quinta-feira, 31 de maio de 2012


A coisa mais óbvia do mundo é que o golpe de 1964 no Brasil nunca teria acontecido se o presidente João Goulart não tivesse se acumpliciado a Fidel Castro nos seus planos de revolução continental.

Um precedente histórico sangrento pode ilustrar a deformidade mental que inspira os trabalhos da Começão de Dinheiro Público, a que um lance de humorismo macabro deu o nome de "Comissão da Verdade".

O mundo inteiro sabe do genocídio ruandês ocorrido em  1994, quando, segundo a versão consagrada, a maioria de raça hutu matou a tiros, facadas e machadadas 75% da minoria tutsi – mais de um milhão de pessoas.


Transcrito do "Mídia Sem Máscara" e publicado originalmente no "Diário do Comércio" (http://www.dcomercio.com.br/) na coluna Opinião.

sábado, 26 de maio de 2012




A VERDADE É ALGO MUITO COMPLEXO E PODE SER ATÉ UM PARADOXO.
 
  A verdade humana é muito instável, pois é sempre relativa. Quando ela não é subjetiva, mas objetiva, é mais real, porém, é também relativa, pois só a divina é absoluta, entretanto, incompreensível por nós.
 A nossa verdade sobre Deus é, pois, relativa. Influenciados pela mitologia, os teólogos antigos acabaram antropomorfizando Deus, e não se contentaram em transformá-Lo em uma pessoa, mas até em Três Pessoas, o que para o mundo de hoje é insustentável diante do próprio monoteísmo cristão.
   O apóstolo Paulo disse para os gregos que o Deus dele era desconhecido (ignoto), tal qual o deles. (Atos 17: 23). Paulo se aproxima da ideia dos agnósticos, os quais consideram Deus inacessível ao nosso entendimento. Comparemos essa teologia paulina com a da confusa Santíssima Trindade! Estou mais com Paulo, cujo Deus é indefinido, mas que nos leva a mais amor a Deus, e não à confusão sobre Ele e medo Dele!
   Os teólogos adversários da teologia ortodoxa ou oficial foram chamados de hereges. Mas apoiados pelos imperadores, os ortodoxos transformaram suas doutrinas em dogmas. E quem os negasse de público, coitado, era condenado, inclusive com a morte, e mais tarde, era colocado vivo na fogueira! E, assim, os dogmas chegaram até hoje. Respeitemo-los, mas são eles que estão prejudicando seriamente o cristianismo. E este inimigo é terrível, pois o cristianismo sempre teve inimigos externos. Agora, seus inimigos são de dentro do próprio cristianismo, como está acontecendo com a Igreja e com outras igrejas cristãs, o que não aplaudo, mas lamento. E o islamismo cresce, enquanto que o cristianismo decresce. A teologia islâmica de um Deus único, Alá, e a espírita, da Inteligência Suprema e causa primeira de todas as coisas, são mais coerentes com a razão do que o Deus confuso trinitário. Dizem os teólogos que se trata de um mistério, o que pode até se aproximar de algum modo do Deus desconhecido paulino. Mas a coisa se complica, quando eles afirmam que Jesus e o Espírito Santo são também outros Deuses onipotentes iguais Àquele verdadeiro, que Jesus chamou de Pai de nós e Dele. Os teólogos agiram de boa fé, mas acabaram perdidos no labirinto das elucubrações teológico-mitológico-politeístas.
   Realmente, a verdade humana é complexa, paradoxal e relativa. E ela depende também do fator tempo. O que é verdade hoje, amanhã poderá não ser e vice-versa. Jesus e Buda não quiseram defini-la. E por que, então, os teólogos de hoje querem sustentar “verdades esquisitas”, e logo sobre Deus, de seus colegas antigos? Estes erraram, mas são justificados por seu atraso evolucional cultural, ou seja, por ignorância. Porém os de hoje erram muito mais, pois não é tanto por atraso cultural o seu erro, mas é por contumaz teimosia em quererem manter as estranhas “verdades” de seus colegas do passado!
    A causa de todo esse imbróglio é que, se os teólogos de hoje aceitarem que seus colegas do passado cometeram erros teológicos, eles, os de hoje, têm que admitir que eles também não são infalíveis.
  O Nazareno disse que, para sermos seus discípulos, temos que renunciar até a nós mesmos. (São Mateus 16:24).
    E eis uma das grandes verdades: o ego dos teólogos de hoje trava as verdades, emperrando o cristianismo!
PS:
  1. Entrevistas sobre o espiritismo, inclusive a minha sobre a reencarnação em www.espiritismo.com.br
  2. Feira do Livro Espírita na UEM, Rua dos Guaranis, 315, centro de BH, de 24 a 30 de junho de 2012.

