sábado, 24 de dezembro de 2011





NOTAS DO HUMOR POLÍTICO CARIOCA!


1. Nos jornais, Estado diz que obras do Metrô no Leblon e Ipanema vão fechar ruas e garagens, moradores usarão valets, e metrô de Ipanema vai fechar por um ano e volta a parar no início de Copacabana.

2. No dia seguinte, nos jornais, Prefeitura do Rio diz que não vai acontecer nada disso que o Estado quer, e que obras não vão parar Leblon e Ipanema. 2012 é ano eleitoral.

3. O traçado do Metrô, via Leblon e Ipanema esvazia a função -escritórios e comércio- do Centro da Cidade. Bem que os moradores pediram que o traçado fosse Gávea-Jardim Botânico-Botafogo.

4. Jornais dizem que Prefeitura do Rio vai proibir que livrarias e bares do Leblon mudem de finalidade. Ou seja, ninguém mais vai pedir alvará para bar e restaurante, pois seria um congelamento. Na prática, estão proibidas novas livrarias e novos bares.

5. Os fogos do réveillon em Copacabana vão durar 16 minutos, 25% menos que em anos anteriores.

6. Meses atrás, jornais mostraram mega projeto "eikeano" abanado pela Prefeitura para a Marina da Glória. Agora se informa que é impossível.

7. Meses atrás, jornais mostraram grande projeto abanado pela Prefeitura para transformar as cocheiras do Jóquei em Escritórios sofisticados. Agora, Prefeitura descobriu que é área preservada e de mansinho saiu fora e se informa que não ocorrerá mais, através de um decreto clone.

8. Prefeitura informa que Elevado da Perimetral será derrubado até depois da Praça XV. Em seguida -discretamente- é informada que isso é impossível.

9. Empreiteira que fará túnel na área portuária não sabe o que fazer com os pilares da Perimetral que estarão de pé durante a obra: túnel paralelo a eles? Ziguezague?

10. Especialistas de trânsito dizem que com o túnel da área portuária teremos o mais caro deslocamento de engarrafamento -de cima para baixo- do mundo. Um super engarrafamento subterrâneo.

Transcrito do Ex-Blog do César Maia de 21 de dezembro.



SE FOR A MORTE DE JESUS QUE NOS SALVA, LOUVEMOS SEUS CARRASCOS


Devemos condenar ou aplaudir o grande pecado da morte de Jesus na cruz?

Eu não vejo a Bíblia como um livro só de mensagens de verdades do mundo espiritual para nós, pois há espíritos maus (atrasados) no mundo espiritual, que também se manifestam nela. E não podemos atribuir a Deus de forma alguma os erros bíblicos. Portanto, saibamos separar o joio do trigo, com relação aos espíritos na Bíblia.

E quando uma mensagem bíblica é boa, só podemos dizer que ela é de Deus, no sentido de que ela é do bem, mas não diretamente de Deus, pois Ele mesmo não se manifesta jamais diretamente, mas apenas através de um espírito evoluído enviado (anjo) imantado num profeta ou médium. Mas não devemos esquecer que anjo (“malak” em hebraico, “aggelos” em grego, e “angelus” em latim) significa mensageiro, enviado, “office-boy”. Todo anjo é espírito, mas nem todo espírito é anjo. E os espíritos desencanados são enviados ao nosso mundo por meio de médiuns especiais ou profetas, os quais trazem mensagens para nós por escrito (psicografia) ou oralmente (psicofonia). Porém eles devem ser examinados por nós, para sabermos se são espíritos bons ou maus. (1 João 4:1; e 1 Coríntios 12:10). Lembremo-nos da expressão “anjos maus”, ou seja, enviados maus. E, se eles se manifestaram na Bíblia por meio de médiuns especiais ou profetas durante séculos e séculos, por que eles não poderiamcontinuar se manifestando a nós, se eles são espíritos humanos desencarnados que continuam vivos – “Deus não é Deus de mortos, mas de vivos” – , e quando sabemos que Deus não faz acepção de pessoas? Não se trata, pois, de manifestação do Espírito Santo trinitário, tido por uma parte dos cristãos como sendo o próprio Deus. Se fosse assim, não precisaríamos examinar os espíritos e distingui-los. Sempre que o mundo é mundo, espíritos humanos desencarnados e até encarnados se manifestam através de médiuns especiais. Todas as religiões do mundo conhecem e têm fenômenos mediúnicos, e deles surgiram. O cristianismo é rico desses fenômenos. Até quando, pois, ele vai conseguir esconder oficialmente essa verdade? Só falta aos seus líderes religiosos humildade bastante para a reconhecerem. O Nazareno disse que nada ficará oculto. E a realidade a respeito desses fenômenos mediúnicos (espirituais para são Paulo) já veio à tona para a grande maioria dos espiritualistas do mundo, e isso com o respaldo da ciência.

E é lamentável que os próprios espíritos maus sejam confundidos, desde épocas remotas, com o próprio Deus. Daí que as religiões antigas, entre elas o judaísmo, concluíram que Deus gosta de sangue, o que através de São Paulo entrou no cristianismo. De fato, o apóstolo Paulo, influenciado por religiões antigas da Palestina e de nações circunvizinhas, exaltou os sacrifícios de sangue, mas temos Jesus que disse: “Misericórdia quero e não holocaustos” (Mateus 9:13).

Aos afeiçoados ao que eu denomino de teologia do sangue, eu digo que espíritos atrasados apreciam muito o sangue derramado de animais e seres humanos. Pergunto a esses teólogos do sangue: Que Deus é esse que se deleitaria com sangue?

Repudiemos e condenemos, pois, as torturas e a morte ignominiosa de Jesus na cruz, que podem ser deleitosas para espíritos atrasados, mas jamais para Deus!

PS:

A Revista “Espiritismo & Ciência” No 91, nas bancas do Brasil e Europa, traz uma entrevista com este colunista e mais duas matérias dele.

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar “TODAS AS COLUNAS”. Podem ser feitos comentários abaixo da coluna. Ela está liberada para publicações. Ficarei grato pela citação nelas de meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, Ed. EBM (SP), “O Espiritismo Segundo a Bíblia”, Editora e Distribuidora de Livros Espíritas Chico Xavier, Santa Luzia (MG), “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.


Recebido por e-mail.



sexta-feira, 23 de dezembro de 2011


Olhando para cima


De uma amiga recebi um e-mail retratando um falcão, um morcego e um zangão em situações parecidas.

O falcão havia sido colocado em um cercado de tela com o diâmetro de um metro quadrado onde, apesar da parte superior ser totalmente aberta, ele se tornara prisioneiro, simplesmente por estar acostumado a dar uma pequena corrida em terra antes de alçar vôo. Sem o espaço para sua corrida, permanecia prisioneiro de uma cela sem teto, sem ao menos tentar bater suas asas e voar.

O morcego, famoso por suas habilidades e agilidades no ar, acostumado a se lançar em vôo para baixo, quando colocado em um piso totalmente nivelado não consegue sair, andando de forma confusa, procurando alguma pequena elevação de onde possa se lançar ao vôo, sem sequer experimentar jogar-se para cima e bater suas asas.

O zangão colocado em um pote com a tampa aberta lá permanecerá até sua morte, totalmente destruído, por persistir na tentativa de sair pelas laterais próximas ao fundo, onde não há saída, jogando-se contra as paredes do vidro sem buscar a saída pelo alto

Existem pessoas que se comportam como o falcão, o morcego e o zangão, atirando-se contra obstáculos sem buscar outras possíveis saídas para seus problemas.

