A todo o pessoal da Ilha
(DIVULGUE o mais que puder)
Publicamos abaixo mensagem enviada a propósito da surpreendente demissão de Eunice Cariry da direção da Casa do Índio do Rio de Janeiro, situada em nossa Ilha, de que ela vem cuidando há mais de quarenta anos.
Os movimentos “Terminal Pesqueiro na Ilha NÃO!!” e “S.O.S. Ribeira” prestam irrestrita solidariedade a essa velha lutadora, e irá exigir — certamente com o apoio de toda a sociedade insulana— sua volta imediata à função.
Desde já estamos em pé de guerra!
Rio de Janeiro, 24 de fevereiro de 2010
Ilmº Sr.
Dr Márcio Augusto Freitas de Meira
M.D. Presidente da FUNAI
Prezado Senhor
O objetivo desta correspondência é protestar, com a maior veemência cívica, contra a exoneração da diretora da Casa do Índio no Rio de Janeiro (Ilha do Governador), a sertanista Eunice Cariry.
Toda a comunidade da Ilha do Governador (clubes de serviço, imprensa, associações de moradores, políticos, instituições religiosas as mais diversas – católicas, evangélicas, espíritas –, etc.) é testemunha da capacidade, abnegação, amor, desprendimento, honestidade e supremo amor aos índios, principalmente os doentes, desassistidos.
Foi Cariry quem fundou a Casa do Índio, há 41 anos, e a construiu, com trabalho intelectual e braçal, ao lado de muitos moradores da Ilha. Há 41 anos, como diretora dessa instituição, exerce um trabalho meritório, lutando contra todas as dificuldades – inclusive as parcas e raríssimas verbas repassadas pela FUNAI –, principalmente depois que foi delegada à FUNASA (órgão campeoníssimo, em todo o Brasil, com relação a denúncias de corrupção, refletidas pela imprensa nacional), erradamente, a responsabilidade pela saúde dos indígenas.
É certo que Cariry tem sido uma pedra no sapato de todas as instituições e pessoas que pretendem se beneficiar do problema dos índios, ao invés de ajudá-los.
É gritante e revoltante a disparidade de verbas destinadas pela FUNAI: como exemplo, o Museu do Índio recebe gordos repasses, porque parece ser interessante divulgar um aspecto folclórico, midiático, maquiador, enquanto ninguém se preocupa com as dezenas de índios doentes, acometidos principalmente por doenças mentais, e que são acolhidos humanitariamente pela Casa do Índio, que não é uma casa de saúde, como alguns, maldosamente, querem fazer parecer, mas sim uma espécie de embaixada, um abrigo na cidade grande, perto dos hospitais, de que nossos indígenas se valem, durante seus tratamentos.
Senhor Presidente:
Que a FUNASA e outros péssimos gestores da FUNAI queiram se livrar da competência da sertanista Eunice Cariry nós compreendemos perfeitamente. Ah, como compreendemos, senhor Presidente!!! Mas não podemos aceitar que o Presidente da FUNAI (se o senhor foi designado para esse posto, é porque deve ter credenciais para tal) concorde com essa ignomínia, esse ato covarde e pusilânime. Por isso, queremos acreditar que o senhor tenha sido mal informado e não conheça os meandros dessa nebulosa trama.
Assim, queremos lhe pedir um gesto de grandeza e justiça, reconsiderando essa absurda exoneração de Eunice Cariry.
A comunidade da Ilha do Governador (falo por mim, mas tenho certeza, como jornalista que sou, que o sentimento de decepção e revolta é geral), estupefata com essa perfídia cometida, muito agradecerá pelas providências saneadoras que o senhor venha a tomar.
Cariry não precisa de cargo algum, de remuneração alguma. Ela precisa é de continuar ao lado de seus índios, a quem ama com paixão. E eles precisam imensamente dela.
Por favor, senhor presidente da FUNAI, tome a atitude certa. O senhor não imagina a satisfação que causará a todas as pessoas de bem – que se acostumaram, ao longo desses 41 anos, a admirar cada vez mais esta autêntica Mãe Coragem.
Os diversos segmentos da opinião pública da Ilha do Governador já estão se articulando para protestar cívica e democraticamente, de todas as formas que estiverem ao nosso alcance, contra esse ato absurdo. Tenha certeza de que não esmoreceremos, porque temos absoluta convicção de que a verdade está do nosso lado.
Caso essa injustiça não seja corrigida, faremos chegar até mesmo ao Presidente Lula – que com certeza ignora esse enredo maquiavélico – toda a história dessa trama absurda.
Agradecendo pela atenção dispensada e confiante em seu senso de justiça, subscrevo-me,
Cordialmente,
ALZIR RABELO
Recebido por e-mail.
Um comentário:
Sou diretora da E.M Belmiro Medeiros onde estuda, desde 2004, a índia Cristiane Martins, moradora da Casa do Índio, tenho desde então, acompanhado de perto o excelente trabalho realizado pela Sra. Eunicy Cariry, a frente desta Instituição esquecida pelos órgãos competentes . Venho demonstrar minha indignação e insatisfação com a sua exoneração. A Casa do Índio está perdendo uma gestora competente, que tira leite de pedra e uma "mãe" para todos os índios que lá residem. Posso afirmar isso com muita certeza pois é nítido a forma carinhosa pela qual nossa aluna é tratada e que se refere a Cariry. Eu mesma já realizei campanha, na escola e igreja da qual faço parte, para arrecadar alimentos, já doei móveis e roupas em momentos muito difíceis pelos quais a Casa do Índio estava passando. Essa mulher é uma batalhadora, uma guerreira, que há 42 anos dedica sua vida a lutar pela inclusão destes índios esquecidos ou discriminados por suas tribos/sociedade. Quero fazer parte deste grupo que está lutando para que Cariry permaneça na Casa do Índio lutando como sempre fez, pelos direitos deste povo tão sofrido.
Coloco-me a disposição,
Fátima P. Moura ( fatimapmoura@uol.com.br )
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