terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A máxima do economista e a garganta cortada.

Em palestra de economista querendo mostrar seu modelo econômico sempre tem a frase: “dadas as mesmas condições e com nenhuma variável mudando” alcançaremos o seguinte resultado para esse modelo.

Vai daí que economista e político resolvem as coisas na pura adivinhação e com propaganda enganosa.

Nestes últimos dois dias a Bovespa experimentou uma queda de mais de 6%. Ora, todo mundo, inclusive os economistas e seus modelos dizem que o Brasil é a bola da vez e que vai crescer e coisa e tal. Eu não posso afirmar isso, já que não sou capaz de ver o futuro, não posso confirmar nem desdizer o que eles dizem.

O fato é que houve um fato novo no mercado, que para eles nada mais é do que a confirmação de que eles estavam certos ao afirmar que o mundo está crescendo e que a crise acabou. O fato foi a confirmação do crescimento econômico na China, 8,7% no ano.

Bom, esse fato corrobora que o mundo vai crescer e que assim as bolsas têm de continuar a subir. Mas, não é isso o que está acontecendo. 6% de queda em 2 dias? E o crescimento econômico no Brasil e na China? Não conta mais?

É não conta não. As bolsas estão pouco se lixando com o crescimento econômico, o que elas querem é fazer a mágica: dinheiro aparecendo no bolso dos espertos.

Mas vejam o que diz um brasileiro morando na China:

- A maior razão para o crescimento de 8,7% do PIB na China em 2009 é: o governo chinês quis. Se o Partido Comunista consegue produzir chuvas e nevascas artificiais para mudar o clima em Pequim, o crescimento econômico em meio à recessão global não parece algo tão sobrenatural.

A China está construindo 1.000 km de metrô em 15 cidades e aprovou novos 2.500 km em outras 22 (São Paulo e Rio juntas têm 110 km). Obras tiveram o prazo de entrega encurtado de quatro para dois anos apenas para obrigar empreiteiras a contratarem mais gente e gastar mais.

O governo nacional baixou os impostos dos automóveis, para a alegria da nova classe média, que só andava de bicicleta, e obrigou centenas de prefeituras e governos provinciais a renovarem suas frotas. Foram vendidos 12,3 milhões de carros, volume suficiente para ultrapassar os Estados Unidos como maior mercado automotivo do mundo.


Bancos estatais tiveram que emprestar o equivalente a 90% do PIB brasileiro a empresas estatais e a governos provinciais que dificilmente quitarão suas dívidas, assunto empurrado para depois.

Dinheiro não falta. Com sua moeda artificialmente colada ao desvalorizado dólar e mão de obra barata, o superávit comercial do país varia entre US$ 200 bilhões e US$ 300 bilhões ao ano. Os investimentos estrangeiros diretos no país variaram de US$ 50 bilhões a US$ 100 bilhões anualmente nas últimas duas décadas.

O país possui US$ 2,4 trilhões em reservas internacionais, mais que os PIBs de Brasil, Argentina e Chile juntos.Por isso a overdose de estimulantes econômicos. No mês passado, foi inaugurada a linha de trem de alta velocidade entre as metrópoles de Wuhan e Guangzhou, de 960 km de extensão, praticamente a distância entre São Paulo e Brasília.A viagem é feita em três horas (antes durava dez), e as passagens custam entre 490 yuans e 780 yuans (R$ 122,5 e R$ 195). Nas três primeiras semanas de operação, a ocupação foi de 30%. Os chineses só conseguem pagar as passagens baratas da viagem mais longa. A obra custou o equivalente a R$ 29 bilhões

O setor privado chinês, com investimento externo de sobra, segue a mesma toada. No bairro onde moro em Pequim estão em construção três novos shoppings. Já existem na região outros dez -há cem shoppings em Pequim, quase todos construídos na última década. Ao contrário dos abarrotados mercados populares, suas lojas vivem vazias. Assim como as dezenas de edifícios comerciais e residenciais fantasmas espalhados por Pequim ou Xangai, fruto de dinheiro em excesso na mão de especuladores estatais e privados.

O consumo doméstico equivale a 30% do PIB, metade do que é no Brasil ou na Índia, enquanto os investimentos equivalem à metade do PIB. As estatísticas que apontam grande alta das vendas no varejo incluem marotamente as compras governamentais.
A aposta é no futuro. Ainda vivem no campo 53% da população chinesa (no Brasil, só 18%), e o êxodo rural continuará a promover o crescimento da economia. Cuida-se hoje que não faltem empregos, e amanhã esses prédios, esses shoppings e esses assentos nos trens estarão ocupados. Falta colocar dinheiro no bolso do cidadão chinês, mas por enquanto ele só está sobrando na mão do governo e das empresas estatais
.

Como se vê pela fala do nosso chinesinho ai em cima os shopping centers estão lá, mas vazios. O povo é escravo.

Quem deve gostar disso é o Lulla e o Chaves.

Bom, mas ontem o Obama acabou com a farra de 2009. Ele disse que banco que é banco tem de ser banco e não pode mais:

1. Especular com o dinheiro dos depósitos.

2. Manter ou ser dono de fundos de hedge ou qualquer outro tipo de fundo especulativo.

3. Ser grande demais para falir

Vai daí que a variável que mudou é a seguinte:

O que é que os bancos farão com os fundos especulativos que até hoje eram os grandes consumidores de ativos nas bolsas do mundo todo?

Posta a pergunta, assintam a desossa.


Transcrito de Nathal & Candlesticks:

http://nathal.zip.net/



Nenhum comentário: