domingo, 26 de fevereiro de 2012

POR GRANDES COISAS OS CRISTÃOS SE UNEM, POR PEQUENAS SE DIVIDEM.

José Reis Chaves

Na sua essência, as religiões estão unidas. Seus desentendimentos estão nas questões doutrinárias secundárias, principalmente no cristianismo.

De acordo com a evolução intelectual e cultural da humanidade, as religiões e seu conceito de Deus vão se modificando. Os concílios ecumênicos da Igreja são exemplos disso. Eles retificam os erros doutrinários, substituindo as ideias errôneas de Deus por outras mais próximas da verdade, embora, às vezes, tenha acontecido também o contrário: a substituição de conceitos corretos sobre Deus por outros errados.

Deus é imutável, não se transforma jamais. A visão de Deus no Velho Testamento da Bíblia é muito diferente da do Novo, como a de hoje está bem distante da própria visão de Deus, da época em que foi escrito o Novo Testamento. Por isso, as interpretações dos textos bíblicos vão sendo também modificadas constantemente.

Retomando o assunto principal desta matéria, vejamos dois exemplos dos entendimentos das religiões, em suas doutrinas principais, e dos desentendimentos nas secundárias. Era comum, e ainda é, a ágape ou refeição em comum de confraternização entre os judeus. Aliás, ágape tem também o sentido de amor, caridade, exatamente porque é uma refeição de confraternização. As ceias da Páscoa Cristã acabaram se transformando mais nas ceias de Natal. Jesus quis marcar a sua despedida do convívio com seus apóstolos com uma ágape de confraternização, mais conhecida por Santa Ceia, quando Ele acentuou que nós fizéssemos também refeições de confraternização, como um meio de nos lembrarmos Dele. Daí a sua famosa frase: “Fazei isso em memória de mim.”

Essa tradição da Santa Ceia durou entre os cristãos até o 4º século, e acabou sendo substituída pela missa. Essa refeição em comum é o sentido principal que Jesus quis imprimir à Santa Ceia, e que Ele desejou que se tornasse uma tradição entre os seus seguidores. O desejo do excelso Mestre se tornou realmente um fato, embora isso, hoje, não seja com aquela ênfase do início do cristianismo.

A partir do Concílio Ecumênico de Trento (1545-1563), surgiu uma questão secundária que divide muito os cristãos, com relação à Santa Ceia ou ágape. Os teólogos católicos defendem a transubstanciação ou transformação da Hóstia consagrada no corpo real, repito real, de Jesus. Os protestantes, os espíritas e os evangélicos aceitam a consubstanciação, ou seja, que o pão é um símbolo do corpo de Jesus, e não o seu próprio corpo real.

Outra doutrina secundária que divide muito os cristãos é o dogma “Theotokos”, proclamado no Concílio Ecumênico de Calcedônia (451), que afirma que Maria é Mãe de Deus. Com esse dogma, a Igreja criou a oração da Ave Maria bíblica, da saudação do Anjo Gabriel a Maria, à qual a Igreja acrescentou a Santa Maria, Mãe de Deus... Os protestantes e evangélicos não fazem essa oração. Os espíritas fazem-na, mas dizem Mãe de Jesus e não Mãe de Deus. O principal fato, que envolve Jesus e Maria, é que ela é Mãe biológica Dele. E com esse fato principal, todos os cristãos estão de acordo.

Como acabamos de ver, pelas questões doutrinárias mais importantes e bíblicas, os cristãos, realmente, estão unidos, mas eles desentendem-se quanto às doutrinas secundárias, não bíblicas, criadas pelos teólogos!


PS: Para quem quiser colaborar com a construção da nova Catedral Católica de BH, contato: (31) 3209-3559 ou www.catedralcristoreibh.com.br.

Coluna de José Reis Chaves no diário "O Tempo" de Belo Horizonte.


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