E mesmo quando nenhuma saída é encontrada, são incapazes de olhar para uma que sempre existiu, existe e existirá, aquela que está acima de tudo e de todos. Olhe para cima certamente a encontrará.

Imagino um pai, de qualquer raça, origem, posição social, financeira, cultura e educação. Ele é incapaz de impor a seu filho uma carga maior do que a que ele poderá suportar. Assim penso do meu, o mesmo de todos.

Depois de muitas outras já realizadas e comemorando a cura de um câncer, adquiri uma motocicleta nova, da marca e modelo sonhada durante anos e com amigos parti para uma nova viajem a um país vizinho.

Tudo estava perfeito, tranquilo, até que na volta, a poucos quilômetros de chegar ao Brasil, um bêbado estacionado com seu veículo às margens da rodovia resolveu fazer o contorno, exatamente no momento em que ia passar por ele.

A pancada nem cheguei a ver, ou se vi não me lembro, mas sei que metade do fígado foi perdido no impacto, fiquei doze dias em coma, passei por treze cirurgias num espaço de duzentos e oitenta dias e permaneci vinte e seis meses entre cama, cadeira der rodas, andador e muletas.

Em nenhum momento após estar lúcido, alguém me viu reclamar de algo, uma dor, nada. Não era necessário e de nada adiantaria, não poderiam me ajudar e eu já sabia que a batalha seria vencida, pois se aquilo me ocorria era porque tinha capacidade de suportar.

Era a resposta que dava a todos os amigos e amigas que me perguntavam sobre dores, como suportava sem nada reclamar ou estava sempre pronto para qualquer nova intervenção cirúrgica que os médicos julgassem necessária.

Esse é o motivo que me faz levar com tranquilidade todas as dificuldades colocadas em meu caminho. Sei que vencerei.

Apesar de haver perdido meu pai biológico ainda com doze anos, meu pai celestial, o de todos, sempre mostrou ter por nós um amor muito maior do que recebido pelos que possuem o seu na terra e se os terrenos querem bem aos filhos, imagine ÊLE.

Aprendi que sou capaz de superar todas as dificuldades, simplesmente olhando para cima. Lá, à distância de uma simples oração, está QUEM sabe que sou capaz.

João Bosco Leal www.joaoboscoleal.com.br

Recebido por e-mail.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011




PARA SABEREM QUEM É QUE MANDA


Percival Puggina


A Lei da Palmada é produto do politicamente correto, que tem por objetivo submeter liberdade e consenso às rédeas de dissensos minoritários. E é mais uma intromissão do Estado na vida privada. Bastaria isso para determinar sua rejeição. Mas ela passou na Câmara dos Deputados e segue a toque de caixa para o Senado. A pedagogia do politicamente correto está produzindo alunos que batem nos professores, mas está convencida de que falta um pouco mais do mesmo. Vale dizer, ainda menos disciplina para ainda mais porrada e bullying.


Tudo isso é certo e sabido. Mas o que não se diz é que a Lei da Palmada é irmã da Lei do Desarmamento, do PNDH-3, do vestibular do ENEM, da Lei de Quotas Raciais, do perfil que deram ao STF, da Lei da Homofobia, do marco regulatório da imprensa e por aí vai. Ou seja, não se diz, ou pouco se diz, que há uma ideologia soprando essa praga sobre as famílias brasileiras assim como o vento espalha fungos nas lavouras. É a ideologia do totalitarismo, que implica um Estado com o monopólio da força e com amplas funções modeladoras em relação às instituições da sociedade, entre elas a instituição familiar (quando deveriam ser estas a orientar e domar o Estado!). Recentemente, em programa de tevê, uma pedagoga integrante do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente pregava: "O Estado tem o dever de educar a sociedade para novos padrões de conduta". Ela estava convencida, por essa ideologia maldita, que é obrigação do Estado comandar o leitor destas linhas não apenas sobre coisas como declarar sua renda ou se comportar no trânsito, mas sobre como educar seus filhos. O melhor castigo, dizia um psicólogo que aplaudia a aprovação da lei na Câmara dos Deputados, é substituir uma atividade prazerosa da criança por outra menos prazerosa. Punição, como tal, nunca papai. Nunca mamãe. E depois, bem feito: aguentem os malfeitos que virão.


Os corretos limites do uso da força já estão dados tanto no Código Civil (perdem o pátrio poder os pais que castigarem imoderadamente os filhos), no Código Penal (punições para casos graves de violência contra crianças e adolescentes) e no ECA (idem). Não era necessária qualquer legislação especial. A estratégia adotada para aprovação da lei na Câmara consistiu em levar o debate como se houvesse dois blocos: os contra a palmada e os a favor da palmada. Haverá alguém a favor da palmada? Alguém é a favor da quimioterapia? No entanto, há situações concretas no ambiente familiar que se resolvem com a simples possibilidade da aplicação de uma palmada.


Transformá-la em tema de lei federal, objeto de delação, é completa demasia que nasce, forçosamente, de uma visão totalitária de Estado. Não hesito em afirmar que prejudiciais, mesmo, ao desenvolvimento saudável das crianças são outras coisas muito frequentes na sociedade. A saber: 1) a educação permissiva, que não estabelece limites e franqueia acesso aos vícios socialmente tolerados e não tolerados; 2) a indiferença dos pais em relação ao que fazem os filhos e ao seu preparo para a aventura de viver; e 3) a violência verbal, que faz decair o mútuo respeito e a autoridade paterna.


A afirmação de que a palmada introduz a violência na instituição familiar é cristalinamente falsa. A violência entra em casa pela janela, pela porta da rua, pela antena da tevê, pelo bar da esquina e pelo beco onde se aloja o traficante. Ante elas, a eventual palmadinha educativa é o que de fato significa: sinal de amor que educa. Ao contrário do que pensam a deputada Maria do Rosário e seus colegas que aprovaram o projeto, essa lei não coibirá a violência contra as crianças. Se os três instrumentos já existentes (Código Civil, Código Penal e ECA) não conseguiram coibir os maus tratos dentro de casa, não contiveram os pais abusadores e violentos, não será uma lei que proíbe a palmada aplicada pelos pais amorosos e responsáveis que vai produzir isso. O que ela fará é ensinar às crianças (até porque prevê aulas de esclarecimento nas escolas) que é o Estado quem manda naquele pedaço que elas chamam de minha casa, meu barraco, meu apê, minha família.


______________

* Percival Puggina (66) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.







"O PAÍS (GOVERNO DILMA) ESTÁ À DERIVA"!


Marco Antonio Villa- historiador, professor da Universidade Federal de São Carlos - Folha de SP (17).

1. Neste ano ficou provado, mais uma vez, que o presidencialismo de transação é um fracasso. A partilha irresponsável da máquina pública paralisou o governo. A incapacidade de gestão -já tão presente no final da Presidência de Lula- se aprofundou. A piora do quadro internacional não trouxe qualquer tipo de preocupação para o conjunto do governo.

2. O governo brasileiro mantém-se como um observador passivo, e demonstrando até certo prazer mórbido com os problemas europeus e com a dificuldade da recuperação dos Estados Unidos. Como se não pudesse ser atingido gravemente pelos efeitos de uma crise no centro do sistema capitalista.

3. O país está à deriva. Navega por inércia. A queda da projeção da taxa de crescimento é simplesmente uma mostra da incompetência. Mas o pior está por vir. Não foi desenvolvido nenhum plano para enfrentar com êxito a nova situação internacional. Tempo não faltou. Assim como sinais preocupantes no conjunto da economia e nas contas públicas. A bazófia e o discurso vazio não são a melhor forma de enfrentar as dificuldades. É fundamental ter iniciativa, originalidade, propostas exequíveis e quadros técnicos com capacidade administrativa, mas o essencial é mudar a lógica perversa deste arranjo de governo.

