sexta-feira, 12 de outubro de 2012



             QUEM GANHOU AS ELEIÇÕES DE 2012? 



      
1. Há sempre um vício, ou uma maior facilidade, em sempre querer analisar o passado. Uma eleição -uma vez concluída- pertence ao passado. Afirma que naquele momento as forças políticas ocupavam estes e aqueles espaços.  No dia seguinte, se inicia a eleição que vem, no caso a de 2014. O resultado quantitativo de 2012 pode ser extrapolado como tendência para 2014? Certamente não. Lembre-se que no Brasil a política é de personagens.

2. Destacaria uma curiosidade. Se a tese de acomodação do prefeito Kassab prevalecesse no DEM e ele assumisse a presidência do partido, valendo o resultado de 2012, o DEM (com o PSD incorporado) teria ultrapassado o PSDB e seria o segundo partido com maior número de prefeituras. Vale o raciocínio? Não, pois a tese de acomodação só interessava ao baixo clero, que migrou para o PSD. Ter mais prefeituras não é causa de nada, mas efeito de um tipo de não-política que se pratica no Brasil.
      
3. Mas, sigamos. O governador Eduardo Campos é o grande vencedor, dizem os jornais. Será? Bem, se o mundo acabasse em 2012, sim. Mas se olharmos para 2014, pode-se afirmar que não. Que a máquina estadual e a popularidade do governador funcionaram em Pernambuco, não há dúvida. Pode-se afirmar que a popularidade do governador é extensiva ao nordeste? A resposta é não.
      
4. E fora do nordeste? Bem, aí é nada. O prefeito de Curitiba, do PSB, candidato à reeleição, sequer foi para o segundo turno. E em Belo Horizonte quem carregou o piano foi o senador Aécio Neves. E sozinho. Isso não quer dizer que Eduardo Campos não possa, nesses 20 meses, se afirmar nacionalmente. Mas hoje não é assim e o tempo conspira contra ele. Não há tempo.
      
5. E o PSDB? Não há dúvida que tem muito maior marca e expressão nacional, além da simpatia da imprensa, que o PSB. Eduardo Campos será uma interrogação para a imprensa e as elites sudestinas. Aécio Neves, mesmo estando longe de ser uma forte referência para o Nordeste, tem uma visibilidade muito maior que Eduardo Campos tem em outras regiões, tem a confiança das elites políticas pelo Brasil todo.
       
6. Mas como eleição é um jogo com pelos menos dois times em campo, há que se repetir a dúvida de Garrincha: e os adversários? Entre eles, claro, o PT. Esse sim sai machucado de 2012. Se ganhar S. Paulo, o que é possível, recupera a imagem de 2012, mas só para 2012 e para os analistas do passado.
       
7. Quando se dizia que o PT no governo reproduzia as práticas que condenava, agora, depois do mensalão e do julgamento de grande audiência e repercussão do STF, sai como um cachorro manco, na analogia usada nos EUA. O mensalão não fez ainda nem 10% do estrago político que fará.
       
8. Haverá as imagens das condenações e depois -com enorme impacto- as das prisões, mesmo que sejam por 30 dias. A opinião pública, na base social, se cristaliza em ondas que requerem tempo. Uma notícia forte tem impacto, mas se dilui. O mensalão são notícias fortes em cadeia e quando uma onda chegar na praia, virá, logo depois, outra atrás e assim por diante. Um tsunami político sequencial.
       
9. Lula sobreviverá à sua vaidade no caso da vitória de Haddad. Apresentará todo o seu repertório coreográfico. Mas independente de sua saúde, que todos querem que seja a melhor, não jogará seu cacife e sua história numa eleição banhada pela desmoralização de seu governo e de seu partido.
     
10. Caberá à Dilma entrar em campo. Mas com que time? Sua boa imagem se dá a expensas dos políticos que já não lhe prestam solidariedade parlamentar e menos ainda numa sucessão. E não terá padrinho ou propaganda que dê conta. O Brasil agropecuário não estará com ela, ou seja, sul, centro-oeste e norte. Para não falar em MG.
      
11. Para onde vai correr? Para o sudeste?
      
12. Aécio Neves tem sorte, signo dos políticos bem sucedidos. 2012 abriu a ele espaços que nem ele imaginava. Agora é arregaçar as mangas, andar por aí, produzir fatos e ter uma boa assessoria de comunicação e não marqueteiros. O resto ele sabe e tem no DNA: a plasticidade mineira.


Transcrito do Ex-Blog de César Maia de 11 de outubro.

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