domingo, 26 de fevereiro de 2012


CABRALOSIDADES! A VENDA DO QG DA PM-RJ: TRÍPLICE ILEGALIDADE! PETROBRÁS ENTRA NESSA?


1. Cabralosamente, o governador aproveitou o domingo de carnaval para dizer que ia vender o terreno e o prédio do QG da PM-RJ para a Petrobrás. Na segunda-feira, corrigiu e disse que o prédio será o museu da polícia e que a Petrobrás pagará 400 milhões de reais para, no terreno, construir um Espigão. Fica o prédio central tombado e derruba-se o resto e se usa o terreno.

2. Há, no caso, uma tríplice ilegalidade. A Petrobrás é uma sociedade anônima e, por isso, o Estado terá que licitar o terreno. Mas há duas situações ainda mais graves. O terreno militar é Z-7. Para ser usado comercialmente é necessário que a Câmara Municipal do Rio aprove uma lei mudando a destinação. E mais ainda. Ali é o Corredor Cultural do Centro Histórico do Rio, que tem a força de uma APAC. Fica ao lado dos Arcos da Lapa. Para se construir um espigão é necessária outra lei, estuprando o Corredor Cultural.

3. E, cabralosamente, o governador afirma que fará isso com uns 25 quartéis da PM. Imaginem o do Leblon, o de Copacabana, etc. E justifica, dizendo que se trata de terminar com o aquartelamento da PM. Bem, aquartelamento é outro nome criado cabralosamente, para especulação imobiliária.

4. Fazendo memória. Terminar o aquartelamento e substituir por quê? Onde serão as bases da PM sem os quartéis? Sairão de casa fardados, como alvo fácil de traficantes? Um tempo atrás se falava de uso do espaço privilegiado dos quartéis PM para acomodar, além da PM, delegacias da região, juizados especiais, defensoria pública e escritório do MP. Agora a ideia é um espigão. Arghh!!!!


Transcrito do Ex-Blog do César Maia de 23 de fevereiro



MUITO OBRIGADO, SENHORES MINISTROS!


Percival Puggina


Em fins de 2006, o STF julgou inconstitucional a lei que estabelecera cláusula de barreira para os partidos chamados nanicos. Essa lei fora aprovada pelo Congresso Nacional em 1995 para viger dez anos mais tarde. Foi uma das muitas vezes em que os ministros estiveram mais para opiniáticos do que para constitucionalistas. Caramba! Se o Congresso Nacional não tiver autonomia sequer para legislar sobre partidos políticos, então que se fechem suas portas e se transfiram suas atribuições para os Onze Sábios da República. A surpreendente decisão fundamentou-se no direito de representação das minorias. Entenderam suas excelências que a cláusula restringia direito fundamental das parcelas minoritárias da cidadania. Como resultado, graças ao STF, já contamos com a inestimável contribuição ao bem comum prestada por 29 partidos. O 30º está na reta de chegada para completar seu registro. Trata-se do PEN, o Partido Ecológico Nacional. Muito obrigado, senhores ministros. Valeu!


Abro parêntesis. É interessante notar que pelo menos dois dos partidos que impetraram aquela Ação Direta de Inconstitucionalidade acolhida pelo STF (PCdoB e PSOL) consideram perfeitamente normal e democrático o monopartidarismo cubano, mas acham que, no Brasil, não pode haver democracia sem um multipartidarismo que os inclua como representação de certas minorias ideológicas. Fecho parêntesis.


Como recusar o fato de que o excessivo número de partidos complica a política em todos os seus níveis e em todas as suas etapas? Anoto algumas dessas mazelas: 1) o custeio das legendas; 2) as cada vez mais difíceis e onerosas campanhas eleitorais; 3) as extravagantes coligações com que convivemos; 4) a multiplicidade de espaços em rádio e tevê; 5) a sobrecarga incidente na Justiça Eleitoral; 6) o excessivo número de candidatos que poluem a vitrine das campanhas e dificultam a escolha do eleitor; 7) a formação de um número demasiado de bancadas nos parlamentos; 8) a descaracterização filosófica das siglas; 9) o tumulto que geram na constituição dos governos e no processo legislativo, e por aí vai.

Vinte e três partidos políticos têm representação na Câmara dos Deputados! Os 86 deputados da maior bancada, a do PT, representam apenas 15% do plenário... Ou seja, nesse modelo que seduziu o STF, a maior bancada acaba sendo, também ela, uma pequena minoria. Como organizar de modo adequado atividade tão relevante ao bem comum quanto é a política com um sistema que só produz minorias irrelevantes? Como erguer essa atividade a um patamar mais elevado se a necessária formação de maiorias leva os partidos a se debruçarem sobre um cada vez mais seboso e menos digno balcão de negociações onde, a cada ano, é necessário criar novas moedas de troca?


É certo, o grau de civilidade de um país tem a ver, entre outras coisas, com a forma como trata suas minorias. Sair-se daí, porém, para transformar o sistema partidário em instrumento dessa organização e representação é clara demasia. As minorias deveriam compor-se dentro dos partidos que as acolhessem em suas plataformas e diretórios. Isso evitaria todos os males do multipartidarismo e mais este: a possibilidade de que o acesso ao poder seja franqueado a uma minoria organizada. Atenção! O nosso modelo permite que circunstancialmente, um partido minoritário, nanico, sectário (quem sabe até totalitário!) tendo cooptado para seus quadros uma figura carismática e popular qualquer, chegue ao governo trazendo na manga do casaco posições filosóficas, ideológicas e morais sem aceitação social. Governar é tarefa para partido grande. É direito e dever das maiorias.


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* Percival Puggina (67) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.


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POR GRANDES COISAS OS CRISTÃOS SE UNEM, POR PEQUENAS SE DIVIDEM.

José Reis Chaves

Na sua essência, as religiões estão unidas. Seus desentendimentos estão nas questões doutrinárias secundárias, principalmente no cristianismo.

De acordo com a evolução intelectual e cultural da humanidade, as religiões e seu conceito de Deus vão se modificando. Os concílios ecumênicos da Igreja são exemplos disso. Eles retificam os erros doutrinários, substituindo as ideias errôneas de Deus por outras mais próximas da verdade, embora, às vezes, tenha acontecido também o contrário: a substituição de conceitos corretos sobre Deus por outros errados.

Deus é imutável, não se transforma jamais. A visão de Deus no Velho Testamento da Bíblia é muito diferente da do Novo, como a de hoje está bem distante da própria visão de Deus, da época em que foi escrito o Novo Testamento. Por isso, as interpretações dos textos bíblicos vão sendo também modificadas constantemente.

Retomando o assunto principal desta matéria, vejamos dois exemplos dos entendimentos das religiões, em suas doutrinas principais, e dos desentendimentos nas secundárias. Era comum, e ainda é, a ágape ou refeição em comum de confraternização entre os judeus. Aliás, ágape tem também o sentido de amor, caridade, exatamente porque é uma refeição de confraternização. As ceias da Páscoa Cristã acabaram se transformando mais nas ceias de Natal. Jesus quis marcar a sua despedida do convívio com seus apóstolos com uma ágape de confraternização, mais conhecida por Santa Ceia, quando Ele acentuou que nós fizéssemos também refeições de confraternização, como um meio de nos lembrarmos Dele. Daí a sua famosa frase: “Fazei isso em memória de mim.”

Essa tradição da Santa Ceia durou entre os cristãos até o 4º século, e acabou sendo substituída pela missa. Essa refeição em comum é o sentido principal que Jesus quis imprimir à Santa Ceia, e que Ele desejou que se tornasse uma tradição entre os seus seguidores. O desejo do excelso Mestre se tornou realmente um fato, embora isso, hoje, não seja com aquela ênfase do início do cristianismo.

A partir do Concílio Ecumênico de Trento (1545-1563), surgiu uma questão secundária que divide muito os cristãos, com relação à Santa Ceia ou ágape. Os teólogos católicos defendem a transubstanciação ou transformação da Hóstia consagrada no corpo real, repito real, de Jesus. Os protestantes, os espíritas e os evangélicos aceitam a consubstanciação, ou seja, que o pão é um símbolo do corpo de Jesus, e não o seu próprio corpo real.

Outra doutrina secundária que divide muito os cristãos é o dogma “Theotokos”, proclamado no Concílio Ecumênico de Calcedônia (451), que afirma que Maria é Mãe de Deus. Com esse dogma, a Igreja criou a oração da Ave Maria bíblica, da saudação do Anjo Gabriel a Maria, à qual a Igreja acrescentou a Santa Maria, Mãe de Deus... Os protestantes e evangélicos não fazem essa oração. Os espíritas fazem-na, mas dizem Mãe de Jesus e não Mãe de Deus. O principal fato, que envolve Jesus e Maria, é que ela é Mãe biológica Dele. E com esse fato principal, todos os cristãos estão de acordo.

Como acabamos de ver, pelas questões doutrinárias mais importantes e bíblicas, os cristãos, realmente, estão unidos, mas eles desentendem-se quanto às doutrinas secundárias, não bíblicas, criadas pelos teólogos!


PS: Para quem quiser colaborar com a construção da nova Catedral Católica de BH, contato: (31) 3209-3559 ou www.catedralcristoreibh.com.br.

Coluna de José Reis Chaves no diário "O Tempo" de Belo Horizonte.


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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012


MAS E A REFORMA AGRÁRIA, PESSOAL?


Percival Puggina


Volta e meia, repassando arquivos de antigos textos, deparo-me com cartas que recebi e guardei. Há entre elas mensagens de religiosos atacando-me como a um renegado. Afirmavam que a fé cristã me obrigaria a apoiar as tropelias do MST. Sustentavam que a própria racionalidade me imporia estar ao lado do progresso e do desenvolvimento social e econômico que adviriam dos assentamentos e da limitação da propriedade da terra. Esta última, a limitação das propriedades em um número máximo de módulos rurais, foi tentada na Constituinte, pretendida, depois, como objeto de plebiscito, e incluída, por fim, como pauta da Campanha da Fraternidade de 2010. Virou mero abaixo assinado e não conseguiu 500 mil assinaturas malgrado mobilização feita em todo o país. Ou seja, a luminosa ideia empolgou apenas um em cada 200 eleitores brasileiros. Mesmo assim, claro, o elenco dos promotores festejou o resultado como uma unanimidade nacional, porque cem por cento dos signatários foram totalmente favoráveis ao projeto.