4. Dizendo o óbvio -que na nossa política nem sempre é evidente-, o objetivo do governo não é saciar a base de sustentação política com o saque do erário, como vem ocorrendo até hoje. Deve ter um mínimo de responsabilidade republicana, pensar no país, e não somente no projeto continuísta.

Transcrito do Ex-Blog do César Maia de 19 de dezembro.



domingo, 18 de dezembro de 2011


AS PRATELEIRAS DA HISTÓRIA

Percival Puggina



Está em discussão na Câmara de Vereadores de Porto Alegre um projeto de lei que pretende mudar o nome da Avenida Castelo Branco para Avenida da Legalidade. A vereadora do PSOL que teve a iniciativa do projeto alega que Castelo Branco foi o primeiro presidente do regime militar, um ditador segundo ela, e que a homenagem, portanto, não se justifica.


A primeira contestação salta aos olhos de qualquer analfabeto. Como ficam, perante esse critério, tantas ruas, praças e avenidas com o nome de Getúlio Vargas (para não mencionar Floriano Peixoto, Julio de Castilhos, Borges de Medeiros e tantos outros)? Getúlio implantou uma ditadura duríssima entre 1937 e 1945. A vereadora contrapôs aos que lhe apresentavam esse argumento, que Getúlio, antes de ser ditador, havia sido eleito... Impressionante desconhecimento de história! Getúlio Vargas disputou a eleição presidencial de 1930 contra o paulista Julio Prestes e perdeu por uma diferença de 300 mil votos, numa eleição com 1,8 milhão de votantes. As alegações de fraudes surgiram de parte a parte e parecem bem prováveis diante do fato de que nosso conterrâneo fez 100% dos votos do Rio Grande do Sul! Aliás, João Neves da Fontoura, logo após o pleito, afirmou, em um dos muitos prenúncios da revolução que se seguiria: "Com esses homens e essas leis essa foi a última eleição presidencial no Brasil". Portanto, Getúlio assumiu a presidência em 1930 conduzido por um levante armado que depôs o presidente Washington Luís e impediu a posse do recentemente eleito Júlio Prestes. Foi como chefe de um Governo Provisório que exerceu o poder até 1934, revogadas por decreto as garantias da Constituição de 1891. Em 1934, ante as insistentes pressões legalistas que já haviam eclodido em São Paulo em 1932, convocou uma Constituinte. Foi essa Constituinte que, por via indireta, o elegeu para um novo mandato com início em 1934 (Castelo, aliás, também foi eleito pelo Congresso). Quando se aproximava o fim desse segundo período, Vargas instaurou o Estado Novo, tornando-se ditador até ser deposto em 1945. Portanto, ele só chegou ao poder pelo voto popular na eleição presidencial de 1950.

Não surpreende a incoerência da vereadora nem seu desconhecimento da recente história republicana. Para determinadas ideologias, a história funciona como um armário de utilidades, uma despensa onde se apanha o que for necessário para cozinhar segundo as receitas do momento. Reprovar a ditadura de Vargas não serve porque o são-borjense foi mitificado no imaginário nacional. O afastamento entre a deposição de Getúlio e a posse de Castelo foi de apenas vinte anos. E nós estamos a meio século dos fatos de 1964! Contudo, embora as circunstâncias nacionais e internacionais de cada época estejam devidamente disponíveis nas prateleiras da história, não há, para a esquerda hegemônica conveniência política em ir buscá-las. Por quê? Porque existem correntes políticas que precisam do conflito, do antagonismo. Quanto maior aquele e mais exacerbado este, melhor.


Não se trata de andar na direção de qualquer êxito político porque o sucesso da política é a superação do conflito. Aliás, a política não existe para promover confrontos, mas para superá-los. E incontáveis vezes, na história dos povos, ela dá solução a traumas e disputas que o Direito não consegue resolver. Foi o caso das tantas anistias ocorridas ao longo da nossa história. Foi o caso, inclusive, desta última, constitucionalizada, que as mesmas correntes ideológicas de hoje querem revogar por muitos modos. Entre eles, pela substituição de nomes de logradouros públicos. Em quaisquer de suas expressões, andam além da margem de qualquer êxito político, no bom sentido dessa palavra. São, isto sim, sintomas de uma nostalgia enfermiça em relação àquele terrível ambiente político, geopolítico e ideológico que instauraram, em escala mundial, durante o século passado.


______________

* Percival Puggina (66) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.


Recebido por e-mail.

Comento:

Mais um excelente artigo do Percival Puggina, colocando a descoberto toda a manipulação dos fatos históricos, registrados a exaustão em diversos documentos, sendo injustificável, portanto, seu desconhecimento.

Outros artigos igualmente interessantes e reveladores sobre a conjuntura política podem ser lidos no Blog do Percival Puggina, vale a visita:


http://www.puggina.org/




sábado, 17 de dezembro de 2011


PELA BÍBLIA E OS ESPÍRITAS, JAVÉ NÃO É O DEUS PAI NOSSO E DE JESUS


Javé é um Espírito protetor do povo hebreu que mais se manifesta no Velho Testamento, e que foi confundido com o próprio Deus, que jamais se manifestou diretamente na Bíblia e em lugar nenhum e a ninguém.

Até Moisés se enganou, temporariamente, quanto a Javé, tomando-O como se fosse o Deus absoluto e verdadeiro. E assim também pensavam os teólogos do VT e NT. E ainda até hoje, assim pensam muitos judeus e cristãos. É o que davam a entender estes textos: “Falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala a seu amigo...” (Êxodo 33:11); “Eu sou o Senhor vosso Deus” (Levítico 19:31 e 34); e “Eu sou o Senhor” (Levítico 19:37; e 22: 2 e 3). Se se tratasse de Deus mesmo, Javé não teria essa grande preocupação de se identificar como Deus, que não tem nenhuma necessidade.

Todos os povos têm um espírito protetor especial. É o caso de Javé com o povo hebreu, como nos ensinam também os espíritas. Javé, realmente, sempre se apresentou como sendo um defensor do povo hebreu. E pelas suas características, Ele é um espírito humano imperfeito, pois é ciumento, guerreiro, vingativo e discriminador de pessoas e povos, quando a própria Bíblia afirma que Deus não faz acepção de pessoas. (Atos 10:34; Romanos 2:11; Deuteronômio 10:17; Gálatas 2:6; e 1 Pedro 1:17). Javé até se arrepende de ter criado o homem. (Gênesis 6:6). E quem se arrepende de ter feito alguma coisa, é porque errou. Ora, Deus é infalível, não erra. Alguém poderia dizer que, quando esse texto fala que Deus se arrependeu, se trata de uma figura de linguagem, e que ele não pode, pois, ser interpretado literalmente. Mas para o povo judeu antigo assim Javé era visto. E não é que esse povo antropomorfizou Deus, já que Javé era mesmo um espírito humano. Mas parte do cristianismo antropomorfizou Deus, transformando-O em pessoa, e Javé no próprio Deus absoluto, como estamos vendo. O Deus absoluto e verdadeiro é o Pai (e Mãe) de Jesus e de todos nós.

