domingo, 31 de março de 2013



O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA ... QUEM DIRIA!

*Percival Puggina


          Não é que o CFM decidiu recomendar ao Senado Federal a ampliação dos casos em que o abortamento não é punido? Tais excepcionalidades, propôs o Conselho, passariam a abranger, também, os realizados em gestações que não tenham alcançado o 12º semana.

          Quer dizer, doutores, que até o 12º semana o feto é coisa descartável, que se extrai como uma verruga ou um fecaloma? Sabiam que o anteprojeto para o novo Código Penal, que os senhores querem estragar ainda mais, pretende pôr na cadeia por até quatro anos quem modificar um ninho de ave? Sabiam que existem leis no Brasil que impõem sanções a quem meter a mão no ambiente natural onde determinadas espécies se reproduzem ou cuidam de seus filhotes? Um canto de mato, uma beira de lagoa, um trecho de praia, funcionam como úteros da natureza e ganham proteção legal. Em contrapartida, na ótica dos médicos do CFM, o nascituro, o humano nascituro porque outra natureza jamais lhe advirá, este pode ser, no útero materno, objeto de suas tesouras e aspiradores. Foram necessários, segundo li, dois anos de doutas confabulações para que os membros do CFM chegassem a tamanho despropósito.

          Certa feita, num programa de tevê, debatia-se sobre legalização do aborto. Participava do debate um conhecido médico de Porto Alegre que defendia a tese ora aprovada pelo Conselho de sua categoria. Num dado momento, pedi ao mediador que exibisse as fotos da menina Amillia Taylor, nascida com 284 gramas de peso num aborto espontâneo. Perguntei então ao médico se ele seria capaz de arrancar aquele ser aos pedaços do útero da mãe. O médico olhou-me com constrangimento e, diante das câmaras, viu-se obrigado a  ser sincero - "Eu não!".

          O que mais me estarreceu, nesta manifestação do CFM, foi que, pelas palavras do seu presidente, o órgão "defende a plena autonomia da mulher de levar uma gestação adiante". Credo! Essa sequer é uma lógica médica, mas jusfilosófica, e de péssima vertente. Lógica de lobo. Quero porque quero. Atribuíram à mulher uma concepção abusiva do direito de propriedade - "faço o que bem me apraz com o que me pertence, doa em quem doer". Raros liberais afirmariam isso com igual convicção porque contradiz elementares noções de justiça. No caso do abortamento voluntário, o que antes era precária filosofia, vira puro sofisma: se o corpo da mulher a ela pertence, o do feto pertence ao feto porque ele é um inteiramente outro. E na maior parte dos casos até nome próprio já tem.

          "O sistema nervoso central ainda não se formou, na 12ª semana de gravidez", prosseguiu o doutor presidente procurando justificar o injustificável. É verdade, doutor, o sistema nervoso central não se formou, mas outros órgãos já funcionam, o coração já bate há muito tempo e está na natureza do feto que todos os demais venham a aparecer. Uma semana depois, na 13ª, já se pode saber se ele é do sexo masculino ou feminino.

          Remover do CD player, aos primeiros acordes da 9ª Sinfonia de Beethoven, o CD em que foi gravada, não autoriza afirmar que a fascinante composição não esteja ali, inteira e bela, até os últimos acordes.

_____________
* Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Recebido por e-mail. 

 

