quinta-feira, 28 de julho de 2011






SIMULACRO DE GOVERNO.


Aileda de Mattos Oliveira*


Mais de oito anos, quase uma década, e o país mergulhado numa empulhação de democracia, às escâncaras! No âmbito da verbalização, o subgoverno, pretenso pós-modernizador, pratica constantemente o gramaticídio, quando as palavras, na semântica tortuosa das oratórias dos políticos e do governo, são letalmente feridas, segundo interesses reivindicatórios e bajulatórios da ocasião.

É um monólogo de araras, no qual se constata que o país só tem poderosos, mas não Poderes. Todos em defesa das mesmas teses amorais, pois sofreram, preventivamente, mimetização comportamental.

Por serem as reproduções, simulacros da realidade, não se pode considerar, portanto, “democracia”, a aberração que se impinge à nação. Não se pode considerar “Congresso”, um ajuntamento de espécimes sem qualificação para ali estarem. Não se pode considerar “Executivo” a cabeça de Governo que recua de suas decisões a todo instante, por imposição de um partido. Não se pode considerar um “Supremo Tribunal Federal” o que usa a Constituição como pretexto para oratória sofística, ignorando que há vida inteligente no meio da população ovelhum. Não se pode considerar “Imprensa Livre” quando um editorial defende não sei por que razões o STF, hoje, apenas, sigla, já perdidas as suas funções. (O Globo, 17/6/2011, p. 6)

A sofística dos medíocres representantes desta nação fez da Constituição um equipamento pendular para justificar as constantes oscilações de posição, de acordo com o lado que faça tilintar, mais sonoramente, as moedas benfazejas, transformadas em privilégios difíceis de recusarem, pelo hábito de aceitá-los.

O falacioso ex-Supremo se agarra ilicitamente à letra constitucional para torcê-la, pisoteá-la e transformar “liberdade de expressão” em apologia à cannabis e a outras tantas aberrações, combatidas pelos incansáveis defensores da nação, no espaço virtual. Não tem, contudo, este “Supremo”, a mesma desenvoltura interpretativa, dentro dos cânones verdadeiramente constitucionais, no momento de defender a integridade territorial, cedendo à intromissão de forças externas na soberania nacional. Não esqueçamos a Raposa!

Não para por ai o palavrório aparentemente desarticulado. Os pequenos senadores desta república traída não precisam mais discutir o fim do sigilo eterno dos documentos referentes à soberania nacional. De forma capciosa, foram indicando dados das tais Cartas de Fronteiras que não poderiam vir a público. Como não, se já foi citado pela imprensa o que seria sigiloso? Interpretando-se o discurso político dos simplórios senadores, chega-se a pensar que, naquele momento, ao fornecerem indícios sincopados aqui e ali, lançados ao ar, davam indicações perigosas de estarem disponíveis a uma troca de ideias. Se não desejam uma interpretação virulenta de mercenarismo, limitem-se ao necessário, eliminem a verborragia de suas retóricas equívocas, já que mal sabem usar a língua.

A vacilante Rousseff aceita o fim do sigilo perene de documentos que desenharam as fronteiras do país, mas, opostamente, segundo a Veja.com (28/6/2011), “pede à base que mantenha sigilo sobre as licitações”. Escancara os arquivos sobre a soberania do Brasil (que não lhe pertence), aponta aos amigos de lá as brechas por onde devem entrar, cedendo, com submissão, aos seus iguais. Para esconder os rombos do erário, quanto às licitações, declara sigilo, este sim, eterno.

A simulação de que estão empenhados em governar para o país e não no interesse próprio não resiste à leitura de suas frases mal-estruturadas, condenatórias do que lhes vai na alma. Chega-se, então, à dissimulação, marca cultural dos políticos brasileiros, alheios aos interesses da nação, mas atentos à “parte que lhes cabe neste latifúndio” (1).

Este é o tal governo socialista, simulacro de governo democrático, pífia obra de esquerzoides apátridas.

(*Prof.ª universitária, membro da Academia Brasileira de Defesa. A opinião expressa é particular da autora. (1) João Cabral de Melo Neto, “Morte e vida Severina”.)


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