POBRE AMÉRICA LATINA !
Aristoteles Drummond, jornalista, é vice-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro
Neste mundo globalizado, nos meus mais de 40 anos de jornalismo, tenho visto as coisas em geral piorarem. A lembrança me ocorre diante da atual safra de governantes na América Latina e até mesmo nos EUA, democracia de referência, que, nessa onda de populismo barato, levaram um despreparado à Casa Branca.
A Argentina, que visitei há dias, entristece de ver dominada pela mais baixa corrupção, demagogia e uma volta ao pior dos anos do peronismo. Uma população com bom nível de educação, com bons hábitos culturais, entregue a um grupo político que promete continuar no poder. Empobrecida e sem esperança, sem elites unidas e conscientes, deixou-se entregar. Um motorista de táxi alegou que votaria na continuidade para que a bomba da crise estourasse nas mãos da presidente. Faz sentido, na medida em que a taxa de inflação é maquiada, a imprensa perseguida – caso do El Clarin – e a indústria não tem competitividade.
Salva a situação um bom turismo, muito superior ao nosso, os preços do trigo, a recuperação da pecuária de alta qualidade, produtividade, a autossufiência e a exportação de petróleo. Mas permanecem problemas na energia elétrica e credibilidade para atrair investimentos depois do calote espetacular.
O panorama em outros vizinhos não é muito diferente. Venezuela, Bolívia, Paraguai e Equador competem nos erros e equívocos. E podem receber o reforço do Peru, cujo governo tem pouco mais de um mês. Salva-se o bom senso do Chile, apesar da agitação das esquerdas manipulando estudantes e, surpreendentemente, o equilíbrio que vem demonstrando o presidente do Uruguai.
O Brasil poderia representar um papel importante nesse quadro, passando a ser o fiador de avanços econômicos, políticos e sociais da América do Sul, caso não tivesse uma ala do governo que não esconde sua simpatia pelos exóticos, mesmo que a alto custo para o nosso país. Só temos perdido e podemos perder mais ainda se entrarmos no tal fundo que querem formar, com nosso dinheiro, para tapar buracos que jamais serão reembolsados. A crise vem aí e vai pegar a todos. Não podemos, portanto, permitir que os afogados tentem se agarrar em nós e captar recursos que nos serão sempre úteis para nossa economia enfrentar a turbulência mundial.
Nossos problemas são de fácil solução, resolvendo a questão cambial e dos juros, e principalmente investindo na infraestrutura que limita toda e qualquer possibilidade de um crescimento real por dois ou três anos seguidos. Energia, transportes (estradas, portos e aeroportos) e foco na educação, no treinamento de profissionais e técnicos. Esta é a receita.
Nossa presidente é, de longe, a de melhor comportamento, em todos os sentidos, dentro desse quadro. Sabe gerenciar, tem bom senso e boas intenções. Mas tem de tomar cuidado com a parte de sua equipe que prefere o diletantismo revolucionário e ressentido a um trabalho objetivo e pragmático.
Todo cuidado no comprometimento com esses vizinhos e amigos será pouco. Diante da crise, nossa posição é bem diferente da deles.
Transcrito da página do jornalista Aristóteles Drummond:
http://www.aristotelesdrummond.com.br/
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