quinta-feira, 28 de março de 2013



CONTRARREVOLUÇÃO DE 64: CUMPRIMENTO 
CONSTITUCIONAL DO DEVER

Aileda de Mattos Oliveira*

Ao obstruírem o direito que é facultado a todos os cidadãos, por força de lei, de respirarem uma democracia oxigenada na total liberdade de manifestação, independente de cor política; ao imporem impedimentos às Forças Armadas de comemorarem as suas mais caras datas simbólicas, fica atestada, publicamente, a forma autoritária de governo dos que temem, dos que estão inseguros de sua força de persuasão no seio da grande massa, permeável, é certo, porém, muito mais propensa à diversão do que à doutrinação.
Esqueceram-se de que há uma considerável parcela da sociedade de sã memória, de valores incontestáveis, e que reviverá, sempre, as datas consagradas aos movimentos de libertação da Nação Brasileira, os quais a impediram de transformar-se num gigantesco satélite do totalitarismo vermelho.
Apesar dos párias políticos que pululam em todos os setores do governo e que, prazerosamente, se abastecem do dinheiro público; apesar de esses párias escolherem como alvo de suas perseguições instituições altamente credenciadas, permanecem elas silenciosas, mas vigilantes, no cumprimento do dever e na fidelidade ao Estado Brasileiro. Entidades, rígida e disciplinarmente constituídas, seguidoras da Lei Maior, quanto à segurança e à defesa do país, irrompem nos momentos em que o comportamento anárquico dos incentivadores da desorganização do regime põe em perigo a estabilidade do ainda inconsistente sistema republicano brasileiro.
A parte da sociedade que não se deixa submeter às distorções doutrinárias há que comemorar, há que exaltar a data em que foi desestruturado mais um desses movimentos traiçoeiros de implantar no Brasil a ingovernabilidade com objetivos de impor um regime, cujas diretrizes vinham sendo traçadas e determinadas, de fora, pelo totalitarismo estrangeiro, alimentado por ideologias incompatíveis com as mais caras tradições brasileiras. Há que comemorar, há que exaltar o dia 31 de Março de 1964, quando os militares sustentaram a pesada carga que lhes caiu sobre os ombros, em nome da integridade do Estado Brasileiro, de seu patrimônio cultural, de sua História, escrita por homens de distintas etnias, e que não poderia sofrer os arranhões da histeria vermelha.
Há quarenta e nove anos, povo, imprensa e outras instituições não esperaram o desastre acontecer e clamaram pela presença das Forças Armadas e deram a elas irrestrito apoio para que o país retornasse ao estado de direito, mantivesse intacto o patrimônio público e privado, ameaçado pela turba insana, dirigida por líderes negativos, dispostos a restringir a liberdade de seus opositores e das instituições, liberdade duramente conquistada pela FEB, nos campos da Itália, na Segunda Guerra Mundial.
Hoje, hipócritas, escorregadios, povo, imprensa e outras instituições, todos carregando o imbecil epíteto de “sociedade civil”, dependentes do erário, seja pelos benefícios financeiros da publicidade governamental, seja pelo assistencialismo mantenedor da ignorância popular, seja, ainda, pela compra de identidade de órgãos carnavalescos, já dominados pelos tentáculos da torpe política de inseminação ideológica, que lhes determina o enredo a ser desenvolvido num carnaval de arranjos e manobras ocultas [1]. Todos iconoclastas, a serviço do niilismo que domina a alma (será que eles a têm?) dos que, por atavismo, regrediram a um estágio de degradação moral.
Há, sim, que comemorar a grande data nacional, quando os militares, em cumprimento constitucional do dever, mais uma vez, enfrentaram outra geração de renegados, de complexados elementos que, por acaso, aqui nasceram, mas sempre estiveram a serviço de caudilhos estrangeiros e a eles submetidos, reduzindo-se a serviçais seguidores de uma doentia doutrina secretora de viscosa retórica de subversão da lógica natural.
Torna-se, pois, a Contrarrevolução de 64 um marco histórico, momento crucial em que os militares, RESOLUTAMENTE, abraçaram o Brasil, impedindo-o de que fosse tragado pelo lamaçal pútrido de ideias já ensanguentadas pela vermelhidão da bandeira alienígena.
A “sociedade civil”, presa fácil em razão das facilidades que lhe concedem os governantes; fantoche da política rasa que lhe proporciona contínuos direitos, sem exigência de deveres; fingindo que não vê as rachaduras nas leis penais que instituem o crime como norma; essa dócil “sociedade civil”, gado manso que segue o cheiro das bolsas, das cotas, do dinheiro público, em direção ao curral prisional de suas consciências, quando a última porteira se fechar atrás de si, clamará, tardiamente, pela presença dos militares, relegados, agora, por essa tropa de mulas que não deve, em hipótese alguma, ser chamada ‘povo’.
Quarenta e nove anos se passaram, mas os vermes criados em laboratórios doutrinários robusteceram-se e ameaçam, novamente, o equilíbrio nacional, com a sua devastadora gana de poder e de destruição. Eis a razão para que se mantenham vivas as lembranças dos lastimáveis fatos que levaram à confrontação os Defensores Constitucionais do Brasil e os traidores que desejavam destruí-lo, títeres de governos totalitários, controladores de seus destinos.
Eis a razão para que não se permita o esquecimento, a negação, a ignorância dos verdadeiros motivos que determinaram a Contrarrevolução de 64, pois o Tempo é História, nele está registrado esse momento de grandes lutas, em favor de um país livre dessa mancha vermelha que tenta, no seu retorno, cobrir a terra brasileira, torná-la estéril de valores humanísticos para mais facilmente dominá-la. Rápida é a destruição de um país; vagaroso é o seu desenvolvimento por aqueles que o desprezam e pretendem transformá-lo numa cópia de certo Estado sul-americano, cujas Forças Armadas, dizem as notícias, já estão sob o comando de militares do mesmo credo político, mas de outra bandeira.
Que as sucessivas gerações de militares façam permanecer o dia 31 de Março de 64 como símbolo da reação das Forças Armadas Brasileiras, que cumpriram o seu dever, de acordo com a Constituição vigente, e mantiveram-se fiéis na defesa do Brasil contra a invasão estrangeira, representada por sub-brasileiros, usados por velhacos tiranos que lhes abastardaram o raciocínio pelo enfraquecimento da resistência psicológica, a fim de torná-los cativos da degenerativa doutrina comuno-gramscista.
[1] Uma agremiação carnavalesca fez da imagem de Che Guevara o símbolo de sua escola nos instrumentos e camisas.
(*Dr.ª em Língua Portuguesa, membro da Academia Brasileira de Defesa, articulista do Jornal Inconfidência).

Recebido por e-mail.