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO,  pode ser lida também no site www.otempo.com.br   Clicar “TODAS AS COLUNAS”. Podem ser feitos comentários abaixo da coluna. Ela está liberada para publicações. Ficarei grato pela citação nelas de meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, Ed. EBM (SP), “O Espiritismo Segundo a Bíblia”, Editora e Distribuidora de Livros Espíritas Chico Xavier, Santa Luzia (MG), “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP)  e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) –  www.literarium.com.br -  e meu e-mail: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail:  contato@editorachicoxavier.com.br    e o telefone: 0800-283-7147.
ateus 16: 24).

Recebido por e-mail.
 

sexta-feira, 25 de maio de 2012

"As verdades são frutos que apenas devem ser colhidos quando bem maduros." - Voltaire.




Comento: 

             É o máximo da hipocrisia estabelecer a "verdade" por decreto. Os acontecimentos estão ainda muito recentes para ser buscada uma interpretação histórica dos acontecimentos. Jamais a "Verdade", pois esta é impossível de ser expressa por palavras.

segunda-feira, 21 de maio de 2012


POR ENQUANTO VAMOS ASSIM.

Percival Puggina


Quem já passou pela porta que dá acesso às salas de embarque doméstico do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, sabe do que estou falando. Além daquela porta tudo se torna impreciso. Esfumam-se os compromissos, dissolvem-se as agendas, o futuro se faz incerto e a paciência é testada além das fronteiras da civilidade. Inevitavelmente me vêm à mente, ao ingressar naquele círculo de horrores, a sentença que Dante Alighieri esculpiu nos umbrais do Inferno: "Abandonai toda esperança, vós que entrais".

Recentemente tocou-me estar ali. Meu voo deveria sair às 8 horas, mas somente consegui embarcar lá pelas 2 da tarde, após várias mudanças de sala de espera. Aliás, naquele aeroporto, coincidirem número de voo e portão de embarque é uma proeza irrealizável. De tempos em tempos a gente troca de sala de espera e com isso vai-se sabendo um pouco da vida de muito mais gente. Pois bem, enquanto uma funcionária de empresa aérea corria de sala em sala chamando, na base do grito, os passageiros de determinado voo (trata-se de um interessante sistema de aviso sonoro que elimina a fria impessoalidade metálica dos autofalantes) comentei alguma coisa com um vizinho de banco a respeito do caos reinante. Respondeu-me ele com uma fé inabalável buscada na sacristia de suas confianças cívicas: "Até a Copa de 2014 tudo estará solucionado".

Horas mais tarde, já embarcado, as palavras ainda ressoavam em minha mente. Até a Copa. Quando a Copa começar. Em 2014. Por enquanto vamos assim, mas em 2014... Percebi que esse mesmo ano integra o horizonte de todas as promessas eleitorais de 2010. Aqui no Rio Grande do Sul, os principais temas suscitados na campanha sucessória do ano passado, temas candentes do discurso oposicionista que levou ao poder o candidato Tarso Genro, foram imediatamente catapultados para aquele ano, o ano da Copa, o término mandato, o ano da graça de 2014. No plano federal, chega a ser surpreendente que as mesmas pessoas que acreditaram no discurso de que tudo já estava resolvido em 2010, agora firmem convicção de que tudo estará resolvido em 2014.

Contaram-me sobre uma senhora que levou o filho pequeno para cirurgia de fimose num hospital credenciado junto ao SUS. Demorou tanto a marcação do procedimento que quando chamado, o paciente, já idoso, relatou um problema de próstata. Exagero, exagero. Mas tudo estará solucionado em breve. Dos gargalos do SUS à supremacia numérica, bélica e organizacional da bandidagem em relação às forças policiais. E a própria corrupção. Dizem que ela vai acabar graças ao fim dos sigilos e aos utilíssimos portais da transparência. Já pensaram? Um corrupto flagrado num portal desses? Que desprestígio para a categoria! É caso para expulsão do sindicato. Mas por enquanto vamos assim, sabendo que tudo estará resolvido até 2014, ano da Copa.

