domingo, 18 de setembro de 2011


EM DEFESA DA DEFESA.



Aileda de Mattos Oliveira*

Um país para defender-se, necessita atacar, de frente, as deficiências infraestruturais dos governos para a salvaguarda de sua própria soberania, num reconhecimento de que as contingências internacionais não permitem mais que seja postergada a sua maturidade política.

Ignorar essas deficiências é alimentar a ousadia de ‘aliados’ poderosos que devem se surpreender com a colonial e ingênua postura dos intelectuais brasileiros que, em plena competição armamentista em níveis tecnológicos avançados, ainda se nutrem do mito de “povo pacífico”, tornado clichê, até mesmo pela imprensa, pobre de reflexão.

Não importa o pacifismo de um povo; o perigo reside na beligerância de outros. Indispensável, portanto, a conscientização de que o Brasil não é somente um território continental, como a sociedade ainda imagina na sua concepção de fronteiras, limitadas às linhas do mapa escolar. Hoje, o Brasil é um rico conglomerado de terra e mar, de imensas fontes de minérios e de uma invejável biodiversidade, reserva que se mantém observada por outros olhos, já que as mãos devastaram, por ignorância e avidez comercial, o próprio quinhão que lhes dizia respeito.

Há urgência em definir quais os objetivos a serem perseguidos quanto à representação política do país no cenário internacional. Afinal, que papel irá desempenhar ante as imposições externas, e como eliminar, sem demagogia, as necessidades materiais internas, para fazer jus à denominação de potência? É necessário, de imediato, um programa de governo que atenda a todos esses reclamos relacionados à defesa do país.

Mais acelerada urgência se impõe no que respeita às estratégias de defesa, cuja execução deve, de imediato, alçar voo, desligando-se a sua formulação sistêmica da letra morta do Decreto que lhe deu vida. A consumação das ações governamentais depende, e muito, da participação efetiva da indústria, que deve voltar-se para a produção de material bélico, eufemisticamente denominado ‘de defesa’, sem o qual não há como manter-se uma diplomacia eficaz, por ser o instrumento de dissuasão, na retaguarda, nas mãos silenciosas, mas atentas, das Forças Armadas.

Cabem a elas, Forças, a função constitucional de manter livre a nação de qualquer ameaça que venha pôr em desequilíbrio a organização política e a integridade territorial. Assim, embora haja os que se conservam prisioneiros do provinciano raciocínio de que o dinheiro para o reaparelhamento das Forças é indispensável ao atendimento de outras necessidades, esquecem-se de que neste desvio de prioridades, estão as verbas que sustentam as veleidades políticas.

A defesa da nação deve ser prioridade governamental, em respeito à herança recebida dos responsáveis pela sua unidade territorial, resultado de embates constantes, a partir dos tempos de Tordesilhas, incansáveis lutas de ontem que permitiram-na manter-se num só todo linguístico e alcançar a atual projeção geopolítica que, com erros e acertos diplomáticos, conseguiu conquistar.

A nação está, portanto, submetida à custódia dos governos que se elegem, mas dependente, sempre, da vigilância das Forças Armadas, pois é um patrimônio inalienável de um povo que escolheu os primeiros para cumprirem a tarefa de sua proteção com a constitucional presença, sempre alerta, das Forças.

Atacar, de imediato, os óbices que entravam a normalidade burocrática, já é o começo de pôr em prática a defesa do país.

(*Prof.ª Dr.ª em Língua Portuguesa. ADESG 2008 (CEPE XXXIV); ESG 2010 (CLMN)

Membro da Academia Brasileira de Defesa. A opinião expressa é particular da autora.)

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