Comento:
      Em outra oportunidade, dei o meu testemunho pessoal sobre os acontecimentos que antecederam o 31 de março de 1964, vividos na tumultuada cidade do Rio de Janeiro. Agitadores e desordeiros criaram um clima de desorganização social e econômica insuportável para as pessoas honestas e trabalhadoras desta cidade, culminando com a reação da maioria esmagadora da sociedade  brasileira.
            Agora , eu prefiro transcrever parte de um e-mail de uma pessoa, fora do eixo Rio-São Paulo, sobre o período seguinte ao Movimento Democrático de 1964:

      Não fui uma revolucionária, mas conheço, politicamente, os anos 50-60, por ter, como professora de história, muito me interessado pelo período. Não peguei em armas, nem fui a passeatas, tinha somente meus seis anos em 1964.  Em 1965 papai comprou o nosso primeiro carro, um fusca, e com a inflação sob controle (e tendo sido criado o Banco Nacional de Habitação) construímos uma casa modesta no nascente bairro da Pituba. É possível, melhor, provável, que os que combateram armados o regime militar por convicções democráticas ou no intuito de implantar o comunismo no Brasil tenham sofrido mais que puxões de orelha. E é somente neste ponto, o do desrespeito à pessoa humana, que estou ao lado da esquerda de hoje. Porque naqueles anos nasceu o Brasil moderno, cortado por boas estradas, iluminado pelas grandes hidrelétricas e pelo hoje não mais maldito complexo atômico de Angra (que hoje se esgota em apagões). Centros industriais, portos, a indústria do petróleo, a indústria naval, tudo é legado daquele tempo. Palavras de ordem foram bradadas, mas transformadas em realidade: "integrar para não entregar", nos garantiram a Amazônia e o Centro-oeste. E sabem, amigos, qual foi o maior programa de inclusão social de todos os tempos? O FUNRURAL. É uma pena que se gaste uma geração para desconstruir uma história por motivos ideológicos, particularmente porque, ir-se-ão mais duas para que a verdade surja límpida. Assim se desconstrói uma nação. Choro hoje, enquanto escrevo, pelo meu país!
Maria Coelho
Rua Mato-Grosso 356/202, Pituba, Salvador
071-88761836 
          
       Há um silêncio criminoso sobre os acontecimentos que antecederam 31 de março de 1964 e provocaram a reação da esmagadora maioria da sociedade brasileira. Para saber a verdade basta consultar jornais e revistas da época. O clima, especialmente nos grandes centros, era de medo, perplexidade e revolta com a atuação de um pequeno grupo que pretendia impor suas idéias ao restante do povo brasileiro. Embora insignificante, comparado com a população brasileira, esse grupo era muito bem organizado e pretendia impor, pela força, práticas políticas avessas a formação psicossocial do brasileiro e que se revelaram danosas nos países onde foram implantadas, especialmente quanto as garantias e direitos individuais. 



terça-feira, 19 de março de 2013



RIO: RUA DA CARIOCA ÀS VÉSPERAS DE UM DESMONTE!

   
A. (Ex-Blog) Nessa semana a Câmara Municipal do Rio votará dois projetos de lei complementar polêmicos. Um deles autoriza desapropriar imóveis desocupados. Olho na área portuária. O outro, copiando o caput de um decreto da prefeitura anterior (para iludir os incautos), que tinha como foco estimular hotéis-charme, o amplia abusivamente e autoriza mudar a função e até a zona urbana de imóveis tombados e preservados. O foco aqui é o Corredor Cultural do Centro, SAGAS (Saúde, Gamboa e Santo Cristo), Santa Teresa, Santa Cruz, e assim por diante. O prefeito anterior –hoje vereador- para desmontar a cínica justificativa, propôs um substitutivo: sai a lei e entra o decreto anterior.

B. (Estado de SP, 18) 1. A Rua da Carioca foi aberta em 1698 e chamava-se inicialmente Egito, provavelmente por se localizar próxima de um oratório que lembrava a fuga de Jesus, Maria e José para o Egito. Inicialmente, como apresentava do seu lado esquerdo uma propriedade de padres franciscanos, só teve o lado direito ocupado. Em meados do século 18 tornou-se Rua do Piolho, em homenagem a um morador e só recebeu a atual denominação, em referência ao Largo da Carioca, em 1848.
  
2. Aluguel em alta ameaça lojas na Rua da Carioca. Conjunto do século 19 foi vendido pelos franciscanos para a gestora Opportunity. As transformações urbanísticas no centro do Rio já provocam uma valorização imobiliária no local e começam a afetar quem, há décadas, ocupa a região. Na Rua da Carioca, comerciantes de pontos tradicionais temem que a escalada dos aluguéis obrigue lojas centenárias a fecharem as portas. Essa ameaça atinge locais como o Bar Luiz, reduto de intelectuais, autoridades e turistas desde 1927, a Vesúvio, especializada em guarda-chuvas e barracas de praia, que leva a alcunha de “príncipe das sombrinhas”, e a Guitarra de Prata, que vende instrumentos musicais há 126 anos e por onde já passaram Noel Rosa, Pixinguinha e Baden Powell.
   