______________
* Percival Puggina (67) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Recebido por e-mail.


Parcerias perigosas e parcerias inconvenientes

 

Artigo no Alerta Total – http://www.alertatotal.net
Por Gelio Fregapani


As parcerias assimétricas são sempre perigosas. O mais forte costuma utilizar-se do parceiro, e o abandonar quando em dificuldade. A História o comprova. Em nosso continente podemos constatar a parceria da Colômbia com os EUA e a da Venezuela com a Rússia, parcerias utilizadas pelas superpotências apenas para seus objetivos. Jogo perigoso.


O nosso Brasil, durante o gov. Lula ensaiou certa parceria com a França, parceria não tão assimétrica, que poderia até dar certo. O que os franceses realmente queriam: matérias primas, principalmente urânio. Necessitavam. Estavam dispostos a dar algo em troca, mas naturalmente não mereciam confiança total. Acredita-se que na guerra das Malvinas tenham cedido aos ingleses os códigos dos mísseis exorcet que haviam vendido aos argentinos, permitindo em alguns casos a sua neutralização.


Possivelmente só o nosso Brasil, quando o mais forte, procura fazer parcerias altruísticas, e tem pagado um preço alto demais. Assim foi com o Paraguai, que agora nos chantageia com Itaipú, Não aprendemos a lição Agora planejamos construir novas hidrelétricas em rios fronteiriços. Procuramos sarna para coçar. Tratemos de construí-las em nosso território. Fronteiras não são “pontes”, como as considerava Lula em sua política suicida. São cercas e boas cercas fazem bons vizinhos


Acontece na nossa terra


Uma lição do Economista Adriano Benayon - Não existe país que se tenha desenvolvido, havendo entregado seu mercado a empresas comandadas por capitais estrangeiros. – Está em nossas mãos dar preferência a produtos de empresas de capital nacional, ao menos quando em igualdade de condições.


Trabalho escravo – Elementos mal intencionados confundem propositalmente o trabalho em más condições com escravidão. Fingem ignorar que em toda frente pioneira as condições são precárias, mas frequentemente melhores do que o trabalhador teria sem o trabalho. É mais uma manobra para evitar a expansão da nossa agricultura e a conseqüente concorrência. Aliás, é bom lembrar que nenhum trabalho tem condições mais precárias do que o do soldado em treinamento (sem falar na guerra), e nem por isto é considerado um trabalho escravo.


Operação Àgata – Pegou mal o nosso Exército exercer o papel de polícia Rodoviária, e a nossa Força Aérea, a serviço da Funai destruir as pistas de garimpo em Roraima, afastando da fronteira os únicos brasileiros que se animam a povoá-la e fundar novas cidades. A insatisfação popular foi de tal monta que nem os mais necessitados compareceram na oferta de auxílio (Aciso) oferecida pelo Exército naquele Estado. Há poucos anos o mesmo Exército era adorado pela população.


Confiança – Talvez a Presidente Dilma só possa mesmo confiar nas Forças Armadas.Mandou refazer o planejamento da segurança dos grandes eventos deixando a base das ações nas mãos dos militares, mas estes não são autômatos sem alma. Será bom que tente também conquistar a confiança da tropa. Ainda está em tempo


A esperança decrescente


A Presidente Dilma recebeu uma bomba de efeito retardado. Não é que o Lula tenha sido de todo ruim; seu assistencialismo, (bolsas, subsídios etc.) mantiveram a nossa agricultura, indústria e comércio funcionando, enquanto a economia mundial desmoronava. Entretanto não é possível manter esse assistencialismo por muito tempo a não ser que o Estado disponha de uma renda extra como a Arábia com o petróleo. Pior ainda, com a corrupção generalizada e com a incompetência dos companheiros de sindicatos, elevados aos mais altos postos, a alta administração federal rumava para o caos. Mudar o rumo, reconheçamos, era uma tarefa difícil


Mesmo herdando o Governo em dissolução – com o Legislativo desmoralizado, o Judiciário voltando-se contra a moralidade e mesmo contra a unidade Nacional e o Executivo loteando os Ministérios entre ladrões para garantir o apoio, é forçoso reconhecer que a Presidente em poucos meses se transformou numa esperança, e com o tempo foi conquistando a confiança. Além dos ensaios de faxina, tomou corajosas e oportunas medidas em defesa da industrialização -taxando os importados; reduzindo os juros (taxa Selic) e outras saudáveis medidas, a última das quais, o quase despercebido projeto Carinhoso, atenuará o maior perigo que corremos: o encolhimento e envelhecimento da população. Conseguiu corrigir muitos dos perigosos rumos do governo anterior. Seus erros, tipo doações à Cuba e Palestina de recursos carentes no próprio Pais ficaram eclipsados pelo bom momento econômico, ao qual ela contribuiu com mentalidade progressista, e principalmente impedindo ao Ibama de paralisar as obras de infra-estrutura. Mais do que esperança, criou confiança Será uma lástima se puser tudo a perder por medidas que reabrem feridas e reacendem a chama do ódio.


