domingo, 9 de maio de 2010




FALTA PLURALISMO



Aristoteles Drummond, jornalista, é vice-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro

A sucessão do presidente Lula ainda está fora das normas tradicionais das democracias ocidentais, com candidaturas representativas de diferentes correntes do pensamento na sociedade. Temos três candidatos de esquerda, dois dos quais (Dilma e Serra) tendo “orgulho” de terem combatido o chamado regime militar, que deu ao Brasil 20 anos de progresso, austeridade e responsabilidade.

José Serra foi presidente da UNE, apoiando o governo Goulart; Dilma pegou em armas. Marina Silva, mais jovem, seria a menos preconceituosa, mas está ligada a uma linha de pensamento incompatível com um país que deseja ser a quinta economia do mundo.

Não temos uma candidatura de centro ou de centro-direita, embora os governos militares – autoritários, mas com eleições para o Congresso e já em 82 diretas para governadores – tivesse maioria no Congresso, através de seus partidos ARENA e PDS. Os Democratas e os Progressistas (PP) são formados, tendo como base as agremiações de sustentação dos anos dourados do crescimento com ordem. Mas Ciro Gomes (PSB) foi dos dois partidos, assim como o vice-presidente da CEF e dirigente do PMDB, Moreira Franco, que foi candidato governador pelo PDS e chegou a presidir o partido no Rio. Como estes dois partidos não apresentarão candidaturas próprias, o centro terá de escolher de acordo com o programa de cada esquerdista.

O senador Sérgio Guerra, em recente entrevista à revista Veja, afirmou que o PSDB era um partido de esquerda. Não se deve, portanto, duvidar, embora tenha regionais de centro, como é o caso de Minas. Diante deste quadro, nada mais natural do que se pedir aos candidatos que sejam bem definidos em relação a pontos de alta relevância para o futuro do Brasil.
O que pensam do MST e de suas invasões, o que pensam da reserva legal aprovada da maneira que foi, sem indenização e valendo para todo o país, ignorando as diferenças regionais. É preciso saber o que pensam do tamanho do Estado, da atuação de fundos de estatais na direção de empresas de direito privado, da reforma tributária e da trabalhista.

No que toca a projetos de infraestrutura, na energia, nos transportes e nos portos e aeroporto, que como estão não suportam o crescimento esperado e desejado pelos brasileiros.E a prioridade de Belo Monte? Qual o papel reservado ao capital privado no processo de desenvolvimento econômico e social?

A política externa passou a ser importante na medida em que parte da sociedade está verdadeiramente chocada com nossa solidariedade e confiança ao governo radical iraniano, ao personalista e agressivo venezuelano e a complacência com a falta de liberdade e respeito aos direitos humanos em Cuba. Nenhum dos três nomes se sente à vontade para comentar Cuba, que, no fundo, no fundo, admiram. Logo, não é demais insistir na cobrança de definições, para fundamentar desde o voto de cada brasileiro , ao investimento de cada grupo internacional.

Uma pena que não possamos ainda ter candidatos afinados com o mundo moderno, com o pensamento dos responsáveis pelos avanços da humanidade nestes 30 anos – desde Reagan, Thaetcher, João Paulo II, no mundo, e Roberto Campos, Delfim Netto, Pedro Malan, no Brasil. Aliás, é sempre bom lembrar que o lado mais positivo dos governos FHC foi aquele confiado a Pedro Malan, que sempre foi alvo de restrições por parte do candidato José Serra. E esta será mais uma explicação bem-vinda.

Transcrito da página do Aristóteles Drummond:

http://www.aristotelesdrummond.com.br/

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