3. As lojas fazem parte de um conjunto arquitetônico característico do século 19, quando a arquitetura colonial dos casarões da Carioca perdia espaço para as referências do estilo art déco parisiense. O conjunto, formado por 19 casarões tombados pelo Inepac e pelo Iphan foi adquirido pela gestora Opportunity no ano passado. Os imóveis, então pertencentes à Venerável Ordem Terceira de São Francisco, foram vendidos em um lote único de R$ 54 milhões para saldar dívidas da instituição. Os lojistas reclamam que a ordem religiosa não teria dado o direito de preferência aos comerciantes inquilinos para aquisição dos casarões, pois para exercer o direito de compra seria necessário adquirir o lote todo.
    
4. De acordo com o presidente da Sociedade Amigos da Rua da Carioca e Adjacências (Sarca), Roberto Cury, o aumento médio dos aluguéis em mais de 50% inviabiliza a permanência dos atuais comerciantes na área. “Estão querendo expulsar os lojistas. A verdade é que estão querendo acabar com o que resta do centro histórico do Rio, o que é lamentável.” Cury relata que uma das lojas teve de fechar as portas porque os inquilinos não concordaram com o aumento de 330% no aluguel.
   
5. A Rua da Assembleia, no século 18, chamava-se Rua da Cadeia, por causa da localização da Cadeia Velha, onde hoje fica o Palácio Tiradentes. No século seguinte, passou a ser Rua da Assembleia, uma vez que no Palácio onde hoje é a Alerj funcionava a Câmara de Deputados do Império. Foi pela Rua da Assembleia que, em 21 de abril de 1792, o Tiradentes, que estava preso na Cadeia Velha, caminhou na direção da forca instalada no Largo da Lampadosa.
   
6. Na Rua da Assembleia, o risco é de verticalização.  Próxima da Rua da Carioca, a tradicional Rua da Assembleia, onde se situa o Palácio Tiradentes, atual sede da Alerj, também entrou na mira das empreiteiras. Os prédios de números 81, 83, 85 e 87, em estilo colonial, foram recentemente adquiridos pela Even, que pretende construir um moderno edifício comercial no local. No térreo do prédio 81, funciona desde 1941 o Restaurante Columbia, cuja especialidade são peixes e frutos do mar.  Edson Monteiro, sócio do estabelecimento desde 1992, não revelou o valor da transação com a Even, mas disse que o estabelecimento vai fechar as portas no dia 30 de maio. No edifício 87, uma loja de roupas (cujo letreiro está coberto com uma lona preta) anuncia em sua vitrine liquidação de até 60%. E no prédio 83 ainda funciona uma livraria. 


Transcrito do Ex-Blog do César Maia de 19 de março.



 



UM PARADIGMA DE FÉ ORTODOXO, EIS O QUE FAZ DA IGREJA UM PARADOXO

José Reis Chaves*
   Para a Bíblia a fé é a certeza de coisas esperadas que não se veem. (Hebreus 11: 1). Mas ela não defende a fé irracional e cega.
   Uma autoridade católica importante disse na mídia: A Igreja precisa de reformas urgentes que a adaptem ao mundo de hoje. Seria um adeus à velha teologia ortodoxa em decadência?
   A nossa verdade é relativa e mutável. Só a de Deus é absoluta e imutável. E a verdade religiosa muito evolui. Ademais, o que os teólogos mais fizeram no passado foi tentar, em vão, definir Deus. E acabaram anulando a sua imutabilidade, confundindo Deus com os mitológicos, atribuindo-Lhe características humanas e até três pessoas, o que é um escândalo para os judeus e os islâmicos.
  E os teólogos da Igreja oficial, apoiada pelos imperadores romanos, transformaram suas idéias polêmicas em dogmas, que foram impostos pela força e com o ensino de que foi Deus que os inspirou nas suas ideias, o que na verdade é fruto do seu próprio ego! E ai de quem negasse um dogma! Com isso, doutrinas polêmicas teológicas cristãs existem até hoje.
   Com o estudo mais profundo da Bíblia houve mais polêmicas e mais divisões entre os cristãos. E há séculos que a Igreja está na mesmice, parada no tempo e no espaço. Assim, algumas doutrinas polêmicas ainda estão indevidamente na Igreja até hoje, prejudicando-a seriamente,pois ela está perdendo terreno para outras religiões, para o grupo dos sem religião e até para o materialismo.
  O ecumenismo é frágil entre os cristãos. E não haverá diálogo inter-religioso verdadeiro, e nem uma convivência pacífica entre a Igreja e a Ciência, enquanto ela, a Igreja, não reinterpretar suas doutrinas dogmáticas polêmicas, que, cada vez mais, vão caindo no descrédito, principalmente entre os intelectuais. Também as igrejas protestantes e evangélicas estão envolvidas, em parte, com essas questões teológicas polêmicas, pois elas têm herdado vários erros da Igreja do passado.
   A renúncia de um papa é sinal de uma crise muito séria na Igreja. Vou arriscar-me, pois, a dizer o que muitos padres, bispos e cardeais sabem, mas não podem falar! Aliás, às vezes, nem o próprio papa pode falar! Além das razões apresentadas por Bento XVI para a sua surpreendente renúncia, existem também pressões secretas teológicas guardadas a sete chaves, pois a teologia é a vida da Igreja! E lembro aqui que ele mesmo disse que existe hipocrisia na Igreja. E não estaria essa hipocrisia relacionada com uma crença fingida de teólogos favoráveis ou contrários a possíveis mudanças teológicas que ele, grande teólogo que é, quis fazer, mas se viu impotente para concretizar seu desejo?
   E essas questões teológicas polêmicas têm deixado frios os católicos em sua fé. Por isso mesmo, essa fé fraca não tem servido de freio à imoralidade nem do próprio clero católico! E agora, no Terceiro Milênio, então, a Igreja se vê num dilema com seu paradoxo doutrinário insustentável ou, como se diz, num beco sem saída!
  -- //--
*Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO,  pode ser lida também no site www.otempo.com.br   Clicar o item “TODAS AS COLUNAS”. Podem ser feitos comentários abaixo da matéria sobre ela e outros comentários. Ela está liberada para publicações. José Reis Chaves é autor dos seguintes livros: “Presença Espírita na Bíblia“, Ed. Chico Xavier em Parceria com a Ed. Sinal Verde, SP; “A Face Oculta das Religiões”, Ed. EBM, SP; “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”. Ed. EBM, SP; “O Espiritismo Segundo a Bíblia”, Ed. e Distribuidora de Livros Espíritas Chico Xavier, Santa Luzia, MG; e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte, MG, www.literarium.com.br
Seus livros podem ser adquiridos diretamente com o autor: Telefone (31) 3373-6870 Email: jreischaves@gmail.com com a Ed. Chico Xavier, www.editorachicoxavier.com.br Telefone: 0800-283-7147, a Ed. Sinal Verde: www.sinalverdelivros.com.br Telefone:(11) 2409-1540, e com a Ed. EBM www.ebmeditora.com.br Telefone (11) 3186-9766.