O Pais estava se aproximando da união entusiasmada, com uma euforia somente vista nas épocas de Juscelino e Médici, quando havia auto estima, orgulho e principalmente união e confiança no governo. Lamentavelmente a infeliz divisão racial provocada pelas cotas criou certa ruptura, mas a culpa disto não pode ser atribuída à presidência, e sim ao STF, mas a operacionalização da Comissão da “Verdade acabou com a confiança dos militares no governo, gerando um potencial de destruir a disciplina das Legiões, um dos dois pilares que sustentam qualquer governo, ( eles são a disciplina militar e o apoio popular).


É possível que a Comissão venha a agir com isenção, mas a esperança é pequena. É verdade que não foram escolhidos os mais radicais inimigos das Forças Armad as – Greenhalg, Genro, Nimário, Vanucchi etc, mas nem por isto a maioria dos membros da comissão deixa de ser de partidários e haverá sempre a suposição que estarão tentando comer pelas beiradas. Com razão, os militares nacionalistas julgam nefasta a Comissão. A pressão da OEA para punições visa basicamente desmantelar nossas Forças Armadas e só o Governo não percebe isto, cego pelo viés ideológico que se supunha ultrapassado.


Lógico, neutralizando os militares fica mais fácil manter o Brasil como uma colônia de exploração para proveito dos esquemas globalitários.


O outro pilar de sustentação do Governo, o apoio popular, depende principalmente da situação da economia, e a nossa, atualmente, depende da produção agrícola. Portanto Senhora Presidente, pense antes de vetar o Código Florestal. Lembre-se da Princesa Isabel; ao fazer uma lei, socialmente justa, mas que arruinou a economia, não só perdeu seu trono como jogou o País em cinquenta anos de estagnação.


Antes ainda do final do mês saberemos a decisão governamental sobre o Código; um veto total imediatamente afastará o mundo rural do governo, e seu efeito (o preço dos alimentos), poderá, em poucos meses, criar tal insatisfação popular que propicie ambiente para revolta. Sem apoio popular e sem disciplina militar nenhum governo se sustenta. Esperemos que isto não aconteça simultaneamente com as exigências estrangeiras sobre nossos recursos naturais.


Que Deus guarde ao nosso País.


Gelio Fregapani é escritor e Coronel da Reserva do EB, atuou na área do serviço de inteligência na região Amazônica, elaborou relatórios como o do GTAM, Grupo de Trabalho da Amazônia.


Transcrito do Blog "Alerta Total":
                  
                         http://www.alertatotal.net/

quarta-feira, 16 de maio de 2012


NÃO PRECISA EXPLICAR...


Percival Puggina


Usando as palavras do macaco Sócrates no extinto programa humorístico Planeta dos homens: ... eu só queria entender.

No infinito conjunto das diferenças que permitem tornar distinguíveis entre si bilhões e bilhões de pessoas só há uma coisa em que todas são rigorosamente iguais - a dignidade natural. Da rainha Elizabeth ao selvagem txucarramãe, todo ser humano é portador da mesma e eminente dignidade. Desse ensinamento, nascido da tradição judaico-cristã, derivou o que de melhor se pode colher no pensamento ocidental para inspirar a busca da harmonia em meio às diversidades. Constatar que as diversidades existem, reconhecer méritos e deméritos, são alguns dos inúmeros atos cotidianos que podem implicar diferenciação e discernimento sem, contudo, representarem agressão a alguém. Mas nem sempre é assim.