Há que reconhecer como memoráveis as energias que atuaram durante décadas contra o desenvolvimento rural e contra o agronegócio! E porque foram memoráveis não podem mergulhar nas sombras do esquecimento as hordas que investiam contra os projetos florestais, a metódica destruição de lavouras experimentais e o vandalismo contra máquinas agrícolas. Como olvidar a fúria dos ataques à biotecnologia e aos produtos transgênicos, avanços tecnológicos que nos levaram aos sucessivos recordes de produtividade e produção festejados, agora, pelos governos petistas? Em que prateleira perdida foi parar a história de que "ninguém come soja" (tolice que desconhece o processo de transformação de proteína vegetal em proteína animal)? Cadê a paparicação internacional ao MST, que tanto lhe rendia em dadivosos auxílios de nebulosas ONGs estrangeiras? Que fim levou o delírio de uma agricultura próspera através da política de assentamentos defendida e imposta pelo PT e seus aliados? Bilhões de reais foram para o ralo de aventuras agrárias mal concebidas e pessimamente executadas, das quais pouco se fala porque qualquer murmúrio a respeito seria o relatório de seu fracasso. Não importa, dirão os recalcitrantes. Como sempre, os fracassos da esquerda não ganham notoriedade porque, "no fundo a ideia era boa". Não deu certo por causa dos mal intencionados que a ela se opunham.


O sociólogo Dr. Zander Navarro, especialista internacionalmente reconhecido em desenvolvimento rural, numa entrevista concedida à Folha em 2007, apontou o óbvio: se fosse apenas algo determinado pela agenda presidencial, a reforma agrária já estaria fora das ações do governo. E o que então restava provinha da inércia inerente a tal bandeira junto "a setores sociais incapazes de perceber que o mundo rural brasileiro mudou radicalmente nos últimos 30 anos". E prosseguiu: "O Brasil não tem mais razões, de nenhuma ordem, para mobilizar consideráveis recursos para promover uma ampla redistribuição de terras. Passamos a ser um país predominantemente urbano e insistir na existência de uma 'questão agrária brasileira' é uma miopia de quem tem os pés no passado remoto. As demandas sociais apropriadas à população rural mais pobre são outras (...)".


O esvaziamento do MST por perda de militância mostra que o país se urbaniza cada vez mais, como qualquer nação desenvolvida ou emergente. O sonho dos assentamentos é um anacronismo de quem quer reproduzir, em pleno século 21, o modelo que fez prosperar os imigrantes alemães e italianos no século 19, articulando, esse modelo, a uma simplória ideologia coletivista que, durante longos anos, salpicaram de água benta.

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* Percival Puggina (67) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.


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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012


S.O.S Entes queridos. Mensagens de consolo e esclarecimento

Juiz de Fora, MG

Informação recebida em email.

Os divertidos sinais do tempo


Como já estou perto de adquirir uma nova maioridade, agora após minha idade ter adquirido a terminação "enta", normalmente me surpreendo em busca de meus óculos de leitura, aqueles "para perto", que já não é encontrado em decorrência de uma simples alteração do local tradicional de colocação, sobre um móvel.

Como já não consigo ler ou enxergar os detalhes de praticamente mais nada sem eles, muitas vezes me irritava com esses sinais da idade. Durante uma leitura realizada recentemente, fui novamente levado a pensar sobre a sabedoria da natureza. O texto falava sobre o significado simbólico dessas alterações, que seria a natureza dizendo para darmos menos atenção às pequenas coisas e desenvolvermos uma visão mais global, enxergarmos a floresta e não a árvore.

Ao tentar procurá-los, percebo que o simples ato de me levantar e sair andando já não é mais possível, pois nesse momento surgem as incômodas dores de um corpo já enferrujado, que para cada mudança de posição necessita de um tempo, um alongamento, para depois ser iniciada a caminhada.

Estes sinais aparecem juntamente com as mudanças de nossos comportamentos, quando passamos a não realizar mais nada com a pressa que tínhamos na juventude, pois percebemos ser até irracional a mudança de velocidade de nosso veículo de 100 para 140 quilômetros por hora e questionamos qual a importância de chegarmos ao destino em um tempo quarenta por cento menor do que seria executado na velocidade anterior, que valha a pena o aumento tão significativo dos riscos.

Domingo passado acordei tranquilamente, sem nenhuma pressa, pois como dizem é o dia da preguiça. Tomei meu banho, o café e já havia passado das oito horas quando sai em busca de jornais. É o dia em que, na cidade onde resido, ocorre a distribuição gratuita de vários jornais, entregues na principal avenida, esquina com a mais tradicional rua do comércio e para lá me dirigi.

Interessante que, chegando ao local, não havia as comuns filas dos carros para receber os jornais e sequer os entregadores dos mesmos. O que teria acontecido? Como ocorrera uma mudança e das ilhas centrais da avenida foram retiradas as vagas de estacionamento - onde estacionavam os veículos que serviam de depósito dos jornais a serem distribuídos-, pensei na possibilidade de haverem mudado de local e virei à direita, na rua do comércio.

