ASSIM
JÁ
É
DEMAIS!
Percival
Puggina
Até
os índios
kaiapó, às
margens do
rio Iriri,
sabem que
o mensalão
aconteceu. Sabem
que foi
uma trama
criminosa, montada
para corromper
partidos políticos
e deputados
e, com
isso, alinhavar
maioria parlamentar
na Câmara
dos Deputados.
O próprio
Lula perfilou-se
entre os
primeiros a
admitir a
natureza criminosa
dos fatos.
Lembro muito
bem disso
porque o
reconhecimento se
deu em
cadeia nacional
de rádio
e televisão.
Resultou inesquecível
a cena,
tendo como
palco o
ato de
abertura da
reunião ministerial
do dia
12 de
agosto de
2005.
Nessa
fala, o
ex-presidente disse:
a) que
se sentia
traído por
práticas inaceitáveis;
b) que
nunca teve
conhecimento dessas
práticas; c)
que por
ser o
primeiro mandatário
da nação,
era seu
dever zelar
pelo Estado
de Direito;
d) que
o Brasil
tinha instituições
democráticas sólidas
e que
o Congresso
e o
Judiciário estavam
cumprindo a
sua parte;
e) que
a Polícia
Federal estava
investigando a
fundo todas
as denúncias;
f) que
determinou, desde
o início,
que ninguém
fosse poupado,
pertencesse ao
PT ou
não; f)
que não
tinha qualquer
vergonha de
dizer ao
povo brasileiro
que "nós
temos que
pedir desculpas"
e explicitou
esse "nós"
afirmando que
o PT
tinha que
pedir desculpas
e que
o governo,
onde errou,
tinha que
pedir desculpas;
h) que
o povo
brasileiro não
podia estar
satisfeito com
a situação
que o
país estava
vivendo. Quem
quiser voltar
a assistir
essa fala,
procure no
youtube por
"Lula pede
desculpas pelo
mensalão".
Depois
disso, seguiram-se
investigações com
o rigor
anunciado, tanto
na Polícia
Federal quanto
nos demais
órgãos do
Estado, notadamente
Banco Central,
Receita Federal,
Controladoria Geral
da União
e Ministério
Público Federal.
O volumoso
processo caiu
em mãos
do STF
e ali
foi escrutinado
por uma
legião de
técnicos e,
por fim,
pelos próprios
ministros, como
bem pudemos
assistir. Nós,
eles, e
os índios
Kaiapó. Ao
fim e
ao cabo,
o que
se ficou
sabendo era,
em tudo,
bem mais
volumoso e
grave do
que o
contido nas
estudadas manifestações
do deputado
Roberto Jefferson.
Aquelas
instituições que
Lula elogiava
enquanto se
declarava vítima
de uma
traição, foram
fazendo, com
rigor, o
que lhes
competia. Ele,
Lula, foi
o único poupado. Não há registro, em cinco séculos de
história do
país, de
maior atentado
contra as
instituições nacionais.
Para proporcionar
ao governo
maioria parlamentar,
degradou-se o
poder legislativo
comprando deputado
assim como
muitos barões
do açúcar
e de
cacau compravam
votos. Para
esse fim,
o governo
organizou seus
jagunços de
terno Armani
e mocassim
italiano.
Fizeram
grande mal
à nação.
Expuseram-na a
um rumoroso
vexame internacional.
Proporcionaram péssimo
exemplo ao
povo. Sentada
a poeira
dos escândalos,
perseveraram em
práticas delitivas.
Pergunto: não
foi isso
o que
se viu
no efeito
dominó que
derrubou boa
parte do
ministério de
Dilma Rousseff
em seus
primeiros meses?
E agora
pretendem, em
orquestrada série
de manifestações,
desacreditar o
Supremo Tribunal
Federal. Ou
seja, continuam
a agir
contra as
instituições! Parecem
esquecidos de
que sete
dos dez
membros do
Supremo foram
indicados por
eles. Agem
e falam
como se
aquela Corte,
escolhida a
dedo por
Lula e
Dilma, fosse
composta por
tipos sinistros,
por carniceiros
dispostos a
eviscerar e
esquartejar, membro
a membro,
o mais
nobre partido
da República
para felicidade
"das elite".
Ninguém é
mais lulista
neste país
do que
"as elite".
______________
*
Percival
Puggina
(67)
é
arquiteto,
empresário,
escritor,
titular
do
site
www.puggina.org,
articulista
de
Zero
Hora
e
de
dezenas
de
jornais
e
sites
no
país,
autor
de
Crônicas
contra
o
totalitarismo;
Cuba,
a
tragédia
da
utopia
e
Pombas
e
Gaviões.
Recebido por e-mail.
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