Moisés que, como vimos, disse ter falado face a face com Deus, mais tarde, corrige esse seu equívoco, falando que Deus lhe teria dito: “... Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá.” (Êxodo 33:20). Na verdade, um espírito (anjo) lhe falou em nome de Deus. João, o Evangelista, afirma também: “Ninguém jamais viu a Deus.” (1 João 4:12). E Jesus o confirma, dizendo que ninguém jamais viu a Deus. (João 1:18).

Como se vê, a Bíblia tem coisas que se divergem entre si, pelo que temos que estudá-la com todos os recursos da ciência e da razão, para que possamos entender corretamente a sua verdadeira mensagem do mundo espiritual para nós, mensagem essa muito importante para nós, a ponto de a chamarmos de divina, pois de fato, ela contém verdades divinas essenciais para nós, isto é, de amor a Deus e ao próximo de modo incondicional. Mas saibamos separar o joio do trigo, pois ela tem ouro, mas tem também cascalho, escrita que foi por homens. “Ontem, a Bíblia dirigia a ciência, hoje é a ciência que a dirige”.

E conforme Êxodo 15:3, Javé é mesmo um espírito humano: “O Senhor é homem de guerra; Senhor é o seu nome.”

PS:

  1. Lançado o livro em quadrinhos “Kardec”, de Carlos Ferreira e Rodrigo Rosa, Ed. Barba Negra, prefácio de Marcel Souto Maior, autor de “As Vidas de Chico Xavier”.

  2. Viagem ao Egito e Israel com o experiente cicerone espírita Prof.SeverinoCelestino.Contato:rwturismo@rwturismo.com.br. Tel. (11) 3667-3506 (Márcia ou Wanda).


Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves é publicada às segundas-feiras no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, e pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar “TODAS AS COLUNAS”. Podem ser feitos comentários abaixo da coluna. Ela está liberada para publicações. Ficarei grato pela citação nelas de meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, Ed. EBM (SP), “O Espiritismo Segundo a Bíblia”, Editora e Distribuidora de Livros Espíritas Chico Xavier, Santa Luzia (MG), “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

Recebido por e-mail.


sábado, 3 de dezembro de 2011




O TEMPO


Alguns anos atrás, de um médico que me salvou de um grande problema com uma cirurgia, ganhei um livro do filósofo Sêneca, "As relações humanas". É a transcrição de uma série de cartas que o autor, já em sua velhice, após ter se retirado da Corte do Império Romano e vivendo em sua casa de campo entre os anos de 62 e 65 d.C., escreveu a Lucílio, seu discípulo e amigo.

Em uma delas Sêneca diz: "Sê o proprietário de todas as tuas horas. Serás menos escravo do amanhã se te tornares dono do presente. Enquanto a remetemos para mais tarde, a vida passa. Nada, Lucílio, nos pertence; só o tempo é nosso."

Penso que, principalmente por haver escapado de uma doença que atualmente acomete e mata tantas pessoas, sem sequer ter de fazer nenhum tratamento além da cirurgia, acabei por entender com mais profundidade o que Sêneca tentava passar a seu aluno.

Todos sempre falamos bastante sobre o tema "como deveríamos viver", mas dificilmente levamos a vida de modo a aproveitar verdadeiramente o que é a única coisa que realmente nos pertence - o tempo.

Assisti a uma comédia retratando um empresário de sucesso, sem tempo nenhum para a família que, ao ouvir da esposa reclamações desse tipo respondia da maneira mais comum a todos: o que está lhe faltando? Dou a você e às crianças tudo o que me pedem... e tudo o mais que todos já sabemos sobre esse tipo de argumento.

Quando a esposa lhe dizia que o que faltava a ela e aos filhos era sua presença, amor, carinho e companheirismo, sua resposta era a de que não tinha tempo para essas bobagens e que ela deveria estar sempre agradecida de possuir tudo, do bom e melhor enquanto milhões gostariam de possuir o que ela tinha.

No filme, logo ao desligar o telefone o empresário recebeu aquela visita que ninguém quer receber - a senhora morte -, que lhe informou haver chegado sua hora e que viera buscá-lo.

Apavorado o homem fez todos os apelos possíveis, dizendo que tinha muitos negócios pendentes que dependiam de sua decisão, várias reuniões e viagens de negócios agendadas, centenas de famílias dependentes de suas empresas e tudo o que imaginou possível dizer para convencer aquela senhora a se esquecer dele, chegando inclusive a tentar corrompê-la para ganhar mais quarenta anos de vida.

Depois de ouvir que como não havia aproveitado seu tempo com a família agora sua esposa iria aproveitar a vida com seu dinheiro, mas com outra pessoa, que a levaria a bailes, cinemas, teatros e passeios, o homem ficou ainda mais desolado e implorando muito, ganhou um novo prazo, de mais cinco dias vivo.

Seu desespero com o prazo diminuto foi enorme e nem se preocupando em desmarcar suas reuniões, ligou para a esposa pedindo que preparasse imediatamente suas malas e dos filhos, pois iriam viajar a passeio.

O filme é um exemplo clássico do que ocorre com todos, que acabam se envolvendo tanto com trabalho, negócios, sociedade consumista e tentando dar aos seus cada vez mais, acabam perdendo o mais importante, a convivência nas diferentes fases da vida dos seus.

Nosso desperdício de tempo com bobagens, coisas insignificantes, observações sem nenhuma importância real, discussões tolas e brigas desnecessárias, é imensurável. Mais maduros, podemos perceber, cada vez mais claramente, como perdemos tempo com algo que nada nos acrescentou e pior, muito nos diminuiu.

Só com um grande susto passamos a dar importância ao que realmente importa: viver tudo intensamente e com todos que pudermos.

João Bosco Leal

www.joaoboscoleal.com.br


Recebido por e-mail.







NÓS PODEMOS DIVINIZAR-NOS, MAS DEUS

NÃO PODE HUMANIZAR-SE


As teologias das religiões mais antigas receberam influências da mitologia, misturando a divindade com a humanidade. Também a teologia do cristianismo nascente não escapou dessas influências.

O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, di-lo-nos a Bíblia. Mas também nós criamos Deus à nossa imagem e semelhança, o que é a chamada antropomorfização de Deus.

Das influências mitológicas, sabemos que os teólogos cristãos do passado foram também suas vítimas. Por ser Jesus um homem perfeito, os teólogos antigos imaginaram que Ele era também Deus. Eles agiram de boa fé, mas cometeram o grave erro teológico mais comum, isto é, o exagero. Eles acertaram em muitas de suas elucubrações teológicas, mas erraram, grandemente quando, exagerando as coisas, concluíram que Jesus é outro Deus. E o pior é que os teólogos de hoje ainda apoiam esse lamentável erro que corrói o cristianismo e incrementa o materialismo!

Pelo início do Evangelho de João, ficamos sabendo que Jesus Cristo é o Verbo ou Fala de Deus, e que o Verbo ou Fala de Deus era Deus. De fato, Jesus Cristo é Deus de algum modo, pois é a Fala de Deus para a humanidade, o que quer dizer que Ele é Deus, mas relativo. E, segundo João, a Fala é Deus (Deus relativo) e estava com Deus, o Pai (Deus absoluto). Como se diz, filho de peixe peixinho é. Por isso, Jesus é Deus, mas relativo. Isso é bíblico. E não só Ele é Deus relativo, como nós todos o somos também: “Vós sois deuses.” (Salmo 82:6; e João 10:34). Mas não confundamos as coisas como o fizeram os teólogos antigos influenciados pelos deuses mitológicos. “Quando alguém aponta o dedo para a Lua, observemos a Lua, e não o dedo!” Jesus tem sua identidade de Filho de Deus, e Deus tem a sua de Pai de Jesus e de todos nós.

