sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010


"A COMISSÃO DA “VERDADE”?


A verdade é o apanágio do pensamento, o ideal da filosofia, a base fundamental da ciência. Absoluta, transcende opiniões e consensos, e não admite incertezas.

A busca do conhecimento verdadeiro é o objetivo do método científico. No memorável “Discurso sobre o Método”, René Descartes, pai do racionalismo francês, alertou sobre as ameaças à isenção dos julgamentos, ao afirmar que “a precipitação e a prevenção são os maiores inimigos da verdade”.

A opinião ideológica é antes de tudo dogmática, por vício de origem. Por isso, as mentes ideológicas tendem naturalmente ao fanatismo. Estudando o assunto, o filósofo Friedrich Nietszche concluiu que “as opiniões são mais perigosas para a verdade do que as mentiras”.

Confiar a fanáticos a busca da verdade é o mesmo que entregar o galinheiro aos cuidados da raposa.

A História da inquisição espanhola espelha o perigo do poder concedido a fanáticos. Quando os sicários de Tomás de Torquemada viram-se livres para investigar a vida alheia, a sanha persecutória conseguiu flagelar trinta mil vítimas por ano no reino da Espanha.

A “Comissão da Verdade” de que trata o Decreto de 13 de janeiro de 2010, certamente, será composta dos mesmos fanáticos que, no passado recente, adotaram o terrorismo, o seqüestro de inocentes e o assalto a bancos, como meio de combate ao regime, para alcançar o poder.

Infensa à isenção necessária ao trato de assunto tão sensível, será uma fonte de desarmonia a revolver e ativar a cinza das paixões que a lei da anistia sepultou.

Portanto, essa excêntrica comissão, incapaz por origem de encontrar a verdade, será, no máximo, uma “Comissão da Calúnia”.

General do Exército Maynard Marques de Santa Rosa"

Recebido por e-mail.

Comento:
O texto é perfeito e se refere a essa excrescência jurídica que agride a Constituição, a verdade histórica (que eu presenciei), a dignidade humana e o Poder Judiciário. Nada tenho a acrescentar, nem competência para tal. Entretanto, tenho estranhado a forma como o general vem sendo apresentado pela imprensa, um militar "linha dura". Se linha dura for: ser honesto, coerente com a verdade dos fatos, íntegro, decente, contrário a corrupção, não suportar hipocrisia, ser um cidadão e um profissional digno e falar a verdade com coragem e convicção, então surpreendentemente a imprensa está correta.
E, que venha a "linha dura".


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