Estranhamente notei a rua muito movimentada para um dia de domingo, com muitos veículos nas várias pistas e muita gente andando pelas calçadas. Transitando lentamente, percebi que todas as lojas estavam abertas e comecei a me questionar se estávamos na véspera de algum feriado que explicasse aquilo. Não me recordei de nada e, chegando à próxima esquina, sem nenhum sinal dos jornais sendo distribuídos, o sinal fechou.

Com o veículo parado olhava curioso para todos os lados e não estava entendendo aquele comércio tão movimentado num domingo. Seria véspera de algum feriado, ou já era segunda feira e eu me enganara? Será que dormi tanto assim que nem sequer vi passar o domingo? O que estava ocorrendo?

Percebendo ao lado um casal com os vidros do carro abertos, perguntei: hoje não é domingo? O senhor respondeu que não e eu então, para confirmação de minhas suspeitas perguntei novamente: é segunda feira? Parecendo incrédulo, ele olhou para a senhora que o acompanhava e respondeu: é sábado, como que perguntando se eu estava vindo de outro planeta ou algo assim, não sabendo quando nem onde havia caído.

Pensei, é..., todos os sinais da idade mais avançada realmente já haviam aparecido. Mas depois até me diverti com o ocorrido, pois quem é que já não ficou assim, um pouco perdido?

Aquele que não se envergonha de seu passado, e se orgulha das sementes plantadas, aceita de bom humor as mudanças físicas e mentais que ocorrem com o tempo.

João Bosco Leal* www.joaoboscoleal.com.br

*Jornalista, escritor, articulista político e produtor rural

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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O CUSTO BRASIL


(ex-embaixador Rubem Barbosa – ESP, 14) 1. Por aqui, nos últimos dez anos as medidas de apoio à indústria ignoraram a principal causa da rápida perda da competitividade da economia nacional. O custo Brasil está tendo um efeito devastador na economia. De imediato, com a perda de mercado no setor exportador e a crescente saída de empresas brasileiras e, a médio e a longo prazos, com o aumento do desemprego e a redução de investimentos.

2. A exemplo dos EUA, a desoneração tributária deveria encabeçar a agenda do governo para enfrentar a competição externa. Defesa comercial, apenas, não melhora a competitividade. O custo da energia, a alta taxa de juros, a apreciação cambial, que anula a proteção tarifária, as ineficiências burocráticas, a guerra de incentivos nos portos e seus altos custos operacionais, o descalabro da infraestrutura, o peso dos gastos com a corrupção e com a aplicação da legislação trabalhista poderiam, se atenuados, representar significativa redução dos mais de 35% no custo final dos produtos.

3. Do ponto de vista empresarial, não se trata de reivindicar uma política industrial, mas de demandar medidas pontuais com imediata repercussão sobre a competitividade do setor produtivo. Medidas recentes, ao invés de reduzir, estão fazendo aumentar o custo Brasil.

Transcrito do Ex-Blog do César Maia de 16 de fevereiro.


sábado, 11 de fevereiro de 2012

OS ANTIBRASILEIROS (VI)


Aileda de Mattos Oliveira*

Sem o Brasil, Portugal é uma insignificante potência; o Brasil sem forças é um preciosíssimo tesouro abandonado a quem o quiser ocupar”. (Martinho de Mello e Castro, Secretário da Marinha e Ultramar, 1779) [1]

No violento embate de interesses subalternos em que se transformou a outrora nobre arte política de governar, raros são os que, desligados da rinha das disputas menores, têm visão prospectiva a respeito dos sérios problemas nacionais e antecipam-se em emitir soluções possíveis para eles.

As necessidades do momento devem ser satisfeitas, evitando, assim, as dificuldades crescentes para saná-las em razão da negligência dos governantes em cujas mãos está, infelizmente, o destino do país.

As urgências de uma nação devem ser respondidas com a mesma presteza com que surgem as suas carências, pondo-se em prática o conjunto de procedimentos considerado adequado à situação exigida e que, supõe-se, deveria estar incluso no rol das prioridades governamentais.

Fala-se, aqui, em defesa de território. Em cada época, há uma visão diferenciada do problema, de acordo com as características dos potenciais grupos beligerantes e da técnica militar de cada um. Assim, as estratégias de proteção do território conquistado têm de se adequar, pela premência, aos recursos humanos do momento, para, posteriormente, tornarem-se dispositivos altamente comprometidos, visando a este único fim.

O exemplo vem de antes de Cristo, na figura de uma grande personalidade histórica.

O notável general romano, Júlio César, numa atitude exemplar de militar e político, e também, de humanista, pôs em prática uma estratégia de defesa dos territórios ocupados, com a sabedoria adquirida nos muitos anos de convivência com seus subordinados, nos campos de batalha.

Soldados fiéis, antigos componentes de sua tropa e conhecedores da incontestável liderança do general, ao seu chamado, vinham de todas as partes de Roma ou de onde se encontrassem, para colocar-se à disposição de seu comando, a fim de reorganizarem e porem em marcha a famosa e respeitada XIII Legião.

Esses veteranos de guerra, ao deixarem definitivamente a frente de combate, sem meios de sobrevivência, recebiam de seu general lotes de terra nas fronteiras dos territórios conquistados, onde se instalavam com suas famílias, implantavam o latim, cultivavam a terra para o seu próprio sustento e, como antigos guerreiros, defendiam-nas das hordas inimigas.

