases assim - "É a velha suspeição que, no Brasil, incide sobre quem é pobre, pardo ou preto". Ora, pessoas de todas as condições sociais circulam nos estabelecimentos desse tipo. Lojistas promovem custosas campanhas publicitárias para seduzir seus variados públicos. Disputam-nos entre si com concorrência de preços e de prazos de pagamento. Aliás, tanto os lojistas se interessam em atrair as populações de baixa renda que preferem vender-lhes a prazo para que periodicamente retornem às suas vitrinas e balcões.

          Nestes últimos dias, os ideólogos do preconceito entraram em prontidão. No Planalto aconteceu uma reunião de emergência que superou, no interesse das autoridades, até mesmo a chacina no Maranhão. Foi aí que aflorou, ainda mais nitidamente, meu preconceito contra essa mistificação intelectual, de motivação política e ideológica. Experimente, leitor, organizar um rolezinho no Palácio Piratini. Basta um pequeno grupo de pessoas de qualquer cor, pêlo e extrato social, se reunir na esquina da praça para que um pelotão policial, pronto para combate, aflore das entranhas palacianas e se poste diante do prédio em atitude defensiva. E olhe que o Piratini é um bem público! Já o shopping é um negócio privado, uma empresa comercial para centenas de outros negócios e local de trabalho para milhares de comerciários.

          Note mais: os que mexem os cordéis dos rolezinhos e os que saem em sua defesa remam o mesmo barco. São estrategistas da destruição, atuantes em todos os setores da vida nacional. Rolezinho, no fundo, é peça do jogo de poder.

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* Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.


A CHAPA MONTE CASTELO - ELEIÇÕES NO CLUBE MILITAR


Detalhes:   


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O Blog Liberdade apoia a chapa "Monte Castelo" e sua proposta de união da sociedade, em torno dos reais valores da nacionalidade brasileira.