quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Brasil tem de mudar a maneira como vê as Farc, diz Ingrid Betancourt



03 de novembro de 2010


Thiago Chaves-Scarelli
Do UOL Notícias
Em São Paulo

Ingrid Betancourt é talvez a refém mais famosa que já passou pelas mãos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Sua projeção como candidata presidencial e sua nacionalidade francesa garantiam para a guerrilha importante visibilidade midiática e poder de barganha, e faziam de Betancourt uma refém valiosa demais para se perder. Nessa condição, acabou vivendo mais de seis anos em meio à floresta tropical colombiana, sob a vigilância constante de um grupo “terrorista”, como afirmou em entrevista exclusiva ao UOL Notícias nesta quarta-feira (3).

Hoje, dois anos depois da operação de inteligência militar que a resgatou, Betancourt pode usar brincos e não precisa mais pedir autorização para ir ao banheiro. Mas não abdicou completamente da companhia da guerrilha: fora da floresta, escreveu um relato de mais de 550 páginas sobre o período que esteve refém, em um exercício de revisitação do passado que qualifica como “terapêutico”.

De passagem pelo Brasil para divulgar a obra, Betancourt comentou sobre a relação que manteve com seus captores durante aqueles anos, questionou o tipo de “comunismo” praticado pela guerrilha e afirmou que o Brasil precisa mudar de postura e classificar o grupo como terrorista.

“Se há uma organização que sequestra, que manda bombas em igrejas e escolas, pois estão fazendo terrorismo e quem faz terrorismo é terrorista. Ou seja... Eu acredito que as Farc devem ser consideradas terroristas”, afirmou.

Leia a entrevista a seguir:

UOL Notícias: Depois de tudo o que a senhora passou, seria compreensível se escolhesse evitar o tema do sequestro. Mas, ao contrário, a senhora escreveu um livro a respeito e concorda em conceder entrevistas. Por que a senhora optou por se abrir para contar a história ao invés de apenas deixá-la para trás?

Ingrid Betancourt: Eu acredito que as duas opções são válidas. É válido não voltar a se referir ao tema, como parte de um processo de recuperação de todos os traumas que pode ter havido. Sei que para muita gente isso é muito difícil. Mas acredito também que é válido, pelas mesmas razões, falar sobre o tema. Creio que também é terapêutico. No meu caso, o que foi muito evidente é que quando eu voltei à liberdade não podia falar disso, nem com a minha família, nem com ninguém. E mesmo depois de ter escrito o livro, quando falo de certos momentos do cativeiro, as emoções voltam muito fortemente.

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Transcrito da página "Brasil acima de tudo":
http://brasilacimadetudo.lpchat.com/

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