Recebido por e-mail.

 

segunda-feira, 18 de março de 2013



ANTIPOLÍTICA E PÓS-POLÍTICA!  O FIM DA HISTÓRIA E O FIM DA GEOGRAFIA!


(Iván de la Nuez - El País, 05) 1. O pós-político pensa a sociedade a partir do fim das ideologias. O antipolítico quer recuperar o debate ideológico, mas suspeita de sua representação nos parlamentos, ou na política partidária. O pós-político aponta seu alvo, sempre, para o poder (que é o Estado e, ainda mais, as elites financeiras ou midiáticas). O antipolítico despreza os acertos com o governo ou com a representação parlamentar. O pós-político parece saber de que forma canalizar o seu desprezo, e o antipolítico não parece ter encontrado a chave para organizar o seu descontentamento.

2. Vamos dizer que a pós-política está na origem da crise e a antipolítica é parte de seu resultado. Para a pós-política, qualquer coisa é possível neste sistema; o antipolítico está convencido de que nada é possível dentro desse sistema. Na verdade, a pós-política poderia ser entendida como uma época em que a cultura recicla os movimentos sociais para convertê-los em projetos estéticos. A antipolítica inverteu essa tendência: agora são os movimentos sociais, as manifestações, a revolta em si, que parecem influenciar a politização da cultura.

3. Vale reconhecer que, pelo menos como tendência, se a pós-política esvazia de conteúdo as instituições democráticas, a antipolítica pretende prover a praça pública de base política. O pós-político se utiliza dos partidos; o antipolítico prefere os movimentos. O pós-político aposta na tecnologia para multiplicar o poder econômico e financeiro. A antipolítica usa a tecnologia para subvertê-la a favor da mobilização. Um lado da moeda mostra um volume de negócios sem precedentes (o dinheiro virtual também multiplica exponencialmente a magnitude da crise). O outro lado mostra a possibilidade de uma economia, uma democracia e uma cultura que tentam operar em código aberto.

4. A pós-política é uma forma de governar baseada no "fim da história", proclamada por Fukuyama. A antipolítica está mais imersa no que Paul Virilio descreveu como "o fim da geografia", em linha com o encurtamento das distâncias provocada pela Internet. A pós-política necessita do controle dos meios de comunicação, a antipolítica, da expansão das redes sociais...
5. Pós-política e antipolítica travam sua batalha sobre as ruínas da socialdemocracia. A primeira, com seu ataque persistente sobre a condição econômica do Estado do bem-estar; a segunda, a partir de uma crítica geracional e cultural que rejeita a moderação, os pactos intransigentes e uma linguagem patrulhada pela correção política. Mais e mais, a partir de ângulos opostos, nos deixam convencidos de que a política - sem-prefixos - não pode continuar como antes. Também a questão sobre o futuro desta democracia cheia de rachaduras a que estamos presos e a incerteza de não saber se estamos testemunhando a sua regeneração inadiável ou a seu colapso definitivo.


Transcrito do Ex-Blog do César Maia de 15 de março.


 


O SOCIAL E O SOCIETÁRIO NO PETISMO

Percival Puggina*


          Não sei se já contei isto. Acho que já contei, sim, mas conto de novo porque a situação perdura. Eu havia estacionado em um posto de gasolina e quando me dirigia para o inevitável cafezinho, um rapaz, maltrapilho e maltratado como diria o Chico, se aproximou de mim, declarando-se com fome, e me pediu um cachorro-quente. A frase - "Estou com fome" - não admite qualquer contestação. "Claro que sim, vem comigo".

          Suponhamos que eu parasse naquele posto diariamente e que, também diariamente, o rapaz estivesse ali, reiterando-me seu apelo. Ao cabo de um mês eu teria despendido uma boa quantia com ele sem elevá-lo um centímetro na escala social. Ao contrário, eu o teria degradado à condição de  dependente. Agora, ampliemos a cena. No meu lugar, coloque o governo federal, substitua o rapaz com fome por 22 milhões de famílias e o lanche por uma ajuda de custo para completar, em cada núcleo familiar, por pessoa, uma receita mínima de R$ 70 (o governo chama isso de renda...).

          O leitor pode estar pensando - "Será que o Percival Puggina prefere que as pessoas passem fome?". Não, claro que não. Eu não sou contra o Bolsa- Família. O Lula é que era contra o Bolsa-Escola, no tempo do FHC. Escrevo motivado pela recentíssima divulgação pela ONU dos novos Índices de Desenvolvimento Humano. Eles situam o Brasil na 85ª posição do ranking mundial, com uma visível estagnação nos últimos anos. Como é possível? Com 22 milhões de famílias recebendo do governo um complemento de "renda" mensal?

          Pois essa é a consequência do problema que muitos, entre os quais eu mesmo, já cansaram de advertir. O Bolsa-Família é um programa necessário, sim. FHC, aliás, já o havia instituído com o nome de Bolsa-Escola, sob severas críticas de Lula e do PT. É um programa que cria dependência em proporções que tornam desnecessário prová-la. Mas, isoladamente, nada faz que se possa denominar promoção social ou desenvolvimento humano. Em nada contribui para que as famílias em situação de miséria disponham, um dia, das condições necessárias para cuidar bem de si mesmas. Esse "cuidar bem de si mesmos" é o que fazem as pessoas nos países situados no topo da tabela da ONU. Na maior parte desses casos, não é o Estado que cuida bem das pessoas, mas as pessoas que têm habilitações que lhes permitem uma renda suficiente para fazê-lo.

          A pergunta que dirijo ao PT, ao seu parceiro PMDB, e aos demais membros dessa organização societária estabelecida no Brasil, é esta: - Quando é que vocês vão levar a sério o problema da Educação? Os indicadores sociais já mostram que estamos praticamente estagnados! Menos gente passa fome no Brasil e isso é muito bom. Mas cai nos ombros dos senhores, após uma década no poder, o peso dos anos perdidos e o desastre social que os números estão a apontar.

          Reconheço que o PT descobriu o Brasil em 2003. Reconheço que, assim como Cabral cravou uma cruz nas areias de Porto Seguro, Lula plantou uma estrela vermelha nos jardins do Palácio da Alvorada. Reconheço, também, que o PT realizou isso após haver inventado a roda, a roldana, o avião e a suíte presidencial a bordo do avião. Mas o fato é que nos setores fundamentais do bem estar social - Educação, Saúde e Segurança as coisas vão de mal a pior. A síndrome da dependência em que se afundou parcela significativa da população brasileira tornou-se elemento fundamental da organização societária que (vou usar um neologismo que a esquerda adora) se empoderou no Brasil.

_____________
* Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.
 
Recebido por e-mail.
 
 

sábado, 16 de março de 2013

segunda-feira, 4 de março de 2013




A MORTE DO URBANISMO NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO! 

   
       
1. Alfredo Agache é o pai da expressão URBANISMO, consagrada por ele na Conferência de Town Planing em Londres, em 1910. Entre 1928 e 1931 trabalhou no Plano do Rio de Janeiro, contratado pelo prefeito Prado Junior e mantido até a publicação do Plano Agache, por Pedro Ernesto e seu secretário de Urbanismo Armando Godoy. Agache caracterizou o Urbanismo como uma “ciência” fundamental para a dinâmica do crescimento e organização das cidades. Para ele, era necessário integrar outras ciências ao estudo das cidades, como sociologia, engenharia, sanitarismo... O grande desafio do urbanista é conseguir relacionar as necessidades funcionais de uma cidade, incluindo o econômico, e conhecer suas características primitivas e a história local.
           
2. Na cidade do Rio de Janeiro, a partir da atual administração em 2009, a função Urbanismo desapareceu. Em seu lugar entrou uma colcha de retalhos de projetos, avaliados em si mesmos, sem qualquer relação com o conjunto da cidade e aplicação de outras disciplinas –físicas e humanas. O olhar é afunilado nos projetos em si, sem avaliar seus impactos e ou projetar as suas dinâmicas. Olham-se as próximas eleições e não as próximas gerações.
           
