terça-feira, 2 de dezembro de 2008

RECESSÃO

RECESSÃO

02/12/2008

Recessão.

Nós estamos em dezembro de 2008. Os EUA acabam de saber que estão em recessão desde 2007, portanto há mais de um ano.

Desde que o mundo entrou no processo de globalização, 20 anos atrás, foi construído um processo de crescimento totalmente sem controle e de enorme interação entre o s agentes econômicos. Qualquer coisa que pudesse dar errado destruiria muito do que foi edificado.

Pois bem, algo deu errado. A velocidade da parada na teia econômica foi de tal ordem que, em verdade, os controladores das finanças mundiais ainda estão por acreditar no que estão vendo. O mundo parou, a globalização acabou. Não acreditam? Pois podem acreditar. O preço do frete caiu 90% desde há um ano. Mas não demorou um ano para isso acontecer, aconteceu em 45 dias apenas. Já estamos falando de crise no setor de transportes em larga escala. Já falamos de Bancos de Investimento, montadoras, e agora transportes. Virão, após isso, Cias de aviação e fabricantes de aviões e navios.

O rolo compressor está andando para frente. Ai, logo cedo, escuto o ministro da fazenda dizendo as bobagens de sempre. Que a crise e sua fase aguda já passou. Que agora estamos estabilizando o crédito e as mentiras de praxe de todo santo dia.

Não estamos fazendo coisa nenhuma, o crédito não virá, e o rolo compressor ainda está amassando gente nos EUA e Europa, sem falar da China e do Japão. O tamanho deste rolo compressor, segundo a Bloomberg, já esta na cifra de meros 8,5 trilhões de dólares. Crises anteriores, com cifras da ordem de 800 bilhões, pararam o mundo por mais de 24 meses.

Para que o governo americano coloque 8,5 trilhões na parada é porque esse dinheiro sumiu. É sumiu, desapareceu, não existe. Como não existe, o mercado real vai perder em vendas nada menos que a mesma quantia. Imediatamente.

A farra foi muito boa, mas os EUA se financiaram com a globalização. A festa acaba de acabar. Não era mais possível que o mundo tivesse um crescimento daquele nível, baseado em pura especulação financeira. Nos EUA as vendas pararam totalmente no que concerne a automóveis. Com isso a receita dos estados vai cair feio. Com esse dinheiro deixando de rodar na economia, os preços, num primeiro momento desabam. Depois, como sempre que há impressão de moeda, e juros baixos, as empresas vão tentar se manter vivas, e os preços sobem, mas sem que as vendas subam. Sem oferta, e com preços subindo, a população vai descobrir a verdadeira crise.

O que pensa o brasileiro? Que esse imenso país, quase um continente, virou uma ilha. É a ilha da tranqüilidade, onde tudo não acontece. Nada se faz e nada acontece. Vamos pagar caro pela nossa negligencia. É a ilha dos Birutas. O mundo vai afundar e nós vamos juntos, meio atrasados, mas sem dó nem piedade. A crise no Brasil virá pelos portos, e não pela internet ou agencias de notícias. Por aqui o que se quer é esconder a verdade.

Mas, as estatísticas de embarques e desembarques nos portos, os empregos nos portos, as taxas e impostos cobrados nos portos, tudo isso vai mostrar que, para um país que se baseava em exportações para crescer, onde 62% das vendas externas eram feitas por apenas uma empresa, a Vale do Rio Doce, as coisas vão começar a dar errado.

Vai sumir do mercado tudo quanto é crédito. Qualquer um dos tipos. Não irá sobrar nem o cheque especial. Assim que os bancos perceberem que o calote é iminente, a correria vai ser grande.

Ai eu quero ver o nosso ministro vir dizer de novo que o crédito está restabelecido.

Podem chamar a policia minha gente, porque o CRÉDITO sumiu. Ou foi seqüestrado, ou pior, morto.

Só quem não pode reclamar é sindicato. E eles não vão reclamar mesmo, simplesmente porque são os donos do poder.

Como todos sabem, não há almoço grátis.

Vocês têm de pagar a conta e ela será salgada e cara, como nunca antes nesse país.

Escrito por Nathal às 00h28

Transcrito do Blog Nathal & Candlesticks: http://nathal.zip.net/
Em 2 de dezembro de 2008.








http://nathal.zip.net/

Um comentário:

Anônimo disse...

Se a Vale do Rio Doce era responsável por mais de 60% das exportações e está dispensando milhares de empregados... Estamos no mato sem cachorro!