Se Jesus se aperfeiçoou, Ele não pode ser Deus, pois Deus é imutável. “Tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos que lhe obedecem.” (Hebreus 5:9). Os teólogos argumentariam que Ele se aperfeiçoou como homem e não como Deus. Isso é, como se diz, papo furado, já que eles mesmos afirmam que não se pode separar o lado humano de Jesus do seu lado divino. Aliás, é com este argumento, que até criaram um dogma, ou seja, o de que Maria é Mãe de Deus (“Teotokos). O que aceitarmos, então, como verdade, o dogma de que são inseparáveis os supostos dois lados divino e humano de Jesus ou o ensino bíblico de que Ele é um ser humano, que se aperfeiçoa, evolui e que é Filho de Deus, como nós também o somos, e que, portanto, é igualmente nosso irmão maior e nosso modelo?

O Filho de Deus, por excelência, nos ensinou que nós podemos fazer tudo o que Ele fez e até mais, ainda. Mas se Ele fosse mesmo Deus absoluto, real, e não apenas relativo, tal coisa jamais nos seria possível! Quem somos nós para fazermos o que Deus faz?

Com a nossa evolução espiritual sempiterna, um dia, quando formos de fato semelhantes a Deus em perfeição, e entrando na sua sintonia, nos tornando um com Ele, como já o faz Jesus, de algum modo nós nos tornaremos divinizados. Mas Deus não pode se humanizar jamais, pois Ele é imutável!

PS:

1) Parabéns à Rosângela G. Nascimento, pelo lançamento de seu livro “Atravessando Fronteiras”. Contato: roseangel23@oi.com.br

2) Ouça, aos sábados, www.avozdoespiritismo.com.br das 12h00 às 13h30, com Nelson Custódio, na Band de Araçatuba (SP), entrevistas e palestras com este colunista.

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar “TODAS AS COLUNAS”. Podem ser feitos comentários abaixo da coluna. Ela está liberada para publicações. Ficarei grato pela citação nelas de meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, Ed. EBM (SP), “O Espiritismo Segundo a Bíblia”, Editora e Distribuidora de Livros Espíritas Chico Xavier, Santa Luzia (MG), “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

Recebido por e-mail.








MINISTRO DA FAZENDA ANALISA A CRISE ECONÔMICA NA CÂMARA DE DEPUTADOS EM 23/11/2011!

Conheça a avaliação do ministro e os quadros projetados por ele na reunião.

Transcrito do Ex-Blog do César Maia de 28 de novembro.


sexta-feira, 25 de novembro de 2011


Meus cabelos brancos


Como faço com todos os que me lembro, liguei para uma amiga de infância para parabenizá-la por seu aniversário e começamos a falar sobre nossas idades atuais, como o tempo passou rápido, o que pensamos agora e outros assuntos, que normalmente tratam todos os que atingem idades inimagináveis para eles quando jovens.

Engraçado como realmente uma espécie de filme nos vêm à mente, com lembranças de nossa infância, juventude e pequenos detalhes de situações vividas durante décadas são recordados em frações de segundos.

Somos capazes de nos lembrar de minúcias, palavras, locais, e cores de fatos ocorridos muitos anos atrás. Algumas músicas da juventude ainda podem ser cantadas sem erros, quando muitas vezes já nos esquecemos do que ocorreu ontem ou mesmo há poucas horas.

Ficam em nossa mente as coisas importantes ou que nos importaram, e se apagam aquelas sem importância, que podem até ter nos deixado alegres, tristes, magoados no momento, mas com o tempo acabamos percebendo que não eram realmente significativas, importantes.

Muitas dessas ocorrências são apagadas de nossa mente sem que sequer percebamos. É uma seleção natural, quando o que realmente importou ficou arquivado e todo o resto foi excluído do cérebro, impedindo que nos lembremos de fatos que na realidade, tiveram pouco valor.

As aparências mudam com a falta de cabelos, a celulite, a barriga, a flacidez do corpo, as rugas e as cicatrizes, mas nada disso têm importância alguma diante da experiência e sabedoria da pessoa que está ao nosso lado, achando graça, sorrindo de seu próprio passado.

Passamos a valorizar coisas mais profundas, menos fúteis, muito mais o ser do que o ter, como sempre nos mostraram os mais velhos, e então jovens, não acreditávamos.

Muitas tristezas emocionais, que deixaram cicatrizes no coração, agora provocam sorrisos, por terem sido de pequenas paixões da juventude, sem importância alguma.

Percebemos que uma boa conversa, um gesto, um olhar profundo ou uma única palavra, podem ser muito mais provocantes, insinuantes, que um corpinho ainda firme, sem celulite, que carrega uma mente vazia.

Ficamos maravilhados com o canto de um sabiá, pousado em uma árvore cercada de cimento e passamos a dar valor a centenas de pequenos detalhes da natureza, antes sequer notados.

O desabrochar de uma flor, o nascer e o pôr do sol ou um pássaro construindo seu ninho nos faz sacar uma máquina fotográfica, tentando perpetuar aquela maravilha.

As opiniões de terceiros sobre o que somos, temos ou fazemos, passam a ter muito menos ou nenhuma importância. Deixamos de fazer tantas críticas aos outros e a nós mesmos e quando com vontade, damos uma boa gargalhada e caminhamos de sandálias, mesmo que em um local público, quebrando algumas regras bobas de convívio social.

Quem nos censurará por, sorrindo, perguntarmos como se chama mesmo seu filho ou por, naquele momento, estarmos desarrumados, com roupas mais velhas e confortáveis? Pessoas que partiram muito cedo, como meu pai, deixaram de viver essa liberdade que só a maturidade nos proporciona.

Só os de cabelos brancos são capazes de, sorrindo, deixar escorrer pelo rosto a mais bela das lágrimas, a da saudade.

João Bosco Leal

www.joaoboscoleal.com.br

Recebido por e-mail.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

MANUEL CASTELLS: "NÃO SE TRATA DE SALVAR O POVO, MAS DE SALVAR O EURO"!


(La Vanguardia, 20) 1. O problema não é a complexidade da crise, mas a democracia. O que os políticos mais temem nesses momentos é que os substituamos, que roubemos deles esse poder delegado que mantêm, por um mecanismo controlado de eleições entre opções enquadradas nos limites do sistema, e legitimadas pela mídia.

2. Na realidade, não se trata de salvar o povo, mas de salvar o euro, como se fossem a mesma coisa. Por que tanto interesse? E de quem? Porque dez dos 27 membros da União Europeia vivem sem o euro e algumas de suas economias (Reino Unido, Suécia, Polônia) são muito mais sólidas que a média da União Europeia? Defender o euro até o último grego é a primeira linha de defesa para uma moeda que está condenada porque expressa economias divergentes e que não têm um estado que a respalde. Com Portugal e Irlanda na UTI, a Espanha na corda bamba, e uma Itália em permanente crise política e endividada até o pescoço de seu ex-líder, a defesa franco-germânica do euro tem outras explicações.

3. A primeira razão é óbvia: salvar os bancos, principalmente os alemães e franceses, que emprestaram sem garantias para a Grécia e aos demais PIGS (Portugal, Itália, Grécia e Espanha) mediante a manipulação de contas praticada, pelo menos no caso da Grécia, pela consultoria da Goldman Sachs (certamente, deve ser simples coincidência que Draghi, o novo presidente do Banco Central Europeu também foi empregado da Goldman Sachs). De início, já aceitam que precisarão esquecer 50% da dívida da Grécia. Mas os outros 50% têm que ser tirados do sangue, suor e lágrimas dos gregos, para que o não pagamento não acabe impune.