Resolvia, assim, Júlio César, três problemas fundamentais de Roma: o cultural (a difusão do latim), o social (a doação de pequenos latifúndios) e o da defesa (aos cuidados dos velhos combatentes), com um só ato decisório.

Essa é uma das razões por que os políticos brasileiros deveriam ler muito História e nenhuma teoria marxista. É capaz de grande parte do entulho político nem ter ouvido falar nesse romano, pensando tratar-se de um militar da “linha dura”, do nosso combalido Exército, remanescente do “golpe” de 64. Ignorância crassa é o que não falta no Centro Administrativo e Político de Brasília.

Fica a ideia lançada, como Júlio César lançou, no Rubicão, a sua sorte.

Todo esse introito é para lembrar ao MD que uma das imprescindíveis formas de defesa de um território é a sua imediata ocupação, principalmente nas fronteiras.

Se a população local é escassa, como no caso da Amazônia, por que não permitir aos índios optarem pela aculturação, ou pela permanência na vida tribal? A escolha tem que ser deles e não decidida pela FUNAI, por decreto, pelas ‘missões eclesiásticas’ ou pelos organismos internacionais.

Sabe-se, de antemão, que a grande massa indígena iria escolher a primeira opção, a fim de usufruir dos benefícios da civilização, brasileiros que são como todos os demais. Por que não lhes permitir a miscigenação? Assim desejou Marquês de Pombal, quando sentiu a urgente necessidade de povoar o Brasil Colônia.

É uma farsa dizer que os índios contaminarão a sua cultura primitiva ao penetrarem na sociedade brasileira, considerando que nenhum gaúcho, fora do seu rincão, esqueceu o chimarrão, nem o nordestino o seu forró.

Se a preocupação é de não tornar híbridos os costumes indígenas, por que o governo permite as organizações não governamentais estrangeiras lhes ensinarem a língua de seus países de origem, costumes e hábitos alienígenas, aculturamento contrário e pernicioso à soberania nacional? Por que permite a ida de indígenas a países europeus e aos Estados Unidos, receberem doutrinação antibrasileira para, no retorno, tornarem-se pavios de uma bomba a ser detonada na Amazônia, quando convier a seus doutrinadores? Não fere os direitos humanos servirem de exibição como objeto exótico em países hegemônicos?

Quanta contradição! Quanta traição!

Que acordos são esses assinados na escuridão da floresta, sem que os olhos dos brasileiros conscientes possam ver qual a moeda de troca pelo entreguismo escancarado das instituições brasileiras criadas, justamente, para defender os índios, vítimas seculares da Igreja e dos interesses escusos nacionais e internacionais? Quanta sem-vergonhice por trás dessa exagerada, porque farsesca, ‘preservação cultural’!

A traição é o pior ato praticado por um indivíduo. Perpetrado pelas costas, na surdina, sem dar à vítima meios de defesa, é o mais covarde ato dos covardes. Foi assim na Intentona de 35. Está sendo assim no Brasil, traído na sua soberania, pela criminosa omissão dos governantes. Continuará assim, desde que permaneçam os apátridas a ignorarem a Constituição e o Estado Brasileiro.

A permanência dessa casta de estelionatários políticos será longa se a massa festeira, irresponsável, não tomar as rédeas da Nação, mostrar aos rapinas o caminho da rua, para que possa ser chamado, condignamente, de povo.

Só para lembrar aos nada estudiosos, porém, servis políticos nacionais: Júlio César foi vítima de traição com a cumplicidade do Senado.

(*Prof.ª Dr.ª em Língua Portuguesa. Articulista do Jornal Inconfidência. Membro da Academia Brasileira de Defesa. A opinião expressa é particular da autora.)

[1] In: GOMES, Laurentino. 1808.


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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

RIO! ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA AGORA É DEMOLIR PRÉDIOS PÚBLICOS EM LOCAIS DE GRANDE VALORIZAÇÃO! DOS QUARTÉIS DA PM A HOSPITAIS PÚBLICOS!


1. (Extra, 04) O governo estadual anunciou (03) que vai construir um hospital geral, equipado para atendimento do trauma, em Campo Grande. O novo Hospital Estadual Rocha Faria vai ser erguido por Parceria Público-Privada (PPP) em um terreno do governo na Estrada do Mendanha, próximo às principais vias de acesso da região. Aproveitamos essa oportunidade para fazer um projeto incorporando à estrutura do novo Rocha Faria o que há de mais moderno em atendimento de emergência no mundo – diz o secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes.

2. (Ex-Blog) Ou seja, o atual Hospital Rocha Faria -situado no Centro de Campo Grande, onde a procura de imóveis para a classe média é enorme- será desativado. A tal PPP significa que o local do atual Hospital Rocha Faria será vendido para o setor imobiliário e esses recursos serão aplicados na construção do novo hospital em área periférica ao centro de Campo Grande. E se vende a decisão como um negocião. Claro, um negocião para o setor imobiliário.

