quinta-feira, 19 de abril de 2012

19 DE ABRIL DE 1648

O EXÉRCITO BRASILEIRO


Aileda de Mattos Oliveira*

Como a raiz de uma árvore que transmite ao tronco todos os nutrientes indispensáveis à sua sobrevivência e o mantém de pé, o Exército, em relação ao Brasil, é o seu sustentáculo, profundamente enraizado à terra brasileira, desde quando, há mais de três séculos, a Colônia já era alvo da cobiça estrangeira. A partir de então, tornou-se o óbice a todos os que nela desejavam penetrar e aos movimentos internos de desagregação territorial.

Não há Instituição Nacional que se iguale à Força Terrestre, em tradição, disciplina, respeito à hierarquia e sentimento de amor à pátria. Por isso, é combatida. Combatida, porque defende o Brasil. Inacreditável! É contraditório, mas o que nas esferas política e governamental não é constituído de labirínticos sofismas?

Tornou-se o dia 19 de abril de 1648, o da primeira batalha nos Montes Guararapes, o marco da formação dessa briosa Corporação, quando as bem-equipadas tropas holandesas não resistiram aos terços luso-brasileiros, composta a parte brasileira de índios, negros, caboclos, mamelucos, resultantes das várias gerações do processo contínuo de miscigenação.

É inadmissível, portanto, falar na história da formação do Brasil sem que se fale no Exército Brasileiro, porque ambos se confundem, porque este é o esteio daquele, como a raiz é o esteio da árvore.

Coube ao Exército Brasileiro a manutenção da integridade territorial; a transformação do homem híbrido das três etnias em soldado colonial, da mesma origem da população; o respeito às efemérides e aos heróis que delas participaram ‑ exemplários de conduta nas batalhas e em tempos de paz ‑; a disseminação e a implantação da língua portuguesa, consequência da movimentação das tropas, como instrumento cultural herdado do colonizador e identificador da nova nação.

Cabe ao Exército Brasileiro, além de todas as atribuições anteriores, a de transmitir ao soldado miscigenado da geração atual, da mesma origem da população, o respeito aos símbolos nacionais, o amor à terra de seu nascimento, a instrução cívica e a profissional, além do trabalho social em longínquas regiões do Brasil, onde não são postas em prática políticas públicas de assistência às populações locais, que vão buscar, nos quartéis, atendimento.

Sendo, portanto, o Exército Brasileiro uma Instituição Permanente, respeitável e respeitada, responsável pela defesa e soberania do país, sempre a postos a impedir aqueles que desejam dividir o território e o seu povo, é natural que governantes antibrasileiros com objetivos inconfessáveis, utilizando-se de recursos, naturais à sua má índole, desejem a sua desmoralização.

Forjado nos duros embates coloniais; nas batalhas, durante o Império, em defesa da unidade nacional; acostumado aos rigores da caserna, o Exército não pode deixar-se abater diante da arrogância dos pseudodemocratas, cujas cores de suas bandeiras ideológicas têm outros matizes; cujos símbolos erguidos nas suas provocadoras manifestações são estranhos, de terríveis significados.

Imbuído dos conceitos mais caros da nacionalidade, tem que continuar ciente de sua missão de manter acesa a chama da liberdade na terra brasileira e de defender a integridade territorial e de seu povo, porque é o sustentáculo desta nação ainda perseguindo o seu destino.

Por todas essas qualidades intrínsecas, homenageia-se, aqui, o Exército Brasileiro, neste seu dia, em comemoração aos trezentos e sessenta e quatro anos de história, que se inicia com a grandiosa vitória sobre as forças flamengas. São singelas palavras, é certo, porém traduzem o reconhecimento de sua capacidade de resistência às investidas dos sem-pátria, de autopreservação ante as ofensivas e as ofensas dos maus governantes, forças contrárias que desejam o esmorecimento total de seus componentes.

Que seja eternamente iluminado, para que permaneça sempre presente no cumprimento da defesa do território, do qual é o seu suporte, e da soberania do Brasil, da qual é o seu guardião.

(*Prof.ª Dr.ª em Língua Portuguesa. Articulista do Jornal Inconfidência. Membro da Academia Brasileira de Defesa. A opinião expressa é particular da autora.)


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