quinta-feira, 10 de dezembro de 2009


O último combate de Elza

Quinta-feira, 10 dezembro, 2009, às 15:15

Quando as “cobras-fumantes”, as tropas da Força Expedicionária Brasileira, desembarcaram em Nápoles, em 1944, duas mulheres ajudaram a tornar mais leve o fardo dos homens que foram lutar numa guerra cujas razões nem sequer diziam respeito a seu país. Uma delas, Major Elza Cansanção Medeiros, faleceu nesta terça-feira (8/12), aos 88 anos. Elza era a mulher mais condecorada do Brasil, segundo o Comando Militar do Leste, com 35 medalhas; a primeira brasileira a se apresentar como voluntária na Diretoria de Saúde do Exército, para lutar na Segunda Guerra Mundial, aos 19 anos.

Na Itália, Major Elza conheceu Clarice Lispector, que acompanhava o marido diplomata. “Como não havia assistentes sociais no Exército brasileiro, Clarice ‘solicitou das autoridades militares, quer brasileiros, quer americanos, autorização para diariamente visitar o hospital e conversar um pouco com os doentes’, lembrava Elza.” Quem nos revela o fato é o norte-americano Benjamin Moser, autor da biografia Clarice,.

“Nos lançamentos de Clarice, em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, as pessoas perguntaram muito sobre as minhas experiências durante o processo do livro. É uma aventura fascinante, sobretudo por causa das pessoas que se encontra pelo caminho. Sempre comento sobre a veterana mais antiga da FEB, a Major Elza, que ainda se lembrava de Clarice Lispector na Itália de 1944, cortando as unhas dos pés dos pracinhas. Elza foi, de fato, uma pessoa única e sempre guardarei na memória nossas conversas, assim como sua dedicação total ao Brasil”, disse Moser ao saber da morte da veterana.

Segundo informações de periódicos de Alagoas, terra dos pais de Elza, ela sonhava em lutar na linha de frente, mas teve que se conformar em seguir como uma das 73 enfermeiras no Destacamento Precursor de Saúde da Força Expedicionária Brasileira, já que, na época, o Exército Brasileiro não aceitava mulheres combatentes.

O Comando Militar do Leste detalhou a participação de Elza na guerra: ela trabalhou nos hospitais de evacuação na Itália e nenhum soldado que foi tratado por ela morreu. Atuou como oficial de ligação e enfermeira-chefe no 7th Station Hospital, em Livorno. Com o fim da guerra, foi dispensada logo após o retorno ao país, indo trabalhar no Banco do Brasil.

Transcrito do Blog da COSACNAIFY:

http://editora.cosacnaify.com.br/blog/


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