3. A Cidade é um ser vivo e a intervenção governamental deve respeitar as tendências dessa vida, corrigindo desvios e potencializando virtudes.
           
4. Um exemplo do abandono do Urbanismo é a mudança de estratégia para a Área Portuária. O que se tinha em mente era um bairro de base residencial exponenciando o projeto SAGAS (Saúde, Gamboa e Santo Cristo), assinado em 1985, que propôs nova legislação que preservaria o uso residencial e o patrimônio arquitetônico e cultural da área, depois afirmado como APAC em 1988.
           
5. Mas prevaleceu a visão dos negócios e do interesse privado e o foco passou a ser comercial, criando um bairro de escritórios com autorização em lei para elevar generalizadamente os gabaritos, valorizando o solo e os certificados como fonte de receitas. Se der certo –em si- o “Centro da Cidade” –ao lado- entrará em processo de declínio e desintegração. Irá estimular o deslocamento radial e o uso do carro. Irá periferizar as comunidades locais que terão de se entender como meros prestadores de serviços nos prédios. Isso, se os trabalhadores da construção civil de fora do SAGAS não favelizarem, como nos mostra a urbanização da zona sul desde os anos 30.
           
6. A lógica do lucro imobiliário tem prevalecido no Rio em muitos governos, como o atual, construindo uma equação monótona de incremento da taxa de lucro-investimentos-queda da taxa de lucro-degradação e avanço para o próximo bairro. Assim foi do Centro a Copacabana. Vários bairros foram salvos pelas APACs desde o Corredor Cultural e Santa Teresa em 1984, a SAGAS e a Urca em 1988, etc., até Santa Cruz e São Cristóvão em 1993, Paquetá em 1999, a Leblon, Laranjeiras, Jardim Botânico. Botafogo, Ipanema, Catete e Humaitá entre 2001 e 2006. As APACs valorizam os imóveis das pessoas e desestimulam a lógica do lucro imobiliário.
           
7. O centro de Santa Cruz foi estuprado pelo BRT e agora se fala em “desapacar”, mudando radicalmente a característica histórica do bairro.
          
8. Os programas Rio-Cidade e Favela-Bairro integrados às APACs corrigiram esses desvios.
          
9. A  visão-projeto   atinge   – também -   de   forma avassaladora a Baixada da Barra/Jacarepaguá e o PEU –plano de estruturação urbana de Vargens- é exemplo disso. Da mesma forma, a desculpa olímpica e a justificativa de poupar recursos públicos transformará parte da Barra (chegando a Abelardo Bueno) em um paliteiro ao lado das lagoas. Lucio Costa treme em seu túmulo.
      
10. Para não falar dos incentivos gerais de hotelarização, como se as 3 semanas dos JJOO gerassem demanda permanente. Vão virar apart-hotéis?  Da mesma forma, o oportunismo imobiliário em desativar delegacias e quartéis. E a faixa Hotel Glória-Marina que, a exemplo do Complexo do Alemão, poderá ser conhecida no futuro como Complexo do Eike.



Transcrito do Ex-Blog do César Maia de 4 de março.

 


AS INSTITUIÇÕES TITUBEIAM!


*Percival Puggina


          Foi assim. Saíramos para jantar, minha mulher e eu. Íamos, no carro dela, para um restaurante localizado em rua calma de Porto Alegre. Procurando onde estacionar, subimos a via até encontrar vaga. Dali, caminhamos no sentido inverso, rumo ao restaurante. Minha mulher seguia alguns passos adiante. Subitamente, um rapaz com o rosto semi-encoberto materializou-se ao meu lado. Surpreso com a aparição, esbocei um sorriso que pretendia significar - "Brincadeira sem graça, moço!". Creio que ele interpretou minha atitude como desrespeitosa e, por isso, retrucou ao meu sorriso com cara de poucos amigos. Cenho cerrado, baixou os olhos na direção da arma que apontava. Só nesse momento, acompanhando o olhar dele, vi a pistola e entendi o que estava acontecendo. Pediu-me a chave do carro, no que foi prontamente atendido, e a carteira, que acabei negociando pelo dinheiro que levava no bolso. Alguns metros adiante, um parceiro pedira para minha mulher que retornasse ao ponto onde eu estava sendo depenado. Em poucos segundos concretizou-se a operação.

***

      Muito já escrevi a respeito da ideologia que, escarrapachada nas fofas e seguras instâncias do Estado e do governo, dá causa à proliferação da criminalidade em nosso país. Tenho mostrado a tolerância das leis penais, clamado pela construção de mais e mais presídios, e reprovado as misericordiosas progressões de regime que desembocam num prematuro e fervilhante semiaberto. Tudo absolutamente em vão, claro. Emitia esses clamores motivado pelo relato de experiências alheias, muitas das quais bem mais aterrorizantes do que a minha. Aliás, a bem da verdade, o assalto que sofremos foi sem resistência nem insistência. Vapt-vupt. Eles queriam o carro e nós que sumissem dali tão depressa quanto possível. Com o ocorrido, entrei para as estatísticas. Tive meu choque de realidade. Sou recente vítima de uma ideologia que estimula a criminalidade, de uma legislação que protege o bandido e deixa a vítima ao desabrigo, e de uma política de direitos humanos "politicamente correta", perante a qual eu sou o malfeitor e o bandido é o justiceiro revolucionário. Aliás, essa é a tese do líder do PCC, o bandido Marcos Willians Herbas Camacho, mais conhecido como Marcola, que se for objeto de dissertação em muitos cursos de Direito do país garante título de mestrado com louvor. Escrita com palavras santimoniosas, a mesma tese já inspirou pelo menos uma Campanha da Fraternidade.

          Aqui no Rio Grande do Sul, durante o governo do petista Olívio Dutra, o Secretário de Justiça, desembargador aposentado João Paulo Bisol, diante de clamores sociais ante o vertiginoso crescimento da bandidagem, observou que também ele, secretário, se estivesse sem dinheiro, com filho doente precisando de remédios, não hesitaria em assaltar uma farmácia. Passaram-se mais de dez anos e até hoje só vi farmácias assaltadas pelo dinheiro do caixa. Nenhuma por comprimidos de antibiótico. Assim, passando a mão por cima, com plena vigência do desconcertante binômio "a polícia prende com razões para prender e a justiça solta com razões para soltar", tornamo-nos um país onde o crime é rentável, compensa e os bandidos passeiam em liberdade.

          Horas após o fato descrito acima, relatei-o sucintamente no facebook. Em pouco tempo, mais de uma centena de mensagens se seguiram, descrevendo experiências semelhantes ou piores. Um bom número dessas vítimas, dispersas pelo Brasil, contavam terem sido assaltadas várias vezes (o recordista menciona 18 ocorrências). Pois bem, o silencioso ataque a um casal, a caminho do restaurante, numa rua tranquila de Porto Alegre, tem a ver com todos esses relatos e estes tem a ver com o surto de violência em Santa Catarina. Quando o Congresso decide fazer alguma coisa a esse respeito, como, por exemplo, retirando o direito a progressão de regime para quem comete crime hediondo, o STF declara a lei inconstitucional. Esgota-se a paciência dos brasileiros. Infames linchamentos, que vez por outra ocorrem em regiões diferentes do país, decorrem, em boa parte, da descrença social nas instituições do aparelho estatal voltadas para a proteção dos cidadãos. O crime, organizado ou desorganizado, declarou guerra à sociedade e é inequívoco: as instituições titubeiam!

______________
* Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a Tragédia da Utopia e Pombas e Gaviões.

Recebido por e-mail. 


 

sexta-feira, 1 de março de 2013





RIO: UPP DO LEME DESMANCHA!


            
(Blog RioReal, 27) 1. UPP existe aqui? É isso que disse um morador de uma das favelas atrás do Leme ao RioRealblog, após presenciar o que chamou de “invasão” por integrantes do Comando Vermelho, na madrugada do dia 20 de janeiro. Os morros da Babilônia e de Chapéu Mangueira receberam a quarta UPP do Rio de Janeiro, em junho de 2009. Desde então, eles têm sido considerados um modelo de pacificação, atraindo visitantes nobres, como o ator Harrison Ford com sua família, poucos dias atrás.
            
2. Supostamente, criminosos da facção ADA ficaram no morro Chapéu Mangueira, trabalhando sem mostrar armas, após a pacificação. Até aí, nada de novo. O tráfico continua em toda a cidade, como acontece em praticamente qualquer metrópole do mundo. O propósito da pacificação não é acabar com o tráfico, mas retomar territórios e diminuir a violência. O que houve no dia 20, de acordo com moradores, é que chegaram membros de uma segunda facção, a CV. “Eram três da manhã. Passaram por nós meninos do tráfico que a gente conhece, da ADA,” diz um morador. Correndo atrás deles, um grupo de homens encapuzados, armados.
           
3. Esses voltaram depois, para nos assegurar que não corríamos perigo. Essa fonte acompanhou uma pessoa do local em que estavam até o asfalto, passando pelo paradeiro usual dos policiais da UPP, em frente à quadra da FAETEC, na ladeira Ary Barroso. Mas policial nenhum estava lá. Desde aquela noite, moradores dizem que não dormem em paz. “Houve toque de recolher para os moradores e na última sexta, 22/02, e domingo, 24/02, houve tiroteios às 19h e 21h, respectivamente,” diz um.
            
4. De acordo com eles, a nova concorrência entre as facções levou a uma corrida armamentista. Desde o fim de janeiro, à noite é comum ver fuzis AK47, pistolas e metralhadoras nos braços de homens do tráfico. “O CV invade um dia. Depois é a vez dos ADA,” comenta um dos moradores. De acordo com uma fonte qualificada que não quis ser identificada, as tais batalhas noturnas se resumem a alguns tiros dados do alto do morro do Chapéu Mangueira.


Transcrito do Ex-Blog do César Maia de 28 de fevereiro.