sábado, 20 de fevereiro de 2010


É PERDA DE TEMPO A BÍBLIA NA MÃO, SE NÃO HOUVER AMOR AO IRMÃO


Há uma campanha sobre a Bíblia assim: “Bíblia na mão, palavra de Deus no coração”, que respeito e considero válida, como uma divulgação dela, a qual até me inspirou esta matéria. Divulgando essa campanha, acrescento-lhe, entretanto, um adendo.

A Bíblia sem sua vivência nos é inútil: Quem ouve minhas palavras e não as põe em prática é como aquele que constrói sua casa na areia. (são Mateus 7,26). Coloquemos, pois, não só a Bíblia em nossas mãos, mas na nossa vida prática e cotidiana, sem o que ela torna-se-nos como que um sal insípido ou vencido. Há cristãos que até cometem a bibliolatria, mas levam uma vida alheia à Bíblia.

Na Idade Média, reinava a filosofia do Teocentrismo, incentivada pela Escolástica, que tinha Deus como sendo o centro de tudo. Contra essa filosofia reagiram os filósofos materialistas com o seu o antropocentrismo, ou seja, o princípio de que o homem é que é o centro de tudo. E até que eles estavam mais ou menos certos, pois o amor a Deus passa pelo crivo do amor ao próximo. “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus a quem não vê” (1João 4,20).

Apesar de a ala ortodoxa da Igreja oficial ligada ao poder imperial ter alijado totalmente de seu seio a ala cristã gnóstica, que ensinava, entre outras doutrinas, a da reencarnação e a da gnose (conhecimento) como meio de nossa salvação ou libertação, essas doutrinas ficaram na Bíblia: “Somos de ontem e nada sabemos”. (Jó 8,9); “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. (João 8,32); e “O meu povo está sendo destruído por falta de conhecimento.”(Oséias 4,6). Trata-se do conhecimento de certas verdades bíblicas e de sua prática, que, lamentavelmente, foram substituídas por algumas doutrinas dogmáticas e outras amedrontadoras. Muitos cristãos, inclusive, prendem-se mais às leis mosaicas do Velho Testamento do que aos preceitos do Novo Testamento. Daí que digo que eles são judeus que pensam que são cristãos! O Novo Testamento nos mostra que Jesus não veio destruir a Lei, mas confirmá-la, aperfeiçoando-a.

Gandhi afirmou que aceitava o Evangelho de Jesus, mas não o cristianismo dos cristãos. De fato, apesar do cristianismo já existir há 2.000 anos, os cristãos, em sua maior parte, levam uma vida de rituais e comemorações, mas na sua vida prática nada há de cristianismo. Sim, todos nós cristãos, de um modo geral, continuamos sendo aquele homem velho e não o homem novo de que nos fala são Paulo. Realmente, os cristãos precisam de mais vivência da mensagem de amor incondicional do Evangelho do que de apego fundamentalista a doutrinas e cultos, que devemos respeitar, mas que não nos ajudam em nada em nossa reforma íntima para sermos cristãos melhores.

Eis o ensino bíblico do Mestre dos mestres, que é exatamente mais um subsídio para alcançarmos a felicidade: Se você estiver no altar fazendo oferendas a Deus e se lembrar de que não está bem com um seu semelhante, vá primeiro reconciliar-se com ele, depois você continue a fazer as suas oferendas a Deus (Mateus 5,23). É que nós estarmos bem com os nossos semelhantes é mais importante do que estarmos fazendo oferendas a Deus, pois Ele não precisa de nossas oferendas. Já todos nós precisamos estar bem uns com os outros, sem o que não podemos ser felizes.

Bíblia na mão, sem sua vivência, não dá a ninguém salvação!



Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar colunas. Ela está liberada para a publicação. Nas publicações, fico grato pela citação de meus livros: “A Face Oculta das Religiões” , “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”, Ed. EBM, SP, e “O Espiritismo na Bíblia”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte, MG, e meu e-mail: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

Recebido por e-mail.

Nenhum comentário: