segunda-feira, 30 de julho de 2012




COTAS RACIAIS - UMA IDEIA ELITISTA

Percival Puggina


A Universidade Federal do Rio Grande do Sul avaliou o desempenho acadêmico dos alunos cotistas e não cotistas e concluiu, segundo matéria de Zero Hora em 25 deste mês, que "os cotistas negros apresentam índices consideravelmente piores". Para cada aluno admitido pelo ingresso universal em 2008, com desempenho insuficiente, há 2,4 cotistas negros na mesma situação. Em percentuais, o mau desempenho é de 14,8% no sistema geral e de 34,8% entre os autodeclarados negros.

Tal informação contradiz o que ouvi em sucessivos debates ao longo dos últimos anos, segundo os quais tudo ia muito bem, graças a Deus. Não havia diferença entre cotistas e não cotistas. Sabe-se agora que há, sim, como seria previsível. A universidade não serve - e não deve, mesmo, servir - para suprir deficiências na escolaridade anterior de seus alunos.

As desigualdades sociais em meio às quais vivemos excedem, em muito, o tolerável, mesmo se considerarmos que há uma efetiva desigualdade natural entre os indivíduos. Nosso índice Gini (que mede a distribuição da renda nos países) é comparável ao das sociedades com desenvolvimento mais retardado. Chega a ser um disparate alguém observar o Brasil nessa perspectiva e deduzir que o mal está no acesso às universidades públicas. Não está! É na base do sistema de ensino, no bê-á-bá da cadeia produtiva da Educação, que ele se aloja e opera.

Só os gênios que comandam a Educação nacional não sabem que na vida real, na vida do mau emprego, do subemprego e do desemprego, no mundo do trabalho árduo e do salário baixo, para cada graduado de cor negra que recebe seu diploma no último andar do sistema, dezenas de crianças estão entrando pelo térreo para padecer as mesmas deficiências que inspiraram a ideia das cotas. Atrás do conta-gotas racial percebido nos atos de formatura, há uma hidrelétrica de alunos negros e pobres, recebendo o precário tipo de educação que a nação fornece a seus alunos pobres e negros. E ninguém vê isso? De nada nos servem os tantos bons exemplos de outros povos que superaram desigualdades internas maiores do que as nossas e emergiram como potências no cenário industrial e tecnológico, através de um bom sistema de ensino, do trabalho e do mérito?

Ademais, o próprio STF, ao contrário do que vem sendo repetido equivocadamente, deixou implícito que o sistema de cotas raciais é inconstitucional. "O quê?" perguntará espantado o leitor. "Mas não foi exatamente o contrário?". Estive bem atento durante toda a sessão em que o STF admitiu o sistema. Percebi que os ministros falaram muito mais sobre Sociologia, História do Brasil, Antropologia e Política do que sobre a Constituição. Nesse particular, nesse pequeno detalhe, seguiram o voto do relator, ministro Lewandowski. Quanto a este, era inevitável que, em algum momento, abrisse a Carta da República e topasse ali com coisas como a igualdade de todos perante a lei e com o preceito (quase universal no mundo civilizado) de que ninguém será discriminado, entre outras coisas, por motivo de raça. Como saiu o ministro dessa enrascada? Afirmou que um sistema de cotas raciais precisa ser transitório, temporário, devendo viger até que desapareça a situação que lhe deu causa. Não sendo assim, seria inconstitucional. Ora, isso significa que o conta-gotas funcionará até que esvazie a hidrelétrica. O preceito da não discriminação persiste, mas perde vigência por prazo impreciso, embora não infinito. Ah! Se isso não é um truque na cartola do politicamente correto, então vou ter que pedir para voltar à universidade por um sistema de cotas para deficientes mentais. E mais: doravante, pelas letras da mesma oratória, todo concurso para magistratura, todo certame intelectual ou cultural, toda prova de habilitação que não previr cotas raciais será provisoriamente inconstitucional. Arre, STF!

O Brasil importa técnicos e trabalhadores qualificados de nível médio porque não oferece esse tipo de formação aos seus jovens! Enquanto isso, as políticas de desenvolvimento social via universidade fazem o quê? Reproduzem a estúpida estrutura, tão do agrado da elite brasileira: um bacharelado, um canudo, um título de doutor, uma festa de formatura. E está resolvido o problema dos pobres. Até parece ideia de rico de novela.

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* Percival Puggina (67) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões

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terça-feira, 24 de julho de 2012



Reynaldo-BH: ‘Estou cansado de um Brasil que valoriza a ignorância e aceita que a mentira seja elevada a argumento’

REYNALDO ROCHA
Há dias que a solidão – de quem escolheu ser quase um ermitão – pesa mais que o normal. Passa do suportável ao cansativamente pesado. É minha escolha. Não reclamo. Mas dou-me o direito de questionar a minha escolha do modo de viver.
E talvez seja hora de assumir comportamentos que eu procuro esconder até de mim. O principal é que o Brasil cansa. Foi-me dado como pátria. E não a trocaria por outra, de modo racional. Mas estou cansado de por cá viver. Poderia viver em outros lugares no mundo. O que me faz permanecer por cá?
Cansaço deste país que é mais um ajuntamento que um projeto de nação. Mais um território sem identidade que um espaço de defesa de valores.
Um país em que a ignorância é valorizada. Em que a mentira é aceita e elevada a argumento. Como se houvesse contrapontos baseados na falácia conhecida e empunhada como postura de vida. Não há. Nunca houve.
É tão claro! Tão transparente. Resta-me cada vez mais me isolar. Ouvir meus discos, ler (e reler) meus clássicos e alguns instant books. Afundar na História. E desistir.
São quase 5 da manhã de uma quinta-feira qualquer de julho/2012.
E li e reli comentários de sites sobre a cassação de Demóstenes, sobre a crise econômica anunciada (e já presente), sobre as tentativas de reescrever fatos históricos, sobre a mais nova platitude de autoria de uma mulher que envergonha as verdadeiras brasileiras. E é a presidente deste país.
E assustei-me com a realidade comprovada da compra de estudantes, igrejas, associações de classe e sindicatos. Como a CUT. Nestes últimos 9 anos, o poder comprou consciências, sonhos e ideais. Precificou a honradez. Leiloou a honestidade. Envergonhou o Brasil frente ao mundo. Transformou instrumentos de lutas em luvas de pelica para carícias em sacos escrotais de poderosos. Elegeu imbecis sabujos como representantes de trabalhadores de chão-de-fábrica, como Vagner Freitas. Um bandido defendendo – publicamente – uma quadrilha. Em nome de valores que NUNCA teve.  E usando argumentos que se assemelham a palavrões quando proferidos por marginais, com “estado de direito” e “democracia”! Sinto o mau-hálito à distância! Fala de uma pretensa “guerra política”!
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Texto completo em:
                                
 http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/feira-livre/reynaldo-bh-estou-cansado-de-um-brasil-que-valoriza-a-ignorancia-e-aceita-que-a-mentira-seja-elevada-a-argumento/#.UASH_Zu8i44.gmail

Comento:
   Um texto excelente, um desabafo muito pertinente, que deixa um certo amargor na alma, uma enorme desesperança no país do futuro e a constatação do tempo e dos recursos desperdiçados. Superada a emoção, ainda resta a constatação que não estamos sozinhos na nossa avaliação da realidade, acima e apesar da mídia comprometida. Leiam o texto, amigos, é imperdível.




Um tiro na nuca da nação

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Guuilherme Fiuza

Carlinhos Cachoeira disse que vai à CPI quando quiser, porque a CPI é dele. Quase simultaneamente, um dos agentes federais que o investigaram é executado num cemitério, enquanto visitava o túmulo dos pais. Al Pacino e Marlon Brando não precisam entrar em cena para o país entender que há uma gangue atentando contra o Estado brasileiro. Em qualquer lugar supostamente civilizado, os dois tiros profissionais na nuca e na têmpora do policial Wilton Tapajós poriam sob suspeita, imediatamente, os investigados pela Operação Monte Carlo - alvos do agente assassinado. Mas no Brasil progressista é diferente.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se pronunciou sobre o crime. Declarou que "é leviano" fazer qualquer ligação entre a execução do policial federal e a operação da qual ele fazia parte. E mais não disse. Tapajós foi enterrado no lugar onde foi morto. Se fosse filme de máfia, iam dizer que esses roteiristas exageram. No enterro, alguém de bom-senso poderia ter soprado ao ouvido do ministro: dizer que é leviano suspeitar dos investigados pela vítima, excelência, é uma leviandade.

Mas ninguém fez isso, e nem poderia. O ministro da Justiça não foi ao enterro. Wilton Tapajós era subordinado ao seu ministério, atuava na principal investigação da Polícia Federal e foi executado em plena capital da República, mas José Eduardo Cardozo devia estar com a agenda cheia. (Talvez seja mais fácil desvendar o crime do que a agenda do ministro.) Por outro lado, o advogado de Cachoeira, investigado pelo agente assassinado, é antecessor de Cardozo no cargo de xerife do governo popular. Seria leviano contrariar o companheiro Thomaz Bastos.

Assim como o consultor Fernando Pimentel (ministro vegetativo do Desenvolvimento) e Fernando Haddad (o príncipe do Enem), Cardozo é militante político de Dilma Rousseff e ministro nas horas vagas. O projeto de permanência petista no poder é a prioridade de todos eles, daí os resultados nulos de suas pastas. Cardozo anunciara que ia se aposentar da política, e em seguida virou ministro. Lançou então seu ambicioso plano de espalhar UPPs pelo país e se aposentou (da função de cumpri-lo). Deixou de lado o abacaxi do plano nacional de segurança, que não dá voto a ninguém, e foi fazer política, que ninguém é de ferro. Para bater boca com a oposição e acusá-la de politizar a operação da PF, por exemplo, o ministro não se sente leviano.

Carlinhos Cachoeira era comparsa da Delta, a construtora queridinha do PAC. O bicheiro mandava e desmandava no Dnit, órgão que, além de acobertar as jogadas da Delta, intermediava doações para campanhas políticas, segundo seu ex-diretor Luiz Antonio Pagot. Entre essas campanhas estava a de Dilma Rousseff, da qual Cardozo fazia parte. O policial federal assassinado estava entre os homens que começaram a desmontar o esquema Cachoeira-Delta, e seus tentáculos palacianos. O mínimo que qualquer autoridade responsável deveria dizer é que um caçador da máfia foi eliminado de forma mafiosa. Mas o falante ministro da Justiça preferiu ficar neutro, como se a vítima fosse o sorveteiro da esquina. Haja neutralidade.

Montar golpes contra o Estado brasileiro é, cada vez mais, um crime que compensa. Especialmente se o golpe é montado dentro do próprio Estado, com os padrinhos certos. Exemplo: às vésperas do julgamento do mensalão, um conhecido agente do valerioduto acaba de ser inocentado, candidamente, à luz do dia.

Graças a uma providencial decisão do Tribunal de Contas da União - contrariando parecer técnico anterior do próprio TCU -, Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil que permitiu repasses milionários à agência de Marcos Valério, não deve mais nada a ninguém. Os famosos contratos fantasmas de publicidade, que permitiram o escoamento sistemático de dinheiro público para o caixa do PT, acabam de ser, por assim dizer, legalizados. Nesse ritmo, o Brasil ainda descobrirá que Lula tinha razão: o mensalão não existiu (e Marcos Valério se sacrificou por este país).

O melhor de tudo é que uma lavagem de reputação como essa acontece tranquilamente, sem nem uma vaia da arquibancada. No mesmo embalo ético, Delúbio Soares já mandou seu advogado gritar que ele é inocente e jamais subornou ninguém. O máximo que fez foi operar um pouquinho no caixa dois, o que, como já declarou o próprio Lula, todo mundo faz. Nesse clima geral de compreensão e tolerância, o ministro do Supremo Tribunal Federal que passou a vida advogando para o PT já dá sinais de que não vai se declarar impedido de julgar o mensalão. O Brasil progressista há de confiar no seu voto.

Esses ventos indulgentes naturalmente batem na cela de Cachoeira, que se enche de otimismo e fala grosso com a CPI. Se o esquema de Marcos Valério está repleto de inocentes, seria leviano deixar o bicheiro de fora dessa festa.

Guilherme Fiuza é jornalista.

Transcrito do "Alerta Total" : 

                          http://www.alertatotal.net/
 

quinta-feira, 12 de julho de 2012




UM LEITOR "CRISTÃO COMUNISTA".

Percival Puggina*

Pois eis que um leitor, desses que vai mensagem, vem mensagem, lá pelas tantas se declarou "defensor do comunismo cristão e da felicidade nele contida, apoiado na regra dos primeiros apóstolos". Ou seja, respaldado em quanto está dito no texto abaixo.

" A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava como próprias as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum. Com grandes sinais de poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. E os fiéis eram estimados por todos. Entre eles ninguém passava necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas, vendiam-nas, levavam o dinheiro, e o colocavam aos pés dos apóstolos. Depois, era distribuído conforme a necessidade de cada um." (Atos dos Apóstolos 4, 32-35)


Eu queria ter um real por vez que essa citação me foi feita por seguidores da tal teologia da libertação. De início, coisa de 40 anos já passados, essa interpretação era dita "leitura do Evangelho com chave marxista". Aos poucos, foi ganhando status de reflexão teológica. E acabou em inevitáveis apostasias e heresias. Mas isso é outra história. O que importa é entendermos a que se refere o texto em questão.

Perceber que estamos diante do relato de uma experiência não exige grande capacidade de análise. Basta saber ler. Trata-se, ademais, de uma experiência singular, que não se reproduziu em qualquer outra das comunidades de fiéis daquele período inicial do cristianismo. O episódio, uma vez mencionado, não retorna à pauta, permitindo presumir que terminou com o fim do estoque. Os estudiosos mais interessados na verdade do que na utilização das Escrituras para fins ideológicos e políticos entendem que aquele grupo inicial de cristãos estava convencido de que a volta de Jesus para o Juízo e para o fim dos tempos era coisa imediata. Provisões para o futuro não teriam, pois, serventia alguma.

O apóstolo Paulo nos socorre na compreensão daqueles primeiros momentos quando menciona que as "comunidades da Macedônia e da Acaia houveram por bem fazer uma coleta para os irmãos de Jerusalém que se acham em pobreza" (Rom 15,26). Referências a essas dificuldades se repetem aos Coríntios (2 Cor 9,7). Também a sentença do apóstolo - "Quem não trabalha que não coma" (2 Tes 3,10) - se relaciona com o fato e mostra que aquele "comunismo" favorecia ao ócio. Ou seja, as coisas já não iam muito bem por lá. Passara a haver necessidades e necessitados, ociosos e oportunistas.


Foi o que expus ao meu leitor fã do "comunismo cristão primitivo" sobre a perspectiva histórica. Na perspectiva doutrinária, acrescentei ser preciso muita imaginação para supor que, ante as circunstâncias daquele momento, a pequena comunidade dos cristãos de Jerusalém estivesse empenhada em propor à humanidade e aos milênios seguintes uma ordem econômica e social. Deduzi-lo do relato acima é pura sandice ideológica, com severos riscos de incorrer em farisaísmo se não for aplicado à vida concreta de quem o propõe aos demais. Em outras palavras, como aconselhei ao leitor: muito mais útil a ele aplicar pessoalmente o modelo de repartição que sugeria do que pôr-se a oferecê-lo aos povos e nações. Bastava-lhe reunir outros que pensassem assim, juntarem os respectivos trecos e partilharem tudo. Dado que discursos propondo comunismo ao mundo não faltam em parte alguma, não lhe seria difícil reunir parceiros para viverem segundo sua regra. Que ele e os que pensam como ele começassem dando o exemplo e partilhando o que lhes pertencia. Continuo esperando resposta.

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* Percival Puggina (67) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.


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A BÍBLIA E AS TRÊS REVELAÇÕES, SEM AS DOGMÁTICAS INTERPRETAÇÕES.

Revelação é a ação de tirar o véu (do latim “velum”) do que cobre o oculto. E lembremo-nos do que ensinou o Nazareno: Nada ficará oculto. Marcos (4: 22).
Jesus disse que tinha muitas coisas para ainda nos falar, mas que não o fazia, porque a humanidade da época não podia entendê-las, ficando elas, pois, para o futuro. (João 16: 12). E isso aconteceria quando viesse o Consolador prometido, chamado também de Espírito Santo, Paracleto e Espírito de Verdade. E, figuradamente, Paracleto significa também mentor e intercessor.
Os teólogos cristãos entenderam que a vinda desse Consolador ocorreu no episódio de Pentecostes, 50 dias após a Páscoa, ou seja, mais ou menos uns 10 dias depois que Jesus fez a promessa. (João 14: 16). Se o Consolador viria para complementar o ensino de Jesus, quando a humanidade estivesse mais preparada para isso, 10 dias são um tempo muito curto para tal. Segundo Jesus (João 14: 26), o Consolador nos ensinaria todas as coisas, as que Jesus disse e as que Ele não pode dizer. Mas do Pentecostes, não se conhece sequer uma palavra de “todas as coisas que nos seriam ensinadas”, que nos fariam lembrar-nos de “tudo” que Jesus nos ensinou, e nos “guiaria a toda a verdade”. (João 16: 13). Como, então, Pentecostes poderia ser o Consolador prometido? O que aconteceu foi um fenômeno mediúnico, que o Espiritismo e a Parapsicologia denominam de xenoglossia, isto é, a pessoa falar uma língua desconhecida por ela. Cada apóstolo falou em uma língua estrangeira, as quais foram entendidas pelos indivíduos que as falavam. Não foram os apóstolos que falaram, pois não conheciam as línguas estrangeiras empregadas no episódio mediúnico, mas os espíritos através deles. “Os espíritos dos profetas se subordinam aos próprios profetas.” E como se sabe, profeta na Bíblia é um indivíduo que tem dons mediúnicos ou espirituais (1 Coríntios 14: 37; e Samuel 9: 9). “Irmãos, examinai os espíritos...” (1 João 4:1). Agora, todo fenômeno mediúnico, como esse de Pentecostes, se deve a um só Espírito, que é Jesus, que comanda o nosso mundo. (1 Coríntios 12: 11).
Para Kardec, o Espírito Santo é uma plêiade de espíritos puros. Mas como todos nós temos o gérmen para sermos também, um dia, espíritos puros, segundo a própria doutrina espírita, podemos dizer que o Espírito Santo somos todos nós, embora o sejamos, por enquanto, apenas em estado potencial, ou seja, em forma de semente. E pela Bíblia, o Espírito Santo é também o conjunto dos espíritos. (Daniel 13: 45).
Para o espiritismo, há três grandes revelações. A primeira aconteceu com o Velho Testamento. A segunda com o Novo. E a terceira com a Doutrina Espírita, que personifica o Consolador prometido, que o Espírito Santo ou Deus para os teólogos, mas é o Espírito de Verdade que comandou os espíritos iluminados da Codificação feita por Kardec, a qual continua através de outros espíritos pela dádiva da mediunidade. Vossos filhos e vossas filhas profetizarão e vossos velhos sonharão. (Joel 3:1 ou na Bíblia Protestante 2: 28; Isaias 32: 15; e Atos 2: 17 da Bíblia Protestante).
Não é Deus que se manifestou e que os teólogos, no caso, chamam de Espírito Santo, pois pela Bíblia (João 16: 13), Ele não poderia falar por Ele mesmo, mas o que Ele tivesse ouvido! 
 