Todos já presenciamos discriminações ofensivas à dignidade humana em virtude, por exemplo, de pobreza, raça, defeitos físicos, deficiências mentais, sexo e inclinação sexual, religião, posição social. Quem barra o negro por ser negro, segrega o índio por ser índio, vira as costas ao pobre por ser pobre, ridiculariza o feio por ser feio, abandona o enfermo por ser enfermo, impede o crente de se manifestar por ser crente, ou agride o homossexual por ser homossexual, comete transgressão que pode, conforme o caso, caracterizar delito sujeito às penas da lei. São muitas as formas em que se manifesta essa discriminação viciosa, quando não criminosa. Em todos os casos, quem resulta afrontada é a pessoa humana em sua dignidade, em sua integridade e em seus direitos. Ponto. Submeter alguém a trabalho escravo, por exemplo, é ofensa à dignidade de um ser humano e não a um ser humano branco, ou negro, ou pobre, ou mestiço. Essa ideia de classificar as pessoas segundo o que as distingue é coisa de marxista. E leva à clássica simplificação a que chegam os totalitarismos nos quais as pessoas ou são companheiras ou são inimigas.

Um dos resultados dessa reclassificação da humanidade por classe, gênero, ordem, espécie, como se fôssemos insetos, leva aos atuais absurdos.
 
Determinados grupos sociais que se têm como objetos de discriminação, passam a exigir agravamento de penas para os delitos praticados contra indivíduos do respectivo grupo ou subgrupo e/ou reclamam tratamento privilegiado em determinadas circunstâncias do cotidiano social. Denominam a isso de discriminação positiva. Tal expressão e as respectivas práticas nasceram nos Estados Unidos com o nome de "positive discrimination", recentemente substituído por "affirmative actions" como forma de contornar o peso negativo da palavra discriminação que é inerente a essas políticas. É como se os respectivos indivíduos e grupos emergissem para um estamento social superior ao dos demais, catapultados por presumíveis créditos coletivos.

São ideias que me vêm à cabeça quando vejo, por exemplo, um advogado de 35 anos sendo indenizado por ter nascido em Londres. E o que é pior: recebendo a indenização. Esse rapaz era neto de um fazendeiro riquíssimo, chamado João Belchior Marques Goulart. Na condição de descendente de um avô exilado, passou pelo terrível constrangimento de nascer e viver alguns anos na Europa. Querem outro exemplo? Duas colegas e amigas, egressas do mesmo curso superior, prestam concurso público. Uma é branca e a outra, negra. Durante as provas, amigas que são, acompanham os respectivos desempenhos. A moça branca sai-se melhor. No entanto, a amiga, que se inscreveu como cotista, conseguiu aprovação e nomeação, ao passo que a outra, embora com melhores notas, ficou de fora. Não se tratava, aqui, de franquear a alguém o ingresso num curso universitário alargando-lhe a porta do vestibular. O que também seria abusivo. Não. Ambas já haviam superado essa fase. Ambas portavam idêntico diploma do mesmo curso superior. A que foi aprovada no concurso não obteve sucesso pela produtividade intelectual, mas pela produtividade de melanina.

Não existe melhor maneira de uma sociedade enredar-se num novelo de injustiças e contradições do que desconhecer a igual dignidade de todos os seus membros.

______________
* Percival Puggina (67) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Recebido por e-mail.





terça-feira, 8 de maio de 2012


SEMPRE ENGANANDO OS BOBOS.

Percival Puggina

Acho curioso o modo como por vezes são levados os debates. Se eu criticar os Estados Unidos pela guerra no Iraque ou pelo que acontece na prisão de Guantánamo, ninguém na face da terra vai me cobrar uma crítica ao regime cubano. Ninguém. Todos aceitarão que exerço um direito natural de opinião. Mas se disser qualquer coisa sobre a miséria, o totalitarismo e a opressão que pesa sobre a sociedade cubana imediatamente se forma fila para cobrar posição sobre abusos praticados pelos EUA. Entenderam? Junto à intelectualidade brasileira, para falar mal do comunismo tem que pagar pedágio.

Será o comunismo, como proclamam, uma utopia, uma ideia generosa? Seus 100 milhões de cadáveres devem ficar se revirando na cova. Foi um ideal alheio que lhes custou bem caro! Infelizmente mal conduzido, amenizam alguns companheiros. Que tremendo azar! Uma ideia tão generosa e não produziu um caso medíocre que possa ser exibido sem passar vergonha. Durante um século varreu com totalitarismos boa parte da Ásia e da África, criou revoluções na América Ibérica, instalou-se em Cuba e não consegue apresentar à História um único, solitário e singular estadista. Que falta de sorte! Tão generoso, tão ideal, tão utópico, e nenhuma coisa parecida como democracia para botar no currículo. E há quem creia que ainda pode dar certo.

