sexta-feira, 4 de maio de 2012



A falta de tradição turística.


 João Bosco Leal 

Todos sabem que quando ocorre um feriado prolongado como o de agora, quando o verdadeiro feriado foi numa terça feira, é muito comum as pessoas viajarem. Aliás, pensei que todos soubessem, mas parece que não é o que está ocorrendo com os responsáveis pela Secretaria de Turismo da cidade de Campo Grande, MS.
Recebendo uma visita vinda de outro estado e que não conhecia a cidade, resolvi dar uma volta mostrando-lhe o que tínhamos de diferente na cidade, antes de sair para algum outro ponto turístico no interior.
Passeando pelo Parque das Nações Indígenas, fui até o CRAS - Centro de Recuperação de Animais Silvestres, que é um local onde a Polícia Militar Ambiental trata de animais encontrados feridos nas estradas de MS ou apreendidos em cativeiros irregulares, antes de reconduzi-los a seu habitat natural.
Para quem não conhece Campo Grande, esse Parque possui centenas de hectares de preservação ambiental cercados, com a vegetação ainda intocada pelo homem, com muitas árvores nativas e por onde transitam muitos animais nativos como Quatis, Macacos, Araras, Papagaios e dentro do CRAS é possível ver uma quantidade bem variada de animais, o que imaginei ser interessante para um turista de um grande centro urbano sem acesso a esse tipo de visitação em sua cidade.
Para minha surpresa, o CRAS estava fechado, pois não funciona nas segundas feiras, e na portaria fui informado pelo policial de plantão que lá só se poderia entrar com horário previamente agendado. Incrédulo, estou até o momento sem entender qual o raciocínio desenvolvido pelos responsáveis na administração de uma atração turística como esta, que permitem que a mesma fique fechada ou necessitando de agendamento para visitação no meio de um feriado prolongado.
Com o turista frustrado, fui até outro ponto interessante, o Museu José Antonio Pereira, que é o museu instalado onde teoricamente foi construída a primeira casa da cidade, a de seu fundador, com a mesma ainda mantida com Monjolo, Moega de Cana movida pela tração animal, Carro de Boi etc., mostrando exatamente como se vivia há mais de um século.
Nova surpresa. O museu também estava fechado e com uma placa dizendo que só funciona de terça a sábado. Certo, pensei, mas em datas especiais como a de um feriado prolongado não se abrem exceções? Será que ninguém da Secretaria de Turismo do Município imagina a possibilidade de que em dias assim apareceriam turistas?
Essa possibilidade é tão real que imediatamente, enquanto admirávamos o fato do portão estar trancado, chegou outro veículo com turistas e logo em seguida um terceiro. Conversávamos e havia turistas de Salvador, São Paulo e Paraná distribuídos nos três veículos.
A decepção generalizada logo deu motivo para discussões sobre o despreparo de nossas autoridades, que ainda não se deram conta da importância do turismo como cultura e arrecadação de recursos, para o município, estado ou país. Isso é tão claro atualmente em todo o mundo que os Estados Unidos estão alterando até o prazo de validade do passaporte dos brasileiros e aqui abrindo novos postos de emissão de vistos de entrada naquele país, para atrair mais turistas brasileiros para lá gastarem seus dólares.
Cidades como Bonito, em MS, estados e até países tem sua principal fonte de arrecadação no turismo, mas em Campo Grande, MS, a administração pública ainda não entendeu a importância econômica e cultural do turismo.
Com todas as possibilidades existentes, o despreparo para melhor exploração turística em nosso país chega a ser irresponsável.



*Jornalista, escritor e produtor rural

Recebido por e-mail.

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