4. Quebram os países para que os bancos não quebrem. Mas por que se faz isso? No fim, os Merkozy [Merkel e Sarkozi] não são funcionários dos bancos. Têm seus interesses políticos, nacionais e pessoais. A Alemanha necessita realmente que o euro seja a moeda europeia e que seus sócios não possam desvalorizá-la. Porque o modelo de crescimento alemão é na realidade, o mesmo que o chinês: crescer por meio de exportações favorecidas por uma moeda subvalorizada. Se houvesse um euro-marco forte, a Alemanha perderia mercados na Europa perderia competitividade em relação a exportações espanholas ou italianas.

5. Mas há outra dimensão político-pessoal. Tanto Merkel quanto Sarkozy precisam estabelecer sua liderança europeia por razões de política interna e por projeto de grandeza nacional que é preciso disfarçar, para não despertar velhos fantasmas. E as outras elites políticas europeias? O sentimento de serem europeus, em um mundo em mudanças desde a América do Norte até a Ásia, dá-lhes a impressão de ser algo mais que produtos aldeanos do aparato de partido que tanto desprezam.

6. E o sonho europeu? Ele pode ser construído com as pessoas, amando-nos uns aos outros, em vez de ver quem paga a conta. Quando pensar em euro, pense fraude. Quando pensar em Europa, pense amigos.

Transcrito do Ex-Blog do César Maia de 21 de novembro.



segunda-feira, 14 de novembro de 2011





NOTAS ECONÔMICAS BRASILEIRAS


1. (Globo, 12) Documento apresentado em Paris pelo ministro da SAE, W. M. Franco, o Brasil tem a maior taxa de rotatividade do mundo: 41% da força de trabalho mudam de emprego a cada ano. Na faixa de um a dois salários mínimos esse percentual passa de 50%.

2. (Merval – Globo, 12) Os países desenvolvidos aplicam cerca de 7% do PIB em pesquisa e desenvolvimento. O Brasil não passa de 1%, sendo largamente suplantado por Coréia do Sul e China países que estavam atrás do Brasil em 1980. Em 1960 a Coréia tinha escolaridade média superior em 1,4 anos de estudo, e hoje essa diferença já está em mais de 6 anos. A participação brasileira na produção mundial caiu de 3,1% em 1995, para 2,9% em 2009. No mesmo período, a China saltou de 5,7% para 12,5% e a Índia foi de 3,2% para 5,1%.

3. (Folha de SP, 13) Apesar de ter crescido na última década, a indústria brasileira perdeu espaço não só para a chinesa, mas também para a de outros países. O peso do Brasil na indústria de países emergentes recuou de 8% em 2000 para 5,4% em 2009, de acordo com a Onudi (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial).

4. A estimativa é que a Dívida Ativa somada, do governo federal, previdência, estados e municípios supere três PIBs do Brasil.

5. Em 2011, Brasil será o país da América Latina com o menor crescimento do PIB.

6. (Estado de SP, 13) Nas últimas semanas, três construtoras - Even, Gafisa e Eztec -cortaram em até 36% o preço de um grupo de imóveis novos. Uma cobertura de alto padrão, que custava R$ 4,2 milhões, passou a ser ofertada por R$ 2,8 milhões. Um apartamento na zona sul de São Paulo, avaliado em R$ 425,6 mil, agora sai por R$ 383,1 mil.

Transcrito do Ex-Blog do César Maia de 14 de novembro.



segunda-feira, 31 de outubro de 2011

MALÍCIA, IRRESPONSABILIDADE E INGENUIDADE

Em "Pombas e gaviões" aduzi, já na capa, o alerta que caracteriza os dez textos que nele se contêm: os ingênuos estão na cadeia alimentar dos mal intencionados. É uma preocupação que os últimos anos vieram acrescentar às que eu já tinha em relação ao futuro de nosso país. Com efeito, considero coisa certa, provada pelos fatos, que a única tese efetivamente abandonada pela esquerda para tomada do poder é a tese da luta armada. O camarada Gramsci acendeu um farol sobre a formação da hegemonia como estratégia alternativa e mais eficiente (anote aí à margem: fazer do ENEM porta única para entrada da universidade é parte disso).

O Senado Federal aprovou, como se previa, a criação da tal Comissão da Verdade. Haverá prova mais contundente de que usam e abusam da ingenuidade alheia? E de que a encontram, no parlamento brasileiro, em quantidade suficiente para aprovar uma coisa dessas?

A ideia original de Lula e dos seus era bem outra. Era abortar a anistia ainda em 1979. O jornalista José Nêumanne (autor do livro "O que sei de Lula"), em entrevista ao jornal O Globo no dia 29 de agosto passado, contou ter sido procurado, entre 1978 e 1979, pelo então presidente da Arena, Cláudio Lembo, para cumprir uma missão solicitada pelo general Golbery do Couto e Silva. Golbery queria apoio de Lula para a volta dos exilados. A reunião, testemunhada pelo jornalista, ocorreu num sítio. Qual a resposta de Lula? “Doutor Cláudio, fala para o general que eu não entro nessa porque eu quero que esses caras se danem. Os caras estão lá tomando vinho e vêm para cá mandar em nós?…”. O elevado critério moral de Lula não prevaleceu, a anistia aconteceu em 1979 e foi constitucionalizada em 1988.

Leia o texto completo em:
http://www.puggina.org/

Comento;
O excelente texto, que pode ser conferido integralmente no blog do autor, faz um alerta sobre as medidas impositivas e arbitrárias que estão sendo tomadas por uma minoria politicamente dominante, controladora dos poderes da república, sem que o povo preocupado com seu quotidiano, cada vez mais difícil, perceba os seus valores serem aniquilados à revelia da sua vontade. Medidas são adotadas, contrariando a orientação política, ou mesmo ideológica, da grande maioria do povo. Na realidade, vivemos uma ditadura virtual, caminhando para uma ditadura real através de um "garrote" jurídico, que está tornando o viver, neste país, insuportável. Até o humor do brasileiro está sendo monitorado pelo aparato estatal.





segunda-feira, 10 de outubro de 2011


REUNIÃO DA ODCA NO MÉXICO: CRIME ORGANIZADO NA AMÉRICA CENTRAL!


(Eduardo Stein, ex-vice-presidente da Guatemala, 06) 1. Violência em El Salvador, Honduras, Guatemala, maior que na guerra civil. Criminalidade transnacional. América Central (AC) deixou de ser corredor e hoje é uma enorme estação de serviços, de drogas, pessoas, contrabando..., quantidades assombrosas. Ate ladrões de antiguidades pré-colombianas.

2. Crime organizado (CO) precisa da população e das estruturas de lavagem de dinheiro. Não há entendimento adequado com os EUA. Para AC é mais que problema de segurança, é de governabilidade. Hoje, CO vem do Estado mesmo. Mutação sub-reptícia de parte dos que participaram da luta armada, que se refuncionalizaram para o crime, desde o poder executivo. Em dois países controlam até o STF, Congressos, CGU, TSE... Isso também é crime organizado.

3. Nenhum governo consegue enfrentar. Passividade da Juventude e sua distância da política é massa de manobra. Na AC, meio milhão de jovens sai ao mercado de trabalho e só 1/3 consegue trabalho. Antes iam aos EUA ou economia informal. Em El Salvador e Guatemala pandillas/gangues absorvem. É urgente agenda regional.