3. Esse é mais um passo na política de desativar equipamentos públicos fundamentais para o atendimento da população e localizados em áreas de grande valorização imobiliária, deslocá-los para outras áreas e disponibilizá-los para a especulação imobiliária. Os quartéis da PM inauguraram essa..., "política". Uma vergonha que nunca se pensou que algum governo tivesse a desfaçatez de ir tão longe em sua sociedade com o interesse particular contra o interesse público.

Transcrito do Ex-Blog do César Maia de 6 de fevereiro.





As nossas buscas


É muito comum ver o encantamento de crianças por alguma outra do sexo oposto, mesmo quando ainda na mais tenra idade. São as primeiras paixões, normalmente encontradas quando começamos frequentar ambientes com maior aglomeração infantil, como na pré escola. Independentemente de ser um menino ou uma menina, seus olhos brilham ao ver, ou só de falar na outra.

Durante a vida poderemos nos apaixonar muitas vezes e por motivos diversos. Por alguém com um sorriso nos olhos, com cara de sapeca, de quero mais, que nos fará feliz enquanto durar, por alguém que desejamos mas não nos retribuirá ou ainda por quem teremos dificuldades no relacionamento.

Algumas dessas paixões nos marcarão com boas lembranças, ainda que vagas, enquanto outras, poucas, com as quais por algum motivo acabamos nos decepcionando, nos deixarão marcas não muito agradáveis e as outras serão literalmente apagadas de nossas mentes.

Seria melhor se conseguíssemos só nos lembrar das paixões que nos fizeram felizes e esquecer as escolhas que não foram de convivência agradável, que nada nos acrescentaram, pois apesar de sempre nos ensinarem algo, as paixões que nos causaram decepção, dor ou sofrimento, deveriam ser totalmente esquecidas, como se não tivessem existido e continuarmos nos apaixonando, até que uma dessas paixões vire algo mais sério, profundo, calmo e pacífico.

Entretanto, somente aqueles que conseguirem ultrapassar a fase da paixão, conhecendo os limites, qualidades, defeitos e virtudes do parceiro e continuarem tendo o prazer de com ele estar, conversar, planejar, sorrir e chorar juntos, terão encontrado o verdadeiro e tão buscado amor.

Nessa busca teremos algumas dificuldades, alegrias e tristezas, altos e baixos, mas de muito mais fácil superação se entendermos que de nada adianta tentarmos levar adiante paixões que não se transformarão em amor ou amores unilaterais. Tanto as paixões quanto os amores necessitam de reciprocidade para sua sobrevivência, ou morrerão, por maior que sejam. E essa reciprocidade necessita ser na mesma intensidade, ou um dos lados acabará se cansando de mais dar do que receber.

Mesmo os relacionamentos comerciais não sobrevivem se só um dos lados lucra. Quando isso ocorre, o lado que sempre lucra estará destruindo seu próprio futuro, uma vez que seu parceiro comercial não sobreviverá às constantes perdas e sem essa existência, os lucros dele provenientes também cessarão.

As maiores aproximações entre as pessoas, desconhecidas, parentas ou até entre pais e filhos, inicialmente ocorrem por afinidades diversas, mas só continuarão se houver reciprocidade. O mesmo ocorre com os relacionamentos afetivos entre os casais, que para sobreviver depende da reciprocidade na troca de carinhos, amizade e companheirismo entre eles.

É ótimo estar apaixonado por alguém e perceber que esta pessoa também te curte, pensa em você, te espera ansiosa, se preocupa com detalhes para seu bem estar e prazeres, com sua saúde, mas nada disso terá continuidade se você não retribuir na mesma intensidade.

As visões e interpretações diferentes sobre um mesmo fato, discórdias e desentendimentos são comuns em qualquer relacionamento, comercial ou afetivo. Mas nenhuma discordância pode provocar desrespeito e a maturidade deve fazer com que aprendamos a nos desculpar por nossas faltas. Se erramos, provocamos dor ou sofrimentro, é necessário que nos desculpemos e mais, que demonstremos não só com palavras, mas com atitudes, que esses erros não se repetirão.

A mentira, o orgulho e o não dar o braço a torcer precisam ser totalmente inexistentes em um relacionamento desde seu início, ainda no começo da paixão, para que esta se solidifique e possa se transformar em amor. Sem falsidades, teremos chances mais reais de transformarmos uma admiração em paixão e esta em amor. Certamente aí teremos um relacionamento com muito maiores probabilidades de duração.

Não busque somente um corpo ou um rosto, que logo envelhecerão, mas enquanto o amor não chega, apaixone-se quantas vezes puder, pois nada na vida é melhor que estar apaixonado.

João Bosco Leal* www.joaoboscoleal.com.br

*Jornalista, escritor, articulista político, produtor rural e palestrante sobre assuntos ligados ao agronegócio e conflitos agrários

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domingo, 5 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

EM DEFESA DAS APACs!


(Deputado Rodrigo Maia - Globo, 30) 1. O Rio viveu desde o século XIX um processo de criação de bairros a partir da irradiação do “centro da cidade”, que, na medida em que se mostrava bem-sucedido, atraía investidores, induzia à aglomeração e ao adensamento, o que afetava a qualidade de vida no bairro. Aos poucos a lucratividade caía e a dinâmica passava para o espaço seguinte. A atração da área litorânea do Rio foi desenhando essa lógica – investimento/saturação/investimento no espaço seguinte. Centro-Glória-Catete-Botafogo-Copacabana-Ipanema-Leblon.

