sábado, 2 de outubro de 2010


ELEIÇÃO DE UMA NOTA SÓ


Aristoteles Drummond, jornalista, é vice-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro

Vamos para as urnas em campanha com bom nível, apesar de um bombardeio grande na mídia, especialmente contra o governo e sua candidata, por pecados infelizmente comuns a todos. A repercussão, no entanto, é limitada em função de o candidato de oposição ser fraco no desempenho na televisão e nos contatos populares. Realmente a senadora Marina Silva foi quem mostrou que, com um pouco mais de tempo, poderia ir para uma disputa no segundo turno.

O governo e suas forças também erraram na reação às acusações e evidenciaram velhos cacoetes da esquerda. Faltou um candidato que fosse afirmativo na defesa de princípios da livre empresa, de uma política tributária moderna, eficiente e com menos burocracia. Também não teve candidato que denunciasse a impunidade do MST e outros movimentos que agem com violência e à margem da lei. Nem uma palavra sobre a legislação trabalhista que inibe a criação de novos empregos. No fundo, os três candidatos principais pensam da mesma forma e possuem formação semelhante.

No plano partidário, as alianças regionais foram as mais absurdas e, ao que tudo indica, apesar de tantos escândalos na atual Legislatura, o Congresso não deve ganhar em qualidade. E ainda deve perder nomes de alto nível, como o senador Marco Maciel e o deputado José Carlos Aleluia.

A maioria continuará mais conservadora do que os candidatos presidenciais gostariam – o que pode impedir medidas que venham a ferir a liberdade de empreender e aumentar a presença do Estado na vida das empresas e dos cidadãos. Mas o Senado já não será uma barreira para propostas inconvenientes. Aí, a bancada mineira vai ganhar muita força pelo trio formado pelo ex-ministro e notável engenheiro Elizeu Resende, o líder do Estado Aécio Neves Cunha e Itamar Franco, que foi governador e presidente da República. Uma autoridade política e moral singular. Ana Amélia, que vem eleita do Rio Grande do Sul, pelo PP, deve ser um destaque no Senado, onde atua como jornalista há mais de 25 anos e conhece o ambiente por dentro, pois foi mulher de senador .

O quadro pode melhorar com a presença dos mais jovens, inclusive os que já estão no Congresso e se saíram bem. E outros que retornarão, como Julio Lopes do Rio ou os que assumirão cadeiras ocupadas por seus pais, em todo o Brasil.

Mas a grande conclusão desta eleição é a de que temos de ter reforma política logo. Precisamos de partidos autênticos e não aglomerações obedientes a uma meia dúzia de “cartolas” como são os atuais, com raras exceções.

Precisamos de um partido, de uma voz, de uma liderança. Para a bandeira do conservadorismo esclarecido, do liberalismo econômico, da política de autoridade e da segurança pública com energia, da meritocracia na ocupação de cargos públicos, na agilização dos processos envolvendo casos de corrupção na administração pública, em todos os níveis.

Não se pode construir uma democracia sem a representação do pensamento que une os brasileiros que trabalham no front da livre empresa – desde um agricultor modesto às grandes corporações do agronegócio, desde o modesto lojista do interior ao grande conglomerado industrial. Quem dá emprego e paga impostos, quem forma uma elite positiva tem que ter voz. E tem de ser ouvida. Hoje imperam as candidaturas de baixo nível, a indiferença das classes médias para a escolha de deputados estaduais e federais afinados com seu pensamento. Uma alienação em que não faltaram incoerências históricas , como esta do presidente da FIESP ser socialista.

Transcrito da página do jornalista Aristóteles Drummond;
http://www.aristotelesdrummond.com.br/


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