Quanto ao sistema econômico que ficou conhecido como capitalismo (que não é sistema político nem ideologia), eu afirmo que seu maior erro foi aceitar conviver com uma designação deplorável. Contudo, chamem-no assim, se quiserem, embora, a exemplo de João Paulo II, eu prefira denominá-lo "economia de empresa". Suas vantagens sobre um modelo de economia centralizada, estatizada, são irrefutáveis na teoria e certificadas pela prática dos povos. É um sistema que não foi concebido por qualquer intelectual. É um sistema em construção na história, muito compatível, também por isso, com a democracia. Promove a liberdade dos indivíduos e a criatividade humana. Reconhece a importância do mercado. A maior parte dos países que adotam esse sistema atribui ao Estado, em sua política e em seu ordenamento jurídico, a tarefa de zelar pelo respeito às regras do jogo em proteção ao bem comum. Aliás, quem quiser organizar as coisas desconhecendo a autonomia do econômico, submetendo-o a determinações que contrariem o que é da natureza dessa atividade (lembram dos tabelamentos de preços?) vai se dar mal. Vai gerar escassez, câmbio negro, fome. Digam o que disserem os arautos do fracasso do sistema de economia de empresa em vista da crise que afeta alguns países, os embaraços deste momento só se resolverão com atividade empresarial, comércio, pessoas comprando, indústrias produzindo, pesquisa e investimento gerando, expandindo e multiplicando a atividade produtiva.

Outro dia, nas redes sociais, alguém acusou o capitalismo de haver matado milhões. E não deixava por menos. Dezenas de milhões! O sistema? Onde? O capitalismo pode não resolver muitos casos de pobreza. Mas essa pobreza sempre terá sido endêmica, cultural, estrutural, de causa política. Não se conhecem sociedades abastadas que tenham empobrecido com as liberdades econômicas. Tampouco confundamos economia livre, de empresa, com colonialismo ou mercantilismo. Qualquer economia que queira prosperar e realizar desenvolvimento social sustentável vai precisar do empreendedorismo dos empreendedores, da geração de riqueza e de renda, e de coisas tão desejáveis quanto produção e consumo, compra e venda, lucro, salário e poupança interna.

Quem quiser atraso vá visitar os países que ainda convivem com economias centralizadas: Coreia do Norte e Cuba, onde só o armamento da polícia e das forças armadas não é sucata. Ali se planta com a mão e se mata lagarta com o pé. E o povo vive da mão para a boca, prisioneiro do "ideal" generoso que alguns insistem em impingir aos demais.

O Brasil vem sendo governado por socialistas e comunistas há mais de uma década. Embora não ocultem, no plano da política, as intenções totalitárias que caracterizam sua trajetória, num sentido geral vêm respeitando os fundamentos do sistema econômico no qual ainda engatinhamos. E, algo que muito os agrada, vão extraindo dividendo político de seus resultados. Mas procedem com indisfarçável esquizofrenia. Agem de um modo, falam de outro e vão enganando os bobos.

______________
* Percival Puggina (67) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.


Recebido por e-mail.

domingo, 6 de maio de 2012

Entenda por que a questão indígena tornou-se grave ameaça à soberania nacional.