2. Na completa ausência de uma política de transporte de massa e subsídio à habitação popular por parte do governo federal, que governava a cidade do Rio de Janeiro, aquela dinâmica foi acompanhada pela favelização como forma de aproximar o trabalhador do mercado de trabalho e aumentar a renda familiar. Em 1932, o secretário de Urbanismo de Moscou, visitando cortiços e favelas, apontou uma diferença que explicava as favelas: a areação e a insolação, elementos vitais para a saúde pública. O adensamento excessivo dos bairros termina afetando a qualidade de vida também pelo impacto sobre a circulação de ar e a entrada do sol. Copacabana é o maior exemplo disso.

3. A Constituição de 1988 transferiu às câmaras municipais o poder de legislar em matéria urbana, o que levou a Câmara Municipal do Rio, estimulada e assessorada por arquitetos e urbanistas da Prefeitura, a conceituar a ideia de preservação da qualidade de vida dos bairros, interrompendo a lógica cíclica, bairro a bairro, da atração financeira imobiliária. A lei complementar 16/1992 definiu parâmetros e o Rio passou a ter um instrumento poderoso de proteção do ambiente cultural: a Apac. Ambiente Cultural no sentido de ambiência urbana, relacionamento entre as pessoas e uso dos espaços comuns, preservação da identidade do bairro, circulação de ar, entrada do sol.

4. Na medida em que aumentava o adensamento dos bairros, crescia a favelização. Tantas favelas foram removidas da Zona Sul do Rio desde o início dos anos 40, como a do Largo da Memória – onde é hoje o batalhão da PM no Leblon -, as favelas da Draga na Lagoa, Cidade Maravilhosa, onde hoje está o Flamengo, na Gávea. Ocorreram simultaneamente a ocupação e a expansão das favelas de Leme e Copacabana, Vidigal, Rocinha. A Urca, a Gávea, o Corredor Cultural, são exemplos de medidas pontuais de preservação que serviram de inspiração para o conceito definido na lei das Apacs.

5. No Catete, no Jardim Botânico, em Ipanema e no Leblon, as Apacs interromperam a lógica cíclica da expansão imobiliária e evitaram a copacabanização dos bairros, transferindo o ganho da valorização urbana para os moradores. Esta ação impediu que os problemas do Rio fossem agravados ao limite em áreas como o Corredor Cultural (Centro), Santa Teresa, Saúde, entorno da Lagoa e do Colégio Militar na Tijuca, Cosme Velho e parte de Laranjeiras, Santa Cruz, São Cristóvão, Jockey Club em 1996; Jardim Botânico, Botafogo, Ipanema, Catete e Humaitá. Um longo caminho de 1984 a 2007, que precisa ter continuidade.

Transcrito do Ex-Blog do César Maia de 3 de fevereiro.




BASEADO EM FATOS REAIS


Percival Puggina



O que vou contar aconteceu numa cidade do interior. Por uma questão de prudência que os leitores certamente entenderão e desculparão, será preciso omitir detalhes e nomes dos personagens.


Havia nessa cidade uma importante empresa que respondia por muitos empregos e tinha peso significativo na vida da comunidade. Era uma organização antiga, que atuava em diversos segmentos, sob o comando centralizado e pessoal do diretor-presidente. Certa feita (para mim, relato sem "certa feita" situa-se fora do tempo), chegou ao município uma senhora, com formação na área de economia, especialidade bem incomum naquelas bandas onde passou a lecionar e a escrever artigos com análises das características, potencialidades e gargalos do desenvolvimento local.


Com o tempo, tornou-se consultora requisitada, trabalhou para a prefeitura, e foi conquistando a confiança da comunidade malgrado certas reticências que circundavam e envolviam o seu passado. Quando o peso dos anos ("peso dos anos" é outra expressão boa e verdadeira) começou a incidir sobre o diretor-presidente da organização, ele se lembrou da economista e resolveu convidá-la para assumir uma função gerencial a ser exercida em conjunto com ele. Antevia-se uma mudança na estrutura da empresa e uma profissionalização de sua gestão.


O arranjo funcionou durante vários anos, ao longo dos quais a gerente foi ampliando seu raio de ação e seu poder, passando, na prática, a dirigir tudo com mão de ferro. Ficou conhecida, no âmbito interno e externo, como pessoa dura no trato, inflexível, exigente, detalhista e centralizadora. Tudo passava por ela que, infatigável, parecia nascida para aquelas minuciosas tarefas. Diplomacia e política não eram peças de seu cardápio. Pão, pão e queijo, queijo. A empresa, num mercado pouco competitivo, ia bastante bem, com desempenho positivo sob o impulso de ventos favoráveis da economia. Assim, quando o diretor-presidente decidiu se afastar em definitivamente, resultou consensual que caberia a ela assumir oficialmente o posto.