4. Desprestígio geral dos partidos políticos e políticos na AC. Precisamos de apoio de toda América Latina.

5. Cinco Prioridades. 1. Contra lavagem de dinheiro. / luta contra a corrupção, com práticas de transparência / 2. Contra a impunidade. Judiciário é fundamental. Qualificar a Investigação penal. CO neutraliza as investigações criminais. / 3. Efetividade da regional institucional em segurança. O CO passeia pelas fronteiras e só os Congressos podem autorizar reciprocamente. As constituições foram escritas pós luta armada. Constituições engessam forcas de segurança. / 4 Prevenção. É muito mais barato. Coordenação entre funções de governo e instâncias de governo. Municípios conquistaram autonomia e devem se integrar assim como sociedade. / 5. Controle de armas. Fluxo desde Texas é conhecido e não controlado.

6. Intervenção das FFAAs no combate ao CO. Na AC a memória da guerra civil é recente. Exército é proibido de fazer polícia. Experiência AC é que FFAAs se corrompem como policias e isso tem acontecido na AC. Treinar antes grupos das FFAA. Outro problema: descontinuidade entre governos em relação à políticas de segurança.

Transcrito do Ex-Blog do César Maia de 10 de outubro.


Comento:
Um cenário altamente preocupante, pois sabemos da capacidade de contaminação, face aos problemas conjunturais que estão delineados para o futuro da humanidade.




sábado, 8 de outubro de 2011


A Corrupção e o Futuro.


Existem países e continentes com muitas, outros com raríssimas riquezas naturais, o que mostra a capacidade humana de adaptação e de geração de possibilidades nas mais diversas situações.

Com as atuais facilidades de comunicação, é possível ver imagens das enormes diferenças de alimentação, saúde, educação, cultura e riqueza entre os mais diversos povos que habitam a terra, que anteriormente só imaginávamos.

Podemos observar que muitos países com riquezas naturais abundantes são pobres, em todos os sentidos, enquanto outros, bastante desprovidos dessas riquezas conseguem ser ricos, com sua população possuindo um elevado nível cultural e excelente qualidade de vida.

A conclusão é de que as riquezas não são suficientes para proporcionar boa qualidade de vida de uma população, se esta não tiver o conhecimento necessário para sua exploração, se for governada por pessoas incompetentes ou por líderes ditadores e corruptos, que aumentam sua fortuna em detrimento da falta de cultura e da opressão de seus subordinados como temos visto em vários países.

Excluindo-se os casos citados, percebe-se que a saúde é desigual de acordo com as regiões, principalmente por dois fatores: as riquezas naturais ou sua falta - como nas regiões áridas- e a cultura da população.

As consequências de uma acabam gerando outras, como na educação, dificílima de ser alcançada por pessoas pobres, residentes em locais distantes dos centros urbanos ou em países desprovidos de recursos para maiores investimentos na área educacional.

A cultura dos povos influi muito, tanto no alcance de progressos como na manutenção de atrasos, o que é facilmente notado nas diferenças entre os países asiáticos, africanos e sul-americanos, todos com suas características culturais e religiosas distintas.

Além das diferenças climáticas, de riquezas naturais, culturais e religiosas, populações inteiras são prejudicadas por décadas e até por gerações quando submetidas a dirigentes mal intencionados, corruptos ou com ideologias ultrapassadas como podemos ver em diversos desses países e também no nosso.

Países como o Brasil, com riquezas naturais vastíssimas, inigualáveis, ainda não é uma das maiores potências do mundo em decorrência de nossos dois maiores problemas: nossos políticos e a corrupção.

A região nordestina brasileira, ao arrastar seu atraso por décadas, é um exemplo disso, com milhões de pessoas mal alimentadas, sem acesso à educação, despreparadas para a modernidade, simplesmente por estarem, há décadas, comandadas por políticos inescrupulosos que, às suas custas, amealharam e continuam aumentando suas fortunas, dentro e fora do país.

Com os conhecimentos atuais, a aridez regional não pode ser a responsável pela falta de água ou de produtividade de suas terras, pois onde lá se irrigou, a produção frutífera é de qualidade inigualável e tanto a irrigação como a dessalinização da água do mar são técnicas já muito conhecidas e utilizadas em vários países.

Como só aprendemos o que nos mostram, é necessário incentivar uma imprensa totalmente livre, que cada vez mais mostre aos brasileiros os desmandos, roubos e assaltos aos cofres públicos cometidos por nossos políticos, para que, conscientemente, iniciemos uma verdadeira faxina, nos Três Poderes Constituídos.

Persistindo o quadro atual, onde a população nasce, cresce e fica adulta em meio à corrupção, na próxima geração ela sequer será questionada.

João Bosco Leal www.joaoboscoleal.com.br


Recebido por e-mail.


sexta-feira, 7 de outubro de 2011


CONVITE


Os presidentes do Círculo Militar/BH, Grupo Inconfidência, ANVFEB/BH - Associação Nacional dos Veteranos da FEB, Instituto Histórico e Geográfico/MG, AOR/EB - Associação dos Oficiais da Reserva/MG, Associação dos Ex-Combatentes do Brasil/BH, ABEMIFA - Associação Beneficente dos Militares das Forças Armadas, ABMIGAer - Associação Beneficente dos Militares Inativos e Graduados da Aeronáutica, Círculo Monár-quico/MG, AREB/MG - Associação dos Reservistas do Brasil e o Delegado da ADESG/BH têm a honra de convidar VSª. para o lançamento do livro de autoria do General de Divisão Agnaldo Del Nero Augusto, intitulado:

MÉDICI, a Verdadeira História


Data: 20 de outubro/5ª feira Hora:19.00

Local: Círculo Militar de Belo Horizonte


Av. Raja Gabaglia, 350 - Gutierrez


O general Marco Antonio Felício da Silva apresentará uma sucinta exposição sobre o governo do Presidente Médici e a seguir, durante o coquetel, o livro (R$ 30,00) será autografado pelo mesmo e também pelos coronéis De Biasi e Miguez.

Estacionamento no local: R$10,00



segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Irresponsabilidade administrativa em Campo Grande, MS


Ontem um incêndio no nono andar de um edifício na cidade de Campo Grande, MS, provocou a morte, por intoxicação, de um jovem de 24 anos que inalou muita fumaça tentando descer as escadas do prédio.

Querendo entender melhor o assunto, me dirigi a uma das sedes do Corpo de Bombeiros para conhecer seus equipamentos e conversei, por telefone, com o Coronel responsável geral dos bombeiros, que educadamente me deu uma verdadeira aula sobre ações preventivas e de segurança contra incêndio, mostrando inclusive que essa tragédia poderia ter sido evitada se os moradores tivessem mais orientações de como proceder nessa situação.

Todo projeto, para receber o alvará de construção, precisa seguir uma série de orientações técnicas fornecidas pelos bombeiros, como a distribuição de hidrantes, as mangueiras que disponibilizem água, iluminação de emergência e uma escada chamada "enclausurada", onde não entre fogo ou fumaça, por possuir as portas resistentes ao fogo e as janelas de iluminação vedadas e trancadas.

O prédio onde ocorreu a tragédia havia passado por uma vistoria do Corpo de Bombeiros quinze dias antes e nenhuma irregularidade foi encontrada. Os 3.000 litros de água utilizados para apagar o incêndio foram provenientes da caixa existente na cobertura do prédio, o que, conforme o Coronel, agilizou e facilitou o trabalho dos bombeiros. Mas, então, como explicar uma morte?

Por falta de informação, no andar onde ocorreu o incêndio, objetos foram colocados de forma a manter aberta a porta contra incêndio que dava acesso às escadas, o que provocou a rápida propagação da fumaça pela escadaria, exatamente aquela que deveria possibilitar a saída das pessoas em segurança, forçando os bombeiros a quebrar os vidros das janelas para dar vazão à fumaça.