Carlos Newton

A grande imprensa brasileira, como todos sabem, está curvada aos interesses internacionais. Não é um fenômeno atual ou passageiro. Na verdade, a mídia sempre defende os interesses do sistema financeiro e dos grupos econômicos que efetivamente detêm o Poder, pois o barões da mídia oferecem seus serviços a quem possa lhes garantir lucratividade.
É apenas uma questão empresarial. Negócios são negócios, todos sabem. Algumas vezes, os interesses do governo e dos grupos econômicos são os mesmos e até se confundem, como ocorreu nas gestões de Fernando Henrique Cardoso, continuou acontecendo nos mandatos de Lula e também no governo atual de Dilma Rousseff.
Basta analisar o que está acontecendo no que se refere à questão indígena e à Amazônia. Está em curso um movimento da maior importância, que não é noticiado com destaque na imprensa. Não se vê esse assunto em nenhuma manchete de jornal ou em programa de televisão, nem mesmo na imprensa estatal (Agência Brasil), que antigamente se chamava Agência Nacional, ou na TV estatal (Rede Brasil), que antigamente se chamava TVE.
Os jornalistas dessas organizações (Agência Brasil e Rede Brasil) deveriam trabalhar para o Estado, defendendo os interesses nacionais, mas na verdade trabalham apenas para o governo, defendendo apenas os interesses de quem está no Poder, o que é muito diferente.
Em toda a mídia, seja estatal ou privada, raramente se lê alguma matéria relatando que as diferentes tribos indígenas estão exigindo que o Brasil reconheça e obedeça os termos da Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas. Não se fala nisso, é um assunto tabu.
O fato é que em 2007 os representantes do Brasil na ONU assinaram esse importante tratado internacional, que declara a independência administrativa, política, econômica e cultural das chamadas nações indígenas, que se tornariam países autônomos, com leis próprias, e nem mesmo as Forças Armadas brasileiras teriam o direito de entrar em seus territórios.
O governo brasileiro assinou e depois se arrependeu, mas já era tarde. Será que os diplomatas não perceberam que estavam concedendo autonomia a 216 nações indígenas, que já detêm mais de 10% do território nacional? É difícil de acreditar, porque durante anos de negociações o Itamaraty sempre repudiou o tratado, que foi assinado pelo Brasil no governo Lula, quando Celso Amorim era ministro das Relações Exteriores.
O fato de o Brasil ter aceitado sem ressalvas o acordo internacional, que foi rejeitado ou assinado com ressalva por vários países, como Estados Unidos, Nova Zelândia, Austrália, Rússia e Argentina, é um dos motivos do baixo prestígio de Celso Amorim junto à cúpula das Forças Armadas.

 NINGUÉM SABIA NADA
Na época, preocupado com a gravidade da falha da diplomacia brasileira, que assinou o tratado sem ressalvas, estive pessoalmente no Congresso, e foi grande a surpresa dos parlamentares, quando levantei o assunto. No PT, ninguém sabia nada a respeito. Os principais deputados, como João Paulo Cunha e Arlindo Chinaglia, desconheciam inteiramente o assunto.
Procurei então parlamentares da oposição e que se interessam na defesa da Amazônia, como os senadores Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e Artur Virgilio (PSDB-AM), também não sabiam de nada. Encontrei no Salão Verde da Câmara o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que diz defender os interesses nacionais, mas também não tinha a menor idéia sobre o que estava acontecendo, acreditem se quiserem.
Escrevi então uma série de reportagens a respeito na Tribuna da Imprensa, inclusive relatando a firme atuação da Maçonaria contra o Tratado da ONU, e a questão passou a ser discutida nos bastidores do Poder, porque nenhum outro grande jornal ousou tocar no assunto.
É incrível, mas são fatos verdadeiros e sem contestação. Os quatro parlamentares citados estão vivos, três deles continuam no Congresso. Apenas Artur Virgilio não foi reeleito.
E acontece que na Câmara e no Senado ninguém sabia nada, porque o importantíssimo assunto foi abafado pela grande imprensa e o governo Lula nem teve coragem de enviar ao Congresso o tratado internacional, que precisa de ratificação do Poder Legislativo.
Como o Tratado da ONU ainda não tinha sido enviado ao Congresso, no ano passado entrei em contato com o gabinete do senador Fernando Collor, presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, e mandei uma série de perguntas sobre o assunto, ele nem respondeu.

 INDEPENDÊNCIA OU MORTE?
A presidente Dilma Rousseff também está segurando o tratado na gaveta. Se o governo brasileiro já estivesse cumprindo integralmente os termos da Declaração da ONU, nem estaria em discussão o contrato assinado por índios do Pará, que venderam por US$ 120 milhões os direitos sobre uma área no Estado. O contrato foi firmado com a empresa irlandesa Celestial Green Ventures.
Ao mesmo tempo, não se noticia que as tribos indígenas da chamada Amazônia Legal, que detêm cerca de 25% do território brasileiro de reserva ambiental, onde é proibida atividade econômica, estão mobilizadas para defender a mineração nessas áreas de preservação. E não se trata de um movimento brasileiro, mas de caráter internacional.
Representantes de etnias do Brasil, da Colômbia, do Canadá e do Alasca chegaram a preparar uma “carta declaratória” aos governos brasileiro e colombiano, reivindicando os direitos indígenas à terra e o apoio à mineração.
“Solicitamos ao Estado brasileiro a aprovação da regulamentação sobre mineração em territórios indígenas, porque entendemos que a atividade legalmente constituída contribui com a erradicação da pobreza”, diz o documento.
Se o tratado da ONU for cumprido, as tribos nem precisam reivindicar o direito de mineração em suas respectivas reservas, porque serão países independentes, segundo os incisivos termos da Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas, que está disponível a todos na internet, mas poucos se interessam em ler.
O pior é que, mesmo se o governo brasileiro continuar sem cumprir o mandato, poderá ser obrigado a fazê-lo, porque as tribos indígenas já estão procurando os tribunais internacionais da OEA e da própria ONU, para exigir a “autonomia política, econômica e social” que os diplomatas brasileiros gentilmente lhes concederam.
E agora em junho, na Conferência da ONU sobre Meio Ambiente, a ser realizada no Rio, o principal assunto será a criação do Tribunal Internacional do Meio Ambiente, que terá poderes de sancionar países infratores, como é o caso específico do Brasil. Nossos diplomatas vão adorar. Já podemos ver o Celso Amorim a bater palmas para a ONU.

