quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
EGITO RESISTIU À CRISE ECONÔMICA INTERNACIONAL, MAS, AGORA...!
1. Nestes últimos oito dias, a interrupção do trabalho em numerosas unidades de produção, a paralisação do sistema bancário, a censura dos meios de comunicação e tantos outros óbices que tardarão algum tempo para serem normalizados, concorrerão para a quebra do desenvolvimento do país. O turismo, por exemplo, que representa 11% do PIB e é um poderoso gerador de empregos diretos e indiretos, ficará prejudicado por muito tempo.
2. O setor industrial, relativamente diversificado na comparação com os demais países da região (têxteis, montagem de veículos, fertilizantes, informática, etc.), sofrerá bastante com a repatriação dos empregados de grupos estrangeiros e com o fechamento de certas unidades de produção. A inflação, que já chegava a 11% (20% para produtos alimentícios), tenderá a disparar. Isso afeta particularmente as classes menos favorecidas.
3. Cerca de 20% da população vive abaixo do nível de pobreza e mais 20% pouco acima desse nível. Tais grupos sobrevivem porque podem adquirir determinados produtos de base, como o pão, que são subvencionados. Em seu discurso (01), Hosni Mubarak prometeu “aumentar o nível de vida, desenvolver os serviços e apoiar os pobres”. Isso significa, provavelmente, o aumento das subvenções e, consequentemente, a elevação das pressões inflacionárias, com efeitos sobre as finanças públicas, que haviam sido saneadas nos últimos anos por Yussef Boutros Ghali, Ministro das Finanças (desde 2004), demitido com todo o gabinete.
4. Este Ministro de Estado (por sinal, copta), bem conhecido e respeitado na comunidade internacional, esteve na origem das grandes reformas econômicas realizadas pelo país nos últimos cinco anos, que criaram um setor bancário sólido. Com um crescimento de seu PIB em torno dos 5% nos últimos dois anos, o Egito resistiu bem à crise internacional e pode empreender importantes reformas que apoiaram o desenvolvimento econômico. Mas esse desenvolvimento não alcançou senão marginalmente as classes mais pobres, que permanecem na miséria, sem acesso pleno À educação e à saúde.
5. São dados que ajudam a entender a revolta popular.
Transcrito do Ex-Blog do César Maia de 3 de fevereiro.
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