PS: 6º Congresso de Saúde e Espiritismo da Associação Médico-Espírita de MG e 8º da AME-Brasil, de 31-8 a 2-9-2012. Inscrições com Patrícia (31) 3332-5293 e www.ameng.com.br


Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO,  pode ser lida também no site www.otempo.com.br   Clicar “TODAS AS COLUNAS”. Podem ser feitos comentários abaixo da coluna. Ela está liberada para publicações. Ficarei grato pela citação nelas de meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, Ed. EBM (SP), “O Espiritismo Segundo a Bíblia”, Editora e Distribuidora de Livros Espíritas Chico Xavier, Santa Luzia (MG), “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP)  e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) –  www.literarium.com.br -  e meu e-mail: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail:  contato@editorachicoxavier.com.br    e o telefone: 0800-283-7147.

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Dádiva


 João Bosco Leal*

Em uma palestra que vi na internet, um fotógrafo revela como, durante quatro horas por dia e sete dias por semana, acompanhou fotograficamente uma flor desde seu nascimento, e como isso o fez perceber o quanto deveria ser grato por cada segundo vivido.
Enquanto falava, na parede atrás eram projetadas as imagens dos delicadíssimos movimentos das plantas, de gotas de águas que sobre elas caíram, o aparecimento de suas cores, a abertura de cada pétala até sua total exposição, amadurecimento, polinização por abelhas.
Lembrou sua plateia de que 80% de tudo o que sabemos chega ao nosso conhecimento através dos olhos, mas poucos são os que realmente enxergam o que olham à sua volta.
Com imagens e exemplos maravilhosos a palestra realmente chama a atenção para como, diariamente desprezando maravilhosos acontecimentos, passamos pela vida sem vivê-la e como somos ingratos por não estarmos constantemente agradecendo pela benção que é viver.
Quantas vezes ao acordar e começarmos um novo dia, olhamos para o sol nascendo e observamos a diferença de seus raios em relação ao dia anterior, o tempo mais aberto ou fechado, seco ou úmido, chovendo ou não, calor ou frio? Parece bobagem, mas jamais existiu ou existirá um momento como aquele, único, com milhares de variações de luminosidade, intensidade, umidade, cores e temperaturas.
O formato, a posição, as cores e a velocidade das nuvens variam milhões de vezes durante um único dia, e raras são as pessoas que em alguma oportunidade pensaram sobre isso, pois a maioria imagina que isso é uma enorme bobagem, que não existe nenhuma importância nesse fato.
Realmente, o formato das nuvens teoricamente em nada mudará sua vida, mas através de sua densidade, cor e velocidade é que a ciência consegue obter dados que, em conjunto com outras informações, permitem determinar a temperatura e as precipitações ou não nos próximos dias, o que influenciará significativamente o plantio, o desenvolvimento e a colheita de todos os alimentos que necessita para sua sobrevivência e comprova o quanto somos conectados e integrados a tudo o que está à nossa volta, principalmente a natureza.
Além das informações visuais, nosso cérebro recebe milhares de outras, de fontes diversas, como a diferença de temperatura climática, entre a água ou um objeto quente ou frio, o som do vento nas árvores ou o cheiro emanado da terra quando chove e a reação a qualquer dessas informações provoca um sentimento único, que faz com que em cada segundo de nossa vida tenhamos uma situação, história, que jamais se repetirá.
Nas observações feitas com os olhos e registradas em fotografias, podemos notar como o orvalho provocado por uma queda de água em um rio, nunca foi e jamais será igual, pois dependendo da intensidade do vento que o sopra, muda a cada instante, assim como o arco íris que jamais teve ou terá a mesma espessura, tamanho, tonalidade das cores ou estará no mesmo local.
Os olhos, as mais perfeitas máquinas fotográficas que existem, não utilizam filmes ou imagens digitais registradas em megapixels, mas exigem uma mente aberta para a recepção e processamento de suas informações, que serão entendidas de forma totalmente distintas por cada ser humano e, quando passamos a enxergar cada um desses detalhes, somos levados a refletir sobre aspectos que podem alterar significativamente nosso modo de ver e entender tudo o que vivemos.
Abra sua mente para as informações recebidas e perceba como, a cada segundo, deve ser grato pela maravilhosa dádiva que é sua vida.

 
*Jornalista, escritor e produtor rural

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domingo, 1 de julho de 2012


TRAMOIAS PETISTAS ORIENTAM O ITAMARATI

Percival Puggina


É nisso que dá confiar coisas sérias ao comando de moleques. O que aconteceu nessa vergonhosa reunião de Mendoza vai entrar para a história da diplomacia brasileira como coroamento de um período em que o Itamarati esteve a serviço das idiossincrasias ideológicas de um partido. Quanto descaramento! Numa mesma conferência do Mercosul, suspendeu-se o país-membro Paraguai (cujo senado vetava o ingresso da Venezuela no bloco) e admitiu-se como país-membro a Venezuela. Sai aquele como punição por haver afastado o camarada Lugo e acolhe-se este baluarte da democracia continental que é o camarada Chávez. Doravante, teremos o Mercosul acaudilhado, patrulhado por um Simón Bolívar de ópera bufa, inimigo figadal do livre comércio. Todos sabemos: não é a Venezuela nem são os venezuelanos que entram. Quem entra é Hugo Chávez.

Se existe área de ação do governo onde o PT faz o que bem entende é nas nossas relações internacionais. Não há gesto, declaração, evento, pacto que não reflita a nostalgia dos tempos de política estudantil daqueles que hoje comandam o país. Quando as coisas não vão tão mal, as estratégias parecem secundaristas; quando é para nos rachar a cara de vergonha, o estilo piora e lembra conchavos e bastidores de congresso da UNE.

O Itamarati vem sendo dirigido como braço da Secretaria de Relações Internacionais do PT, a serviço de seus alinhamentos automáticos. Colocamo-nos - é a nação que vai junto - ao lado de qualquer Estado ou organização política que puxe para a canhota e chute o balde de tudo que esteja do outro lado. Quando essas coisas começaram, já vai para dez anos, pareciam arroubos de aprendizes entusiasmados. Hoje, tais comportamentos institucionalizaram-se. Nossas relações internacionais deixaram de ser questões de Estado para se tornarem assuntos do governo (o que já seria grave) conduzidas pelos gostos e desgostos da sigla dirigente. Política internacional não é assunto para partido.

O que afirmo nada tem a ver com meus sentimentos em relação ao petismo. Não se trata, aqui, de simpatia ou antipatia. É a política externa brasileira que não pode ficar sujeita às antipatias e simpatias da legenda governante, ora essa! Mesmo no contexto da maçaroca institucional que fazemos ao fundir Estado e governo, entregando-os a uma mesma pessoa, o aparelhamento partidário e a instrumentalização ideológica do Itamarati nunca fizeram parte da nossa tradição.

Agora, constrangidos, vemos nosso país prestar-se para a patacoada de Mendoza, onde voltamos a intervir em questão interna de uma nação do bloco; onde proclamamos que a camaradagem com Lugo é mais sólida do que nossa amizade e parceria com o povo paraguaio; e onde evidenciamos que a suspensão do Paraguai foi uma tramoia a serviço não do Mercosul, mas do PT, da Unasul, do Foro de São Paulo e dos delírios chavistas.

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* Percival Puggina (67) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.


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