 

Transcrito da Tribuna da Internet:
                                   
                     http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=33968  

  

sexta-feira, 4 de maio de 2012



A falta de tradição turística.


 João Bosco Leal 

Todos sabem que quando ocorre um feriado prolongado como o de agora, quando o verdadeiro feriado foi numa terça feira, é muito comum as pessoas viajarem. Aliás, pensei que todos soubessem, mas parece que não é o que está ocorrendo com os responsáveis pela Secretaria de Turismo da cidade de Campo Grande, MS.
Recebendo uma visita vinda de outro estado e que não conhecia a cidade, resolvi dar uma volta mostrando-lhe o que tínhamos de diferente na cidade, antes de sair para algum outro ponto turístico no interior.
Passeando pelo Parque das Nações Indígenas, fui até o CRAS - Centro de Recuperação de Animais Silvestres, que é um local onde a Polícia Militar Ambiental trata de animais encontrados feridos nas estradas de MS ou apreendidos em cativeiros irregulares, antes de reconduzi-los a seu habitat natural.
Para quem não conhece Campo Grande, esse Parque possui centenas de hectares de preservação ambiental cercados, com a vegetação ainda intocada pelo homem, com muitas árvores nativas e por onde transitam muitos animais nativos como Quatis, Macacos, Araras, Papagaios e dentro do CRAS é possível ver uma quantidade bem variada de animais, o que imaginei ser interessante para um turista de um grande centro urbano sem acesso a esse tipo de visitação em sua cidade.
Para minha surpresa, o CRAS estava fechado, pois não funciona nas segundas feiras, e na portaria fui informado pelo policial de plantão que lá só se poderia entrar com horário previamente agendado. Incrédulo, estou até o momento sem entender qual o raciocínio desenvolvido pelos responsáveis na administração de uma atração turística como esta, que permitem que a mesma fique fechada ou necessitando de agendamento para visitação no meio de um feriado prolongado.
Com o turista frustrado, fui até outro ponto interessante, o Museu José Antonio Pereira, que é o museu instalado onde teoricamente foi construída a primeira casa da cidade, a de seu fundador, com a mesma ainda mantida com Monjolo, Moega de Cana movida pela tração animal, Carro de Boi etc., mostrando exatamente como se vivia há mais de um século.
Nova surpresa. O museu também estava fechado e com uma placa dizendo que só funciona de terça a sábado. Certo, pensei, mas em datas especiais como a de um feriado prolongado não se abrem exceções? Será que ninguém da Secretaria de Turismo do Município imagina a possibilidade de que em dias assim apareceriam turistas?
Essa possibilidade é tão real que imediatamente, enquanto admirávamos o fato do portão estar trancado, chegou outro veículo com turistas e logo em seguida um terceiro. Conversávamos e havia turistas de Salvador, São Paulo e Paraná distribuídos nos três veículos.
A decepção generalizada logo deu motivo para discussões sobre o despreparo de nossas autoridades, que ainda não se deram conta da importância do turismo como cultura e arrecadação de recursos, para o município, estado ou país. Isso é tão claro atualmente em todo o mundo que os Estados Unidos estão alterando até o prazo de validade do passaporte dos brasileiros e aqui abrindo novos postos de emissão de vistos de entrada naquele país, para atrair mais turistas brasileiros para lá gastarem seus dólares.
Cidades como Bonito, em MS, estados e até países tem sua principal fonte de arrecadação no turismo, mas em Campo Grande, MS, a administração pública ainda não entendeu a importância econômica e cultural do turismo.
Com todas as possibilidades existentes, o despreparo para melhor exploração turística em nosso país chega a ser irresponsável.



*Jornalista, escritor e produtor rural

Recebido por e-mail.