sexta-feira, 26 de outubro de 2012




Defesa Aérea da Amazônia.




Entrevista do Major Brigadeiro do Ar Perez - comandante do Sétimo Comando Aéreo Regional - responsável pela defesa aérea da Amazônia.


segunda-feira, 22 de outubro de 2012






PRIVATIZAÇÃO DO ESTADO PELO PARTIDO

Percival Puggina*

Óscar Naranjo Trujillo chefiou durante cinco anos a polícia colombiana. Sob seu comando, durante as presidências de Uribe e de Calderón, foram obtidos grandes avanços na construção da segurança interna - Bogotá tornou-se uma cidade invejavelmente segura - e no enfraquecimento das Farc, às quais impôs derrotas e perdas a que não estavam habituadas. Suas estratégias para reverter o quadro de insegurança de seu país foram repetidas vezes citadas no Brasil como modelo a ser adotado aqui. Em maio deste ano, tendo conquistado sua quarta estrela como general e completado 35 anos de carreira, ele renunciou ao cargo, passou para a reserva e foi contratado como assessor de segurança pelo presidente do México, Peña Nieto.

No dia 29 do mês passado ele concedeu uma longa entrevista ao jornal El País. Em certo ponto, indagado sobre quais as primeiras providências a serem adotadas para diminuir a violência, respondeu: "... la primera es que las políticas de seguridad deben ser de Estado y no de partido, para que se genere un consenso nacional". Oba!, exclamei, ao ler essa pequena frase, quase um detalhe no conjunto da matéria. Olha alguém, ainda que fora do Brasil, reconhecendo que o partido e o Estado são entes distintos. Vencida essa etapa, fica mais fácil perceber que o Estado, por ser permanente e de todos, não pode ter partido. Partido quem tem é o governo. Por isso, assume com prazo de validade definido.

mais de 30 anos venho apontando o desrespeito a essa regra como um dos cânceres que enfermam nossas instituições. E poucas coisas têm ficado tão evidentes nas longas sessões de julgamento dos réus do mensalão (AP-470) quanto a relação entre essa fusão e as tramoias em que os acusados se envolveram. Como em nosso país, quem governa, eleito por um partido, também chefia o Estado, resulta inevitável que o aparelho estatal passe a ser visto como parte do estoque de bens da legenda governante e seus aliados. É por esse robusto liame, por exemplo, que as universidades federais (patrimônio de toda a nação, independentemente de raça, credo, sexo, etc.) passam a ser usadas como instrumento das estratégias, gostos e ideologia da sigla de quem arrebatou a faixa presidencial. É por aí, também, que o partido começa a estender olhares voluptuosos sobre os recursos das muitas tesourarias que controla. E atrás do olho vai a mão, grande e cobiçosa, buscar meios para seus projetos de poder.

Essa é uma forma de privatização que a esquerda não nem que lhe seja pingada nos olhos como colírio: a privatização do Estado pelo partido. Embora os crimes de prevaricação não sejam atributo específico de legenda alguma, cravar fronteiras rígidas entre o partido e o Estado, barrando seu aparelhamento, não serve a quem tem pretensões totalizantes. É que, com mensalão ou sem mensalão, com condenação ou sem condenação, a nossa vaca vai sendo levada para onde você sabe. O assunto de que trato aqui não é um detalhe. Aquilo que Óscar Naranjo constatou como necessário ao México na questão da segurança não é diferente do que se requer para tudo na América Ibérica, submetida a uma coletiva irracionalidade institucional que não leva jeito para produzir democracias de qualidade razoável, conduzidas com respeito ao patrimônio público.

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* Percival Puggina (67) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Recebido por e-mail.


DESCONTAMINAÇÃO DO SOLO DA REFINARIA DE MANGUINHOS LEVARIA 5 ANOS E CUSTARIA R$ 200 MILHÕES!
 

(dep. LPC ROCHA) 1. A decisão do governador Sérgio Cabral, de construir um bairro popular na área da Refinaria de Manguinhos parece ter sido precipitada. O anuncio foi feito antes da realização de estudos técnicos de viabilidade do projeto, apesar de se tratar de um terreno altamente contaminado. O caminho deveria ser inverso. Primeiro você faz todos os estudos de viabilidade para depois decidir sobre a desapropriação.
     
2. O secretário do Ambiente, Carlos Minc, já admitiu que a descontaminação da área deve demorar cerca de cinco anos, além de custar até R$ 200 milhões.  Localizada à margem da Avenida Brasil, na Zona Norte do Rio, a Refinaria de Manguinhos foi erguida em 1954 sobre uma área de mangue.



Transcrito do Ex-Blog do César Maia de 22 de outubro.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012



A NOVELA "MENSALÃO"

  Percival Puggina


   Aproximamo-nos dos últimos capítulos da novela "Mensalão", uma das poucas grandes obras da dramaturgia brasileira, encenada para tevê, que não foi mostrada nas telas da Globo. A novela rodou seus capítulos no até então obscuro canal da TV Justiça. Como convém às mais sadias exibições públicas, tudo parece apontar para uma consagradora vitória do bem sobre o mal. As patifarias, as maquinações, os fingimentos, foram, aos poucos, sendo descobertos. A maligna trama, que conspirou contra nossa democracia e contra os valores republicanos, foi aflorando do script e compondo um tecido lógico de participações, motivações e ações.

   Foi uma novela diferente. Muito diferente. Observe que o elenco principal jamais foi visto em cena. Trata-se, portanto, de uma concepção inovadora, digna de Nelson Rodrigues! Uma novela conduzida de tal forma que os personagens reais, malgrado terem sido objeto de todos os capítulos, cada qual tendo seu próprio rol e rolo desfiado ante os olhos do público, em momento algum se fizeram visíveis. Mais notável ainda: à medida em que a urdidura era desvelada e caminhava para seu grand finale, foi ganhando forma, por trás do numeroso grupo de personagens, a figura central do drama - o ator sem atuar, o motivador silencioso de toda a obra. Mesmo inominado no roteiro, mesmo envolto num véu de silêncios infinitos, ainda assim ele explode no centro da trama como parte de um processo de elaboração mental do próprio telespectador. E todos nós, sem exceção, se de repente nos fosse pedido, hoje, para indicar o nome do cara por trás dos caras, não divergiríamos quanto ao seu nome, ao seu apelido e ao seu sobrenome. É ou não coisa para se aplaudir de pé, jogando flores ao palco?

   Acertam-se, agora, os lances finais. Afere-se, na balança de Têmis, o peso das culpas. Os personagens pagarão por seus erros. Carregarão sobre si o encargo adicional de saberem que alguém, maior do que todos eles, está em casa, tomando uma cervejinha e assistindo a novela pela tevê. Tenho certeza de que o leitor destas linhas, ao compreender o quanto foi prodigiosa a novela que assistiu nos últimos meses, deve estar se perguntando: "Por que a colocas no nível de Nelson Rodrigues? Por que não Shakespeare?". Respondo: os personagens canalhas de Nelson Rodrigues foram insuperável. Não nada assim em Shakespeare. A novela do Mensalão, leitores, enquanto exibe a aparência de produzir uma redentora vitória do bem sobre o mal, oculta uma segura vitória do mal sobre o bem. Em algum lugar do país, o cara por trás dos caras afirma que a novela não existiu e ri do drama vivido pelos que foram apanhados nas largas malhas com que nossas instituições capturam peixes!

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* Percival Puggina (67) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Recebido por e-mail.