A quantidade de fuligem depositada no chão das escadarias, mostrada em fotos divulgadas pela imprensa, é de impressionar o mais leigo dos seres nesse assunto, mas certamente suficiente para intoxicar e matar não só o jovem que faleceu, mas todos os que por ela tentaram descer.

Essa desinformação da população é de responsabilidade do poder público, que deveria proporcionar a todo morador de prédios esse tipo de orientação, talvez até obrigatória, com simulações, como as oferecidas em diversos países do mundo contra incêndios e terremotos, que aqui é gratuitamente oferecida pelos bombeiros.

Apesar de o Coronel haver me explicado que ações preventivas são as mais importantes contra incêndios, buscando mais informações, acabei sabendo, e ele me confirmou, que Mato Grosso do Sul possui um único veículo equipado com uma auto-escada mecânica. Isso mesmo, o único não só na capital, mas em todo o estado.

É um veículo de 1974, com 37 anos, que possui uma escada com capacidade de alongamento de 30 metros, o suficiente para atingir a altura aproximada de um apartamento no 9º andar de um edifício - exatamente onde ocorreu este incêndio -, desde que o caminhão que a sustente esteja na base do prédio.

Com o se explica o fato de uma capital, com mais de setecentos mil habitantes e centenas de prédios com alturas diversas acima dos 50 metros, só possuir um caminhão com escadas mecânicas e assim mesmo com capacidade máxima de 30 metros? Com as escadas tomadas pela fumaça, penso que uma das possibilidades talvez fosse a retirada de pessoas mais próximas do fogo por elas, mas como, se elas não atingem altura suficiente?

Alvarás de construção de prédios são liberados quase que semanalmente, tamanho o progresso da cidade, mas nenhuma exigência de orientação aos seus futuros moradores é feita. Independentemente de quem seria a responsabilidade, penso que o Prefeito Municipal da Capital de Mato Grosso do Sul deve imediatas explicações à sociedade sobre sua insegurança em casos de incêndio, ou vamos esperar uma tragédia ainda maior para orientar melhor a população e fornecer mais equipamentos aos bombeiros?

O Ministério Público precisa se manifestar imediatamente, exigindo explicações dos diversos órgãos do Poder Executivo e, se necessário, denunciando criminalmente os responsáveis.

João Bosco Leal

www.joaoboscoleal.com.br

Recebido por e-mail.


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

MÁ REDAÇÃO, DÚBIA INTERPRETAÇÃO

Aileda de Mattos Oliveira*

(28/9/2011)

Se a clareza é necessária na elaboração de uma simples mensagem, imprescindível se torna, na produção de um documento oficial, tendo em vista os resultados que podem advir da interpretação de conceitos malformulados, de situações temporais maldefinidas e de períodos malconstruídos.

Dois casos, apenas, entre outros, são avaliados, como exemplos, e retirados do pobre manual estratégico jobiniano.

Não há como compreender o emprego do modo futuro, em certas partes da redação da END. É uma forma de postergar ações que devem ser imediatas, pois é um pensamento permanente a defesa da soberania nacional.

A escritura redigida no modo presente, em qualquer momento de sua leitura, mantém a sua vigência garantida, e imutável a posição política do país em relação à sua independência. Isto porque o chamado ‘presente histórico’, atemporal, efetiva, de maneira indefinida, a firme palavra decisória da nação sobre o seu território, ante os potenciais poderes usurpadores.

A par disso, o presente imprime, na voz da entidade que responde pela segurança nacional, o real espírito de que está imbuído o órgão, de mostrar-se dinâmico, relegando ao passado este burocrático ‘amanhã’, que será tarde demais. Não esperem uma guerra; a ocupação da Amazônia é silenciosa.

Dita o Decreto 6.703/8, na parte que se refere a O Exército Brasileiro: os imperativos de flexibilidade e de elasticidade, que “A defesa da região amazônica será encarada, na atual fase da História, como o foco de concentração das diretrizes resumidas sob o rótulo dos imperativos de monitoramente/controle e de mobilidade.

Há uma distância sideral e semântica entre “será encarada” e ‘é encarada’ que tende a afetar, politicamente, um país malgovernado, como o Brasil. No primeiro caso, foram lançadas para um futuro incógnito, ações que serão inócuas, pela marcha acelerada dos acontecimentos. No segundo, as adequações estratégicas são imediatas e, portanto, sempre reavaliadas, de acordo, pois, com o ciclo das mutações das relações internacionais, tão transitórias, nos últimos tempos.

Sendo a fase histórica, “atual”, como diz o texto da END, a defesa da região amazônica tem, pela razão mesma da contemporaneidade da fase citada, que resultar de um planejamento dentro das circunstâncias do momento, e não de um projeto para um “será”, continuamente, futuro.

Contudo, não se limitam ao entrevero entre os tempos verbais as frestas por onde podem penetrar os tentáculos dos artifícios jurídicos manipulados, ardilosamente, pelos retóricos a serviço de quem quer que seja. As brechas surgem, também, nas frases intercaladas, à guisa de explicações, aparentemente, inúteis, ou matreiramente, capciosas.

Aliás, no mesmo trecho mencionado, desnecessária a inclusão de “na atual fase da História”, por estar a defesa da nação, sempre em primeiro plano, em qualquer tempo, em qualquer governo: [‘A defesa da região amazônica é encarada como o foco de concentração...’]

Na parte referente a Priorizar a região amazônica, a afirmação de que o Brasil “Não permitirá [outra vez o futuro] que organizações ou indivíduos sirvam de instrumentos para interesses estrangeiros – políticos ou econômicos – que queiram enfraquecer a soberania brasileira. Quem cuida da Amazônia brasileira, a serviço da humanidade e de si mesmo, é o Brasil.”

Deixa-se de lado, agora, a aversão aos verbos, manifestada pelos redatores desta paralítica END. O que reverbera aos olhos do leitor atento é a frase final, afirmativa, de que o Brasil “cuida da Amazônia brasileira´, para si mesmo, o que deveria ser óbvio e que se deseja confirmada na concretude das atitudes governamentais. Porém,“a serviço da humanidade”, considera-se uma excrescência monumental. Peca, ainda, este período, pela primazia dada aos cuidados com a Amazônia “a serviço da humanidade” para, posteriormente, então, estar a serviço “de si mesmo”.

Os esclarecimentos se fazem necessários sobre a razão pela qual o Estado brasileiro “cuida” da mais rica região do mundo, primeiramente, “a serviço da humanidade”. Afinal, a Estratégia de Defesa é nacional e não transnacional. Coincidentemente, o verbo está no presente. Não acreditando em governos e em suas intenções, não considero coincidência, mas um propósito definido, a fim de responder aos interesses da farsa ecológico-ambiental, desde já sendo acatada.

A interpretação de um texto que visa à defesa do território nacional deve ser imediata, sem ambiguidades que venham a se tornar a chave para a obtenção do tesouro ambicionado por nações mal-intencionadas e, historicamente, dadas às invasões e às conquistas.

Sem nenhum interesse pelo trocadilho, a END é o fim, pela ausência de substância contextual, de autenticidade nas palavras e de credibilidade de propósitos.

(*Prof.ª Dr.ª em Língua Portuguesa. ADESG; ESG. Articulista do Jornal Inconfidência. Membro da Academia Brasileira de Defesa. A opinião expressa é particular da autora.)


Recebido por e-mail.