Poucos meses mais tarde, surgiram boatos. Havia algo errado. De início era apenas um zum-zum interno. Mas o zum-zum chegou às ruas, e rapidamente atingiu aquele lugar onde não poderia entrar sem causar comoção: o café da cidade. Dali para o jornal local era só meia quadra. E o diretor do periódico não era do tipo que sentasse em cima das matérias. Aliás, é assim mesmo que as coisas funcionam. O problema vai para a rua e quando retorna das ruas, em letra de forma, já é encrenca grossa. Resultado: começaram as investigações, as auditorias e o que se ficou sabendo estarreceu a todos. Havia muito tempo a empresa vinha sendo rapinada internamente. Roubava-se no almoxarifado, na tesouraria, no setor de compras, no comercial, na manutenção, no pessoal. Onde quer que mexessem, apareciam falcatruas dos encarregados.


Naquele santuário da comunicação social - o café da cidade - as pessoas mais esclarecidas se perguntavam: como pode alguém ter adquirido fama de boa gestora enquanto a organização que "dirigia com mão de ferro" vivia esse completo descontrole? Só os tolos não se davam conta disso.


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* Percival Puggina (67) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões


Recebido por e-mail.


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012


EX-BLOG ENTREVISTA CESAR MAIA SOBRE A REUNIÃO DA IDC, EM BEIRUTE!


P- O que chamou mais sua atenção na sua viagem ao Líbano, semana passada?
R- Foi a avaliação da situação do Oriente Médio, em especial em relação a Israel. As forças políticas que, anos atrás, estavam em guerra civil (sunitas, cristãos maronitas, xiitas...) não têm -no fundamental- diferenças a respeito. Todos chamam a área da Cisjordânia, Faixa de Gaza e Israel de "Palestina Ocupada". Quando se referem a Israel, usam a expressão "Palestina Ocupada".

P- São contra ou a favor da criação do Estado Palestino com retirada de Israel de algumas áreas?
R- Nem tratam disso. O que não aceitam é a existência do Estado de Israel. Por isso usam a expressão "Palestina Ocupada". É assim que as pessoas -não só os políticos- falam nas ruas, supermercado, restaurantes..., em qualquer ponto do país, de norte a sul. Lembro que o francês e o inglês são idiomas de uso geral, além do árabe.

P- E como o estrangeiro, turista ou não, sente isso?
R- É simples. Não se pode entrar em nenhum país do Oriente Médio e do Golfo se seu passaporte tem o visto ou o carimbo de passagem por Israel. Israel, para não perder visitantes e turistas, dá o visto ou carimbo em papel a parte. Ou, então, se teria que ter dois passaportes para ir a quaisquer daqueles países e a Israel, mesmo que anos depois.

P- E a situação do Hezbollah no Líbano?
R- Essa foi outra surpresa. Mesmo seus adversários em guerra civil, os cristãos maronitas, definem o Hezbollah como defensores patrióticos do Líbano, e o fato de manterem as suas armas não gera reação. Alegam que é inevitável, enquanto persistir o "risco". Vi três campos de refugiados no norte, centro e sul. Pareceu tudo tranquilo. São cercados, como condomínios. No caminho a Baalbek (centro-norte) as lojas na beira da estrada, e pessoas, no acesso a locais de interesse, vendem bandeiras, camisas e chapéus do Hezbollah e destacam o amarelo, que é a logomarca da organização.

P- E os discursos na reunião em que participou? Quais os que você destacaria?
R- Eu situaria dois polos. Um marcado pela apresentação do ex-chanceler da Itália, que entende que as decisões tomadas nos países da Primavera Árabe devem ser inteiramente acatadas, se as eleições forem livres, sem qualquer preocupação pelo fato dos partidos islâmicos estarem vencendo ou adotarem outra versão de Estado. Do outro lado, marcado pelo discurso do presidente do Kataeb (cristão maronita), que exalta a preocupação com as vitórias dos partidos islâmicos, pois elas poderiam apontar ao fortalecimento do fundamentalismo.

P- Alguma preocupação com violência para os turistas?
R- Nenhuma, nem sensação que se pode ser assaltado nas ruas das principais cidades, de Trípoli a Tiro. O governo -plurirreligioso- do Líbano só teme a situação atual da Síria, pois, pelo menos, um terço do território do Líbano pertenceu à Síria até a primeira guerra mundial e uma guerra civil lá afetaria a segurança da fronteira norte. Já está afetando o fluxo de turistas sírios e comércio entre os países.

P- Finalmente, alguma anotação como Ex-Prefeito?
R- O centro comercial de Beirute é surpreendente. Todo reconstruído usando como referência e inspiração a arquitetura de Paris do final do século XIX, que influenciou o Líbano no período de "protetorado" francês. E lojas de rua de todas as grifes que se possa imaginar, com enorme sofisticação. Limpeza absoluta, conforto e beleza nos espaços públicos. Não se encontra nada parecido no mundo, exceção de shoppings. Essa área restaurada se chama "Solidaire", uma empresa privada que liderou todo esse processo. Os donos dos imóveis destruídos pelos bombardeios eram procurados e se oferecia que eles passassem a ser acionistas do negócio, pelo valor de seus imóveis. Uma fórmula extraordinariamente bem sucedida, minimizando o custo do capital e criando pequenos capitalistas associados. O sucesso do empreendimento garantiu a satisfação de todos os 'acionistas'.

Transcrito do Ex-Blog do